Site divulga quais os caminhos amigos da bicicleta em
Lisboa
ALEXANDRA GUERREIRO 08/02/2014 in Público
Plataforma foi criada para
uma tese de mestrado e já registou quatro mil pesquisas no primeiro mês de vida
Nelson Nunes e João Barreto criaram o CycleOurCity Lisboa,
um site que divulga os melhores percursos para andar de bicicleta pela capital,
segundo os utilizadores. O objectivo é dar a conhecer aos menos experientes os
trajectos que facilitam a viagem pela cidade neste veículo. A informação é
actualizada pelos registados no site, mas a ideia e execução técnica saiu da
tese de mestrado de Engenharia Informática e de Computadores de Nelson Nunes.
“As cidades como Lisboa e Porto são hostis [para os
ciclistas]”, sustenta Nelson Nunes. Mesmo assim, cada vez existem mais
bicicletas a circular em meios urbanos. Mas nem sempre é fácil encontrar
caminhos que permitam aos utilizadores deste meio de transporte pedalarem com
mais facilidade e conviverem pacificamente com os automóveis. Partindo dos
testemunhos de 892 ciclistas sobre quais os critérios que consideram mais
importantes para melhor circular, Nelson Nunes criou o CycleOurCity. Esta
plataforma online dá informações sobre a “inclinação, segurança e tipo de
pavimento das vias”, refere. Cada classificação tem uma cor, e quem a aplica
são os utilizadores. Normalmente, ciclistas experientes que já conhecem muitos
locais da cidade. De momento são 2000 os troços já classificados. A maioria na
área mais central de Lisboa, como em redor do Marquês de Pombal.
A pesquisa é rápida. Depois de situar os pontos de início e
de fim do trajecto, o utilizador tem acesso a um percurso classificado (se
alguém registou os dados) troço a troço. O sistema está programado para filtrar
as classificações quando os utilizadores escolhem uma das opções sugeridas.
Quando um troço é classificado pela primeira vez, e se não
existe um histórico da pessoa no site, essa opinião fica lá até ser contradita
por outras. Só é possível reverter uma determinada classificação quando opções
opostas se cruzam e aí pesa o registo de cada um. “Cada utilizador tem uma
rotação dentro do sistema, com base nas classificações que já fez”, explica
Nelson. Só se a rotação for baixa, portanto já existir troços mal classificados
pela pessoa, é que o sistema não assume a classificação que o utilizador
propõe.
Caminhos por classificar
Quem olhar agora para o mapa verificará que ainda existem
muitos caminhos cinzentos, os não classificados. Apesar disso, Nelson Nunes
está optimista porque desde finais de Dezembro (quando abriu) o site angariou
110 utilizadores registados e pelo menos 4000 pesquisas feitas. Os ciclistas
são o público do projecto e também a mão-de-obra. Agora, Nelson está a
trabalhar como consultor informático, mas o tempo livre de que dispõe é
dedicado a desenvolver a plataforma. Em estudo está a hipótese de diversificar
o sistema de classificação das vias, introduzindo novos parâmetros. “Falta
também conseguir exportar o sistema para GPS, algo sugerido pelos utilizadores”,
conta. Se a adesão o justificar, o site poderá crescer para outras cidades,
nacionais ou internacionais.
Por enquanto, a plataforma “ainda está a aprender”, diz João
Barreto, orientador da tese de mestrado de Nelson Nunes. O professor universitário
defende que “para funcionar, o sistema tem de ter os atributos actualizados
regularmente”. Dar aos utilizadores o poder de detalhar e classificar os
trajectos foi a solução adoptada para garantir isso. “Vimos que a ideia tinha
potencial e investimos de modo a abrir o site ao público. E houve uma
receptividade positiva”, conclui entusiasmado.
Por sua vez, no Porto, já está disponível há cerca de dois
anos, uma aplicação para smarthphones ou tablets, a SenseMyCity, feita no
âmbito do programa Future Cities. Tânia Calçada, uma das investigadoras,
explicou que “a aplicação mede a mobilidade das pessoas, e pode ajuda-las a
fazerem cálculos para usarem no quotidiano”. O sistema grava a rotina diária do
utilizador e assim se extraem dados que podem ser recolhidos para estudo se tal
for autorizado pela pessoa.
Federação quer ver privados a ajudar iniciativas como o
CycleOurCity
O presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e
Utilizadores de Bicicletas (FPCUB), José Manuel Caetano, diz ao PÚBLICO, que
“já é altura” de as empresas produtoras de velocípedes e as promotoras do
turismo apoiarem e divulgarem projectos como o CycleOurCity.
José Manuel Caetano diz que estas empresas só teriam a
ganhar se apoiassem este tipo de iniciativas. Afinal, “habitualmente vários
cruzeiros atracam no porto de Lisboa carregados de turistas que elegem a
bicicleta como meio de transporte”, afirma. Ele próprio, garantiu, traçará
alguns percursos no site. Com experiência de circular por Lisboa de bicicleta
há 66 anos, o presidente da FPCUB acredita que “a ideia é boa e que esta
plataforma é importante, apesar de precisar de crescer mais”.
Porém, termina dizendo que ainda “é preciso mudar as
mentalidades” porque é bem possível andar de bicicleta por Lisboa, apesar do
que muitos pensam. “Cada um deve estudar o melhor caminho e aventurar-se pela
cidade”, sugere o presidente, que sempre circulou “sem problemas maiores”. Por
outro lado, “são precisas melhorias que facilitem o uso da bicicleta, como mais
estacionamentos”, conclui.
A concretização de uma verdadeira UTOPIA na Realidade. Holanda : GROUNDCYCLE em lugar de SKYCYCLE, por António Sérgio Rosa de Carvalho. / VIDEO "How the Dutch got their cycle paths"
O hipotético projecto SKYCYCLE foi divulgado em toda a
Europa.
Retórica Utopista do Star System Arquitectónico, associada a um
aumento explosivo da utilização diária da bicicleta no centro de Londres ?
Esta UTOPIA tornada realidade, também conhece os seus
desafios e exigirá dentro em pouco correcções por parte das autoridades
Municipais Holandesas.
Perante isto, Amsterdão estuda para um futuro próximo, a
proibição da utilização das ciclovias por “scooters”.
Assim, os ciclomotores serão reinviados para a faixa
principal de circulação, onde terão que “competir” com a circulação automóvel,
reinstalando-se o uso obrigatório de capacete para estes utilizadores.
A este primeiro passo, seguir-se-á forçosamente uma campanha
disciplinadora dos ciclistas perante as regras de trânsito e uma sensibilização
de mentalidade dirigida a uma mudança de atitude perante os peões locais e turistas.
António Sérgio Rosa de Carvalho.
1 comentário:
Belo artigo.
Ainda há pouco tempo descobri um blog muito interessante que contém uma série de entrevistas com vários ciclistas que partilham as suas histórias em pleno acto e nos mais diversos bairros e zonas da cidade.
Não só nos encorajam a olhar para a bicicleta como uma alternativa de transporte mas também como uma solução para enfrentar os grandes problemas das cidades
Neste último episódio
juntaram o útil ao agradável e até pude apreciar a arquitectura de um dos bairros de Amsterdam.
http://cyclingwith.com/2014/01/20/cycling-with-max/
E neste, até um dos antigos mayors de Amsterdam deu o seu testemunho:
http://cyclingwith.com/2013/04/23/cycling-with-job/
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