Pouco depois da reabertura do jardim, os bancos ganharam uma
nova cor, branca, por causa do pó
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Sá Fernandes admite que intervenção no piso do jardim
do Príncipe Real “correu mal”
MARISA SOARES 06/02/2014 - 13:14 in Público
Moradores sempre criticaram o
tipo de pavimento utilizado na requalificação deste jardim do centro de Lisboa,
em 2010. Quase quatro anos depois, o autarca admite o erro.
O vereador dos Espaços Verdes na Câmara de Lisboa, José Sá
Fernandes, admitiu nesta quarta-feira que a intervenção no piso do jardim do
Príncipe Real, no centro de Lisboa, “correu mal”. Depois de quatro anos debaixo
de fogo, sobretudo por parte de moradores da zona que criticam o tipo de
pavimento colocado, o autarca diz esperar que o problema fique resolvido este
ano. Só não diz como.
“O Jardim do Príncipe Real foi alvo de uma intervenção que
considero positiva, mas infelizmente o que correu mal foi o piso”, reconheceu
Sá Fernandes, em resposta à queixa de uma munícipe da freguesia da
Misericórdia, na reunião descentralizada da câmara, que decorreu na
quarta-feira à noite. Maria de Lurdes Oliveira de Jesus, moradora na Rua de O
Século, diz que “no Verão o jardim tem pó de manhã à noite e no Inverno é um
lamaçal”. E acrescenta: “Ninguém pode passar no meio do jardim, com os
buracos.”
Há quatro anos, o jardim de 1,2 hectares junto à
Rua da Escola Politécnica foi requalificado e o piso de alcatrão foi
substituído por Aripaq, um pavimento de saibro estabilizado, feito à base de pó
de vidro reciclado. A obra foi inaugurada em Maio de 2010, praticamente no dia
a seguir ao fim dos trabalhos. Na altura, já sob alguma contestação, Sá
Fernandes dizia ao PÚBLICO que só quem tivesse “memória curta” não veria as
melhorias no piso.
Mas as vozes contra a intervenção municipal não se calaram.
Mais de 300 pessoas assinaram uma petição, entregue na câmara, contra o piso de
vidro reciclado, alegando que “a inalação continuada daquelas partículas de pó
tornar-se-á, até prova em contrário, um grave problema de saúde pública”. O
pedido não teve resposta. Um ano depois a câmara tentou remediar o problema,
regando o piso com uma solução química agregadora da camada superficial, uma
espécie de cola que evitaria o pó no ar. No entanto, em vários locais o piso
abateu e rachou, tornando-se perigoso para quem o frequenta.
Agora, quase quatro anos depois, Sá Fernandes reconhece o
erro. “Foi tentada a rectificação, mas agora tem piorado e ainda não consegui
resolver o assunto”, admitiu, perante cerca de 200 munícipes, na reunião
destinada aos moradores das freguesias de Santo António, Misericórdia e Santa
Maria Maior. “Espero que este ano a situação seja resolvida”, acrescentou, sem
adiantar mais pormenores.
Jardim passa para a junta
Por não estar na lista de espaços considerados
“estruturantes” pela Câmara de Lisboa, o jardim do Príncipe Real é um dos
espaços que a câmara vai transferir para a Junta de Freguesia da Misericórdia,
em Março, ao abrigo da descentralização de competências. Sá Fernandes saiu
ontem apressado da reunião antes de esta acabar, e recusou falar com
jornalistas. O PÚBLICO questionou por escrito o gabinete de Sá Fernandes sobre
qual a solução prevista mas ainda não obteve resposta.
A presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, Carla
Madeira, defende uma nova intervenção no piso, que “está em mau estado”, mas
também não sabe quais os planos do vereador. “Não falámos sobre o assunto”,
afirma. Seja como for, quaisquer trabalhos que venham a ocorrer serão da
responsabilidade da câmara, sublinha, acrescentando que vai pedir
esclarecimentos a Sá Fernandes.
A reformulação do piso esteve a votos no Orçamento
Participativo de Lisboa para 2014.
