Fugas
ESPANHA
Em Maiorca, restaurantes unem-se contra “turismo de
bebedeira” e impõem código de vestuário
“Não podem entrar aqui vindos directamente da praia ou de
estarem a beber na rua”. Onze restaurantes de Playa de Palma contra a “falta de
civismo” de alguns turistas: implementaram um codigo de vestuário para “fechar”
as portas aos grupos mais histriónicos e alcoolizados... Nada de calções de
banho, troncos nus, tops e muito menos disfarces carnavalescos. As vozes contra
os crescentes grupos de visitantes que “só procuram embebedar-se nas ruas”
voltam a subir de tom.
Andreia Marques
Pereira
23 de Junho de
2022, 16:30
A temporada
balnear ainda vai no adro mas na Playa de Palma, na ilha espanhola de Maiorca,
já se luta contra os “efeitos” do Verão - que é como quem diz, contra o que tem
sido descrito como a falta de civismo de alguns turistas. “A situação na via
pública é pior agora do que em 2017, 2018 e 2019”, aponta o empresário local
Juan Miguel Ferrer, em declarações ao jornal El Día, “e já damos como perdida a
temporada no que diz respeito ao controlo da falta de civismo”. Ainda assim,
onze restaurantes unidos sob a marca de qualidade Palma Beach, de que Juan
Miguel Ferrer é porta-voz, decidiram implementar um código de vestuário numa
tentativa de conter o turismo de borrachera, ou seja, “turismo de bebedeira”,
expressão popularizada em Espanha nos últimos anos. Códigos QR foram colocados
na entrada dos estabelecimentos para os clientes consultarem: proíbem-se
t-shirts sem mangas ou tops, calções de banho, disfarces; e também não se
permitem “acessórios” comprados em vendedores ambulantes e camisolas de equipas
de futebol, entre outros.
Durante o dia,
continua o empresário, o código de vestuário será mais relaxado, contudo,
durante a noite será inflexível, avisou. “O que estamos a tentar comunicar, de
alguma maneira, é a ideia de que para entrarem aqui as pessoas devem tomar
banho ou mudar de roupa”, explicou ao jornal britânico The Guardian. “Não podem
entrar aqui vindos directamente da praia ou de estarem a beber na rua.” Não é
uma questão de “proibição”, sublinhou ao El Día, mas de “reeducação” do turista
através de “maneiras amigáveis de comunicar” para que estes entendam que devem
mudar a sua atitude.
Lei para combater
excessos alcoólicos será aplicada
Esta medida foi
impulsionada pela chegada, desde o início de Maio, “de grandes grupos de
turistas que só procuram embebedar-se nas ruas, na primeira linha de mar ou
mesmo na praia”. Ferrer explicou que estes turistas fazem reservas com pouca
antecedência, ficam três ou quatro noites e gastam cerca de 30 ou 40 euros por
dia “geralmente em álcool e latas de cerveja que consomem em botellón na rua”.
“Chegam aos hotéis de manhã, sem conseguirem sequer caminhar, estão
completamente ébrios e até os companheiros os deixam deitados na calçada.”
Não é uma
situação nova: em 2020 foi aprovada uma lei pelo governo regional das ilhas
Baleares (inclui também Menorca, Ibiza e Formentera) que visa controlar o
turismo “animado” por álcool. “Mas fez pouca diferença”, sublinha Ferrer, que,
embora reconheça que a polícia está “a fazer um sobre-esforço”, apela a mais
intervenção das autoridades para fazer cumprir a lei. E a Palma Beach propôs
mesmo que os agentes policiais tenham a possibilidade de cobrar a multa por
incivilidade no momento, uma vez que o problema principal reside na rua.
Também a
plataforma “Por una Playa de Palma cívica”, que surgiu em 2017 pela mão de
residentes e estabelecimentos hoteleiros, foi reactivada para exigir o
cumprimento da lei e uma maior presença policial na zona. O vice-presidente da
associação hotel de Playa de Palma, José Antonio Fernández de Alarcón,
destacou, à Radio Mallorca, que ao contrário do que se passava antes da
pandemia, agora existe uma lei para combater os excessos verificados na zona e
essa ferramenta, acredita, “é a melhor vacina contra o turismo de bebedeira”.
