"Joacine Katar Moreira não explicou cabalmente os factos relativos às falhas de comunicação com a direcção do partido."
Assembleia do Livre
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Assembleia do
Livre critica atitude de Joacine, mas não aplica qualquer sanção
As recomendações
são feitas pela Assembleia do partido que esteve reunida nos dois últimos dias
para discutir o parecer da Comissão de Ética e de Arbitragem. Não foram
decididas sanções, mas partido diz que vai trabalhar para evitar a
pessoalização da mensagem política.
Liliana Borges
Liliana Borges 10
de Dezembro de 2019, 13:26
Trabalhar a
comunicação e privilegiar a apresentação e debate das propostas políticas do
partido, em detrimento da pessoalização da mensagem política. Estas são duas
das nove recomendações feitas pela assembleia do Livre depois de dois dias de
“debate construtivo” e dos recados enviados pelo partido à deputada eleita.
Na base destas
considerações e recomendações, na sequência das quais não há “repercussões
disciplinares”, está o conflito entre a direcção do Livre (o chamado grupo de
contacto) e a deputada Joacine Katar Moreira sobre a polémica de há duas
semanas em torno do voto sobre a Palestina e os comunicados e declarações
cruzadas que geraram uma tensão interna no partido fundado por Rui Tavares.
Para evitar que o
desencontro se repita, a assembleia do Livre apela à direcção e a Joacine Katar
Moreira que trabalhem a sua confiança “ultrapassando o clima de desentendimento
decorrente de mal entendidos e divergências” passadas.
Além da confiança
e compromisso em trabalhar a comunicação do partido e do gabinete parlamentar,
a assembleia do Livre apela a uma mudança no discurso que tem sido feito,
vincando que “deve privilegiar a apresentação e debate das propostas políticas
do partido, em detrimento da pessoalização da mensagem política”, no que parece
ser um recado dirigido à deputada eleita.
Depois de dois
dias a ouvir os protagonistas da polémica, a assembleia considerou que Joacine
Katar Moreira “não explicou cabalmente os factos relativos às falhas de
comunicação” na votação e na troca de comunicados e acusações com a direcção. A
assembleia vinca por isso “que não se revê nas declarações efectuadas pela
deputada à comunicação social relativamente a uma suposta falta de apoio do
grupo de contacto e da direcção de campanha”.
A comunicação do
partido deve privilegiar a apresentação e debate das propostas políticas do
partido, em detrimento da pessoalização da mensagem política.
Assembleia do
Livre
E acusa o
gabinete parlamentar de não ter adoptado “uma postura de reserva” para
salvaguarda dos envolvidos e do partido e de “não ter conseguido gerir da
melhor forma a sua relação com a comunicação social”.
Explicações da
direcção foram “satisfatórias”, as de Joacine nem por isso
Por outro lado,
sobre a direcção, a avaliação é outra. A assembleia “considera satisfatórias as
explicações e declarações do grupo de contacto” com Joacine Katar Moreira. Não
obstante, tece alguns apontamentos negativos: a emissão do comunicado sobre o
voto sobre a Palestina foi “precipitada” e “lamenta não ter sido informada pelo
grupo de contacto [direcção] dos problemas que foram surgindo durante a
campanha eleitoral”.
Ainda assim, a
assembleia “reafirma a confiança política no grupo de contacto” e pede à
direcção do partido que “faça a partir daqui o acompanhamento de toda a matéria
relativa a esta resolução”.
Joacine Katar Moreira não explicou cabalmente os factos
relativos às falhas de comunicação com a direcção do partido.
Assembleia do
Livre
No comunicado,
diz ainda que as declarações prestadas por Joacine Katar Moreira ao Observador
e ao Notícias ao Minuto - nas quais a deputada se queixou da alegada falta de
apoio da direcção do partido e disse estar a ser vítima de um “golpe” - foram
“gravosas para a honra e dignidade do partido, dos seus membros, apoiantes e
simpatizantes, assim como dos seus órgãos”. A assembleia lamenta ainda “profundamente”
não só as declarações como a inexistência de um “pedido de desculpas” e por
isso espera “que esta situação não se venha a repetir”.
Ainda neste
ponto, a assembleia do Livre reafirmou “o voto de agradecimento, o empenho e
apoio dos membros e apoiantes do Livre, da direcção de campanha e do grupo de
contacto durante a campanha eleitoral”, desmentindo as declarações da deputada
acerca da alegada falta de apoio da máquina partidária.
No parecer da
comissão de ética e arbitragem, lê-se que “não cabe a esta comissão (...)
avaliar se os pontos de clivagem ocorridos, apesar de não terem relevância
disciplinar, terão ou não consequências em termos de perda de confiança
política nas relações entre a deputada Joacine Katar Moreira e o Livre. No que respeita
ao Livre, essa é uma avaliação que tem de ser feita pelo órgão competente do
partido, ou seja, pela assembleia”.
No entanto, nas
suas considerações, a comissão de ética e arbitragem envia alguns recados: “a
articulação política com os eleitos pelo partido, nomeadamente entre o grupo
de contacto [direcção do partido], a deputada do Livre [Joacine Katar Moreira]
e o seu grupo parlamentar, tem de ser melhorada”. No mesmo parágrafo, o órgão
ressalva que “a matriz ideológica do Livre não foi afectada”.
Ao longo da
última semana, a comissão de ética e arbitragem analisou todos os documentos
(sobretudo troca de emails) que foram enviados para análise da situação, ouviu
os membros do grupo de contacto, a deputada e dois elementos do seu gabinete
parlamentar.
Sem se referir às
declarações do assessor de Joacine Katar Moreira e à escolta da GNR para que
Joacine Katar Moreira não respondesse aos jornalistas, a assembleia do Livre
lembra que “privilegia um relacionamento cordato com os órgãos de comunicação
social, respeitando o trabalho dos jornalistas, sem o prejuízo da normal
crítica cívica e democrática”.
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