A ideia foi repetida em 29 sugestões de diferentes
cidadãos, agrupadas numa só proposta, que acabou por não ficar entre as mais
votadas. Na altura, Jorge Pinto, membro do blogue Amigos do Príncipe Real,
dizia ao PÚBLICO que apoiava a candidatura mas entendia que este “é um problema
que cabe à câmara resolver e que não deveria fazer parte de um orçamento
proposto pelos cidadãos, uma vez que foi a câmara que criou o problema”.
PRÍNCIPE REAL, UM JARDIM EM PERIGO
In “Blog” “O CORVO” http://ocorvo.pt/2014/01/02/principe-real-um-jardim-em-perigo/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=principe-real-um-jardim-em-perigo
Texto: Isabel Braga
Fotografias: Fernando Faria
O jardim do Príncipe Real deixou de ser um dos mais belos
jardins românticos de Lisboa. A requalificação realizada em 2009, por
iniciativa da Vereação do Ambiente Urbano, Espaços Verdes e Espaço Público da
Câmara Municipal de Lisboa (CML), substituiu canteiros de flores por relvados
que não conseguem nascer, arrancou as sebes e o maciço de buxo antigo e,
principalmente, levou ao abate de quase cinquenta árvores, algumas de grande
porte, deixando as restantes em precário estado de saúde.
O biólogo Pedro Lérias, guia oficial do Jardim Botânico e um
dos muitos cidadãos de Lisboa que contestou a intervenção no jardim do Príncipe
Real, teme o pior, no que respeita ao coberto arbóreo. “Foi abatida toda a
cortina de protecção em volta do jardim, só conseguimos salvar meia dúzia de
choupos de um dos lados, que continuam de boa saúde, embora em 2009 estivessem
marcados para serem cortados, com o pretexto de que estavam doentes. O
resultado foi que as árvores, no interior do jardim, estavam adaptadas a
condições de temperatura, vento e sombra que mudaram demasiado rapidamente, e
ressentiram-se disso”, afirmou.
Este especialista dá alguns exemplos: a copa do cedro-do-Buçaco
– ex-libris do jardim, a primeira árvore da cidade de Lisboa a ser classificada
como de interesse público -, “sofreu uma
enorme redução, ultrapassava os ferros do caramanchão que a sustenta e agora
não a cobre, estando seca em parte”. O gigantesco lódão que existia na face do
jardim voltada para o Palacete Ribeiro da Cunha, onde funciona o espaço
comercial Embaixada, inaugurado em Setembro, “começou a dar sinais de doença
pouco depois das obras”, e foi-lhe cortada uma pernada. Mas a árvore não
recuperou e, em Agosto passado, teve que ser decepada pela base, pois ameaçava
cair.
A araucária – “Araucaria colunaris”, também classificada
como árvore de interesse público – que, antes das obras, tinha a rodeá-la, na
base, um canteiro plantado, protegido por um gradeamento metálico, apresenta
agora o tronco totalmente desprotegido e já perdeu uma parte do extremo
superior. Também as figueiras tropicais da Austrália mostram sinais de doença,
tendo perdido parte da copa. Em Novembro, começaram a ser cortados ramos às
duas tílias dos Balcãs.
“Tem sido uma chacina completa. As árvores são seres vivos,
e, quando se trata de árvores com idade, como é o caso das do Príncipe Real,
tem que se lhes dar tempo para se adaptarem às mudanças. Isso não aconteceu,
não houve uma intervenção faseada, quis fazer-se tudo de uma vez” resume Pedro
Lérias.
O jardim do Príncipe Real não é grande. Tem, ao todo, 1,2 hectares de área,
mas ali cresciam tílias dos Balcãs, um cedro-dos-Himalaias, magnólias da
América do Norte, uma paineira-barriguda do Brasil e figueiras tropicais da
Austrália, que o tornavam num pequeno paraíso no interior da cidade e num dos
mais belos jardins de Lisboa.