Uma fonte do governo regional indicou ao The Guardian que, devido à pandemia,
este Verão será a primeira vez que a nova lei será totalmente aplicada e que o
governo permanece empenhado em combater o turismo anti-social.
“Não podemos
continuar a crescer em quantidade”
A esperada
entrada em vigor efectivo da nova lei acontece numa altura em que políticos da
região autónoma manifestaram o seu apoio a uma iniciativa que tem como
objectivo reduzir gradualmente o número de camas disponíveis – actualmente, as
Ilhas Baleares dispõem de 625 mil camas para alojamento turístico, o que
significa um rácio de uma cama por dois residentes. “Não podemos continuar a
crescer em quantidade”, afirmou o responsável regional da economia e turismo,
Iago Negueruela, quando a lei foi aprovada – o objectivo será assim reduzir o
número de visitantes sem colocar em risco uma indústria que representa cerca de
45% do PIB da região e que emprega 200 mil pessoas. E este tipo de legislação
está a ser equacionada um pouco por toda a Espanha, com o país a tentar
encontrar um equilíbrio entre uma das suas indústrias fundamentais e o acumular
de movimentos cívicos que protestam contra o barulho, a desordem pública
causada por embriaguez e da conversão de apartamentos residenciais em
alojamentos turísticos.
19 March 2019
Majorca in drive to rein in boozy tourists
Published
19 March
2019
https://www.bbc.co.uk/news/world-europe-47624856
Locals in
Majorca are fed up with alcohol-fuelled bad behaviour
The resort
city of Palma in Majorca is restricting alcohol in some popular areas,
including the beach, in a drive against drunk tourists.
Police will
be able to fine them up to €3,000 (£2,565; $3,406) for anti-social behaviour
from 1 April.
Bars, clubs
or restaurants breaking the rules can also be fined. They must not promote any
drinking in the street.
In the most
popular waterfront areas of Palma de Mallorca there will be no more happy hours
or two-for-one offers.
Majorca has
long been a magnet for young German and British tourists, who often drink
heavily and enjoy rowdy late-night clubbing.
The
neighbouring island of Ibiza also has a reputation for hard-drinking young
partygoers from Northern Europe.
Alexandra
Wilms, spokeswoman for the Balearic Tourism Ministry, said the two main
hotspots for anti-social heavy drinking were Playa de Palma - the long beach
east of Palma - and Magaluf, 18km (11 miles) southwest of the city.
The new
restrictions, imposed by city hall, apply to Playa de Palma and four central
zones in Palma, but not Magaluf.
Balcony
falls
Last year
there were at least 15 cases of drunk tourists falling from balconies in
Majorca - and in eight cases the falls were fatal. Most involved British
tourists in Magaluf.
In Palma,
Ms Wilms told the BBC, "local people have been complaining for years that
something has to be done".
"The
problem is drunken tourists gathering and fighting in the street - locals wake
up and see vomit, litter, broken glass."
The beach
east of Palma has become a popular drinking place for young Germans
Last summer
Palma introduced a ban on flat owners renting their apartments to travellers
without a permit from the Balearic Tourism Ministry.
Tourism
accounts for 42% of the Balearic islands' economic output (GDP), Ms Wilms said,
and there is a drive now to promote "better-quality tourism, for people
who want to enjoy the area, the culture - not just coming to get drunk on the
beach".
Spanish
media report that tourism to the Balearics has grown in recent years: in 2017
the islands hosted 16 million tourists, half of them from Germany and the UK.
That was 6.3% more than in 2016, which had been a record year.
For Majorca
alone in 2017 the total of tourists was 11.6m, of whom 4.4m were Germans and
2.3m were British, a Balearics economic website reports (in Spanish).
Tourism to
Ibiza and Menorca is dominated by the British.
'Better quality
tourism'
In Magaluf
many hotels have carried out major refurbishments in recent years, partly to
attract more upmarket tourists.
Spain's El
Mundo daily says Balearic hotel businesses have invested €1.5bn in renovations
in the past seven years.
The tourism
ministry is "creating products for the tourism we want - such as
gastronomic experiences - and cultural visits are being expanded", Ms
Wilms said.
The
challenge now is to spread tourism more evenly throughout the year, she said,
as the peak summer season is already filling Majorca's hotel rooms.
A more even
spread of tourism would also create longer - not just seasonal - contracts for
hotel and restaurant workers, she said.
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