Cinco dessas árvores estão classificadas como património
pela Autoridade Florestal Nacional, a qual, por lei, tem que
acompanhar qualquer intervenção nelas realizadas. Mas tal não aconteceu,
acusam os Amigos do Príncipe Real, um dos grupos que mais se tem destacado na
contestação à obra de requalificação do jardim, da responsabilidade directa do
vereador do Ambiente Urbano, Espaços Verdes e Espaço Público, José Sá
Fernandes.
“Antes das obras, havia meia dúzia de árvores doentes, entre
elas uma figueira que estava morta. No plano das obras da Câmara, estavam
marcadas as árvores doentes e a substituir, mas faltava a figueira. Foi tudo
feito em cima do joelho, em termos técnicos e em termos legais”, afirma António
Neves, dos Amigos do Príncipe Real. Este grupo, nos últimos quatro anos, tem
manifestado verbalmente e por escrito, a todos os responsáveis municipais, as
suas preocupações com o estado do jardim, do qual vão dando conta num blogue
intitulado “Amigos do Príncipe Real”.
Uma das situações
denunciadas, logo em 2009, teve a ver com uma retro-escavadora de gigantescas
proporções, chamada para arrancar o asfalto que antes cobria as zonas pedonais
do jardim. “Era uma máquina pesadíssima, que teve um impacto muito grave. Andou
à vontade dentro do jardim, e pelo seu peso e pelas vibrações resultantes das
pancadas que dava no chão para arrancar o asfalto, retirou às raízes das
árvores as bolsas de oxigénio de que necessitavam para respirar. O cedro e a
araucária estão a ressentir-se disso, é impossível dizer o que lhes está a
acontecer”, sublinha Pedro Lérias.
A retro-escavadora interrompeu o trabalho ao fim de poucos
dias, depois de, no tecto da galeria da EPAL que existe por baixo do lago,
terem começado a aparecer rachas. O Corvo lembra-se dos protestos do próprio
condutor da máquina, que dizia a quem o queria ouvir, que o peso desta – usada
na construção de estradas – era excessivo para um local como o Príncipe Real.
E, na realidade, quando a máquina trabalhava, parecia que estava a ocorrer um
terramoto.
As árvores do jardim
também se ressentiram fortemente com a abertura de roços, com um metro e meio
de profundidade, para irrigação e iluminação do jardim (os candeeiros antigos
foram todos substituidos). De novo, Pedro Lérias: “Foi um trabalho
absolutamente descuidado. Em qualquer cidade civilizada, quando se abrem roços
para canalização, electricidade, seja o que for, respeitam-se as raízes
principais das árvores, as máquinas rodeiam-nas para não as cortar. Aqui não se
perde tempo com isso, vai tudo a direito. E as árvores começam a morrer ”.
Os tubos de
irrigação, que se podem ver estendidos no jardim, não parecem ser em número
suficiente para levar água a toda a superfície a regar, apresentando-se o
relvado extremamente seco ou mesmo pelado. Mas há quem diga que isso acontece
porque agora, ao contrário do que acontecia antes, se pode andar em cima da
relva.
Muito contestada
também foi a escolha de um compósito feito à base de vidro moído, denominado
Aripaq, para revestir o piso do jardim.
“Houve pareceres técnicos que apontavam para outra opção, e a escolha deste
piso foi da responsabilidade directa do próprio Sá Fernandes. Levantámos a
questão dos problemas de saúde que esse material poderia causar e o encarregado
da obra explicou que não haveria problemas, desde que o piso fosse muito bem
compactado e ficasse em repouso duas semanas”, afirma Jorge Teixeira Pinto, dos
Amigos do Príncipe Real.
Mas esses prazos não
foram respeitados e a inauguração da obra do jardim – em Maio de 2010 –
aconteceu “dois dias depois do piso ter sido colocado”, acrescenta a mesma
fonte.
De imediato se
constatou que aquele piso não fora a escolha ideal. “Levanta imenso pó, que se
acumula nas roupas, nas árvores, nos carros, em todo o lado. Esfarela-se, abre
buracos, tem havido quedas. Sempre que chove um pouco mais, a camada superior
desliza e deposita-se nas caldeiras das árvores do alinhamento, impedindo-as de
absorver a água”, denuncia Fátima Neves, outro elemento dos Amigos do Príncipe
Real.
Um mês depois de inaugurado o novo piso, este grupo de
cidadãos promoveu um abaixo-assinado a pedir a sua substituição, o qual reuniu
330 assinaturas e foi entregue em Junho de 2010 na CML. A resposta nunca
chegou, mas, um ano depois, a CML contratou uma outra empresa para regar o piso
do jardim com uma espécie de cola que devia fixar o pavimento. Esta solução
também não se tem revelado eficaz e, quando o tempo está seco e há vento, é
preciso regar o piso com água, para fazer assentar o pó.
António Neves levanta
o problema dos custos da requalificação do jardim: “As obras foram orçamentadas
em 390 mil euros pela empresa que as ganhou, em 2009. Agora, no orçamento
participativo da CML, estão orçamentados 350 mil euros para a requalificação do
piso. Já se gastou dinheiro com a colocação da cola, há que regar
constantemente o piso. Quanto é que esta obra está a custar? Ninguém sabe”,
sublinha.
Na opinião de Pedro
Lérias e dos Amigos do Príncipe Real, há um “grande negócio” envolvendo a
madeira resultante do corte de árvores do Jardim do Príncipe Real – e dos
outros jardins e parques públicos de Lisboa. “As rubíneas que existiam à volta
do lago foram cortadas. A madeira dessas árvores é preciosa. Mas não sabemos o
que lhe aconteceu”.
Os problemas
somam-se, mas o vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, o principal
responsável pelas obras de requalificação do jardim, não se mostra preocupado.
“O cedro está em tratamento, não está a morrer. As árvores que foram abatidas
estavam doentes, em termos de árvores o jardim está bem. As obras não afectaram
as raízes. Quanto à relva, há um talhão um bocado pelado, que tem a ver com as
pessoas, que enfiam para lá os cães. Este jardim tem muita carga de pessoas e
de cães. Ficou mais exposto, de facto”, afirmou. O Corvo tentou saber por que
motivo foram retirados os gradeamentos dos canteiros. “Foi uma opção, para as
pessoas se sentarem na relva”, sublinhou o vereador.
Outros bens têm desaparecido do jardim, ao longo do tempo,
como foi o caso de uma enorme e bela taça em pedra, imitando um cesto de flores
e fruta, que existia no centro do lago e da qual brotava um repuxo. Isso
aconteceu em 1994, quando da instalação de uma galeria de arte subterrânea no
reservatório de água da Patriarcal, por baixo do lago do jardim. Já ninguém
parece lembrar-se da escultura, que deu lugar ao insignificante repuxo de metal
que hoje existe no lago. O Corvo perguntou a Sá Fernandes se sabia do paradeiro
da taça de pedra. “Pergunte à EPAL, a responsabilidade é deles”, foi a resposta
de Sá Fernandes. A pergunta foi feita à EPAL, mas ficou sem resposta.
No Príncipe Real, já
não existe o jardim romântico que ali foi construido em 1853, com canteiros
cercados por gradeamentos de ferro a proteger uma multiplicidade de plantas,
flores e pequenos arbustos, sebes que formavam recantos com alguma privacidade,
renques de árvores a toda a volta a formar uma cortina contra o ruído da
cidade. Existe um jardim, em espaço aberto e degradação acelerada. Resta esperar
que, daqui a algumas décadas, aquela praça não volte a ser o local de entulho
que, segundo a Wikipédia, ali existia há 170 anos.
Aquilo que faz falta ao "Zé"
A Opinião de António Sérgio Rosa de Carvalho. 21/12/2009 in
Público.
A Internet e o seu potencial e velocidade de manifestação
tornaram-se no pesadelo dos políticos.
Com efeito, aquilo a que se assistiu no séc. XX, com o
aparecimento da World Wide Web, representa em autonomização e individualização
da capacidade de manifestação de ideias, algo só comparável à "revolução
de Gutenberg", cuja invenção da impressão mecânica libertou a palavra
escrita do domínio absoluto da Igreja, e levou à revolução protestante.
Portanto, tal como então, o "génio está fora da
garrafa", mas agora à velocidade do clique, e não há maneira de o
controlar.
Perante a crise acentuada de credibilidade que os políticos
vivem, os portugueses emanciparam-se, passaram à segunda plataforma do processo
de manifestação e participação democrática, e transformaram-se na sociedade
civil, munidos de uma arma e espaço impossível de controlar. A Internet.
Hoje em dia, independente-mente dos seus antecedentes
ideológicos e das convicções políticas presentes, os cidadãos encontram-se no
"fórum" de manifestação cívica, unidos apenas pelos temas de
intervenção.
Ora, o fenómeno "Zé" constitui uma evidência de
tal forma explícita da conspurcação deste processo, que se torna quase num
mistério. Ele, por si só, não merece a nossa atenção, mas apenas porque é um
eleito que se revela prisioneiro do mecanismo "politiqueiro" e,
portanto, capaz de causar destruição.
Vindo da democracia participativa, paladino de causas,
representante da sociedade civil e da cidadania, o "Zé" teve uma
evolução e demonstrou uma capacidade de adaptação ao jogo maquiavélico da
"politiqueira", com "tiques" que ultrapassaram a velocidade
dos "cliques" internéticos.
Assim, neste último caso do Jardim do Príncipe Real, foi
revelado um tal autismo, um tal cultivo do vago e impreciso, um tal desprezo
pelos eleitores, atingindo o seu ponto culminante na trapalhada de
esclarecimentos ilustrada pelo artigo do PÚBLICO da autoria do José António
Cerejo, incluindo "manobras" e "teses" paralelas de
assessor e improvisação de licenciamentos, que poderemos considerar que foi já
atingido o estado "adulto" da "politiqueira".
Ora isto, na área dos espaços verdes torna-se
particularmente grave, especialmente quando se trata de um todo, como no caso
do Príncipe Real, indivisível, entre ideal paisagístico, conceito urbano e
arquitectura.
Apesar de tardio no séc. XIX, o Príncipe Real representa o
único exemplo em Lisboa do square à inglesa, com a respectiva english landscape
no seu conceito de jardim.
Portanto, o que estamos à assistir, é à repetição da mesma
atitude aplicada no edificado da Lisboa romântica, com a mesma destruição do
património, agora vivo, em nome de um conceito vago de
"requalificação".
Mas esta atitude também transporta em si, implícita e
explicitamente, o "tique" do "quero, posso e mando",
tratando os eleitores como atrasados mentais ou velhos do Restelo.
Perante isto, surge a World Wide Web como o espaço livre de
acção e manifestação, através dos seus blogues, redes sociais e correio
electrónico.
Assim, neste caso específico, no mesmo dia em que a
quantidade de árvores a cortar, a sacrificar, passava "de seis e uma de
grande porte" a 47, podia-se seguir na Net, a velocidade a que a sociedade
civil, digeria o choque, reagia e se organizava...
Perante o argumento da presumível doença ou fraqueza
estrutural das árvores, as explicações devem ser dadas antes do acontecimento e
não durante a operação-relâmpago.
Perante o argumento das espécies invasoras, ter-se-á que ter
em conta que estamos a lidar com entidades vivas... não se trata de objectos
decorativos descartáveis. Uma árvore substituta levará quarenta anos a atingir
o seu estado adulto.
Portanto, o "Zé", que se pretendia perfilar,
agora, como paladino verde, não poderia também, no plano do simbólico ter
escolhido pior momento para esta acção... o período em que o planeta tenta
decidir sobre o seu sombrio destino ambiental em Copenhaga. Chegou portanto a
altura de nos perguntarmos, não se "o Zé faz falta" mas o que faz
falta ao "Zé"!
Historiador de Arquitectura
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