German
far-right AfD party picks new leader
Outgoing
chief Gauland gets his preferred successor.
By JUDITH
MISCHKE 11/30/19, 8:04 PM CET Updated 12/1/19, 7:55 AM CET
BRAUNSCHWEIG,
Germany — The far-right Alternative for Germany party on Saturday chose a
lawmaker from the east of the country to replace controversial departing
co-leader Alexander Gauland.
Tino
Chrupalla, who comes from the state of Saxony and is a house painter by
profession, won the contest to succeed Gauland with nearly 55 percent of votes
at a party congress in the city of Braunschweig.
Germany's
mainstream political parties refuse to cooperate with the AfD, branding it
xenophobic and questioning its attachment to democratic norms.
Gauland,
who is retiring from frontline politics at the age of 78, drew widespread
criticism last year when he played down the Nazi era, describing it as "
just bird shit in more than 1,000 years of successful German history."
Gauland is
nevertheless regarded as a relative moderate within the AfD and he had made
clear that Chrupalla was his preferred successor. Chrupalla, 44, defeated
Gottfried Curio, seen as more of a hardliner, in a run-off vote.
Chrupalla’s
co-leader will be Jörg Meuthen, a member of the European Parliament who was
re-elected to his party post with 69 percent of votes at the congress.
The AfD
experienced a surge in popularity in the wake of the 2015 migration crisis and
forms the third-largest group in the German parliament. The party is also
represented in all of Germany's 16 regional parliaments and is particularly
strong in the east of the country.
Authors:
Judith Mischke
“A ala de Höcke
na AfD é uma nova forma de fascismo”
O sociólogo Klaus
Dörre, da Universidade de Jena (na Turíngia), estudou a presença da direita
radical nos movimentos sindicais. Não acredita que a maior radicalização lhe
tire força.
Maria João
Guimarães
Maria João
Guimarães 30 de Novembro de 2019, 7:00
Klaus Dörre,
sociólogo da Universidade de Jena
Klaus Dörre, que
esteve em Lisboa no âmbito do ciclo Conversas com História da historiadora
Raquel Varela, no CCB, detalhou ao PÚBLICO os vários modos como a AfD apela a
grupos diferentes e como pensa que pode ser contrariado este apelo.
Fez um estudo sobre
a direita radical nos movimentos sindicais. Quais foram as conclusões?
Porque é que o
Leste da Alemanha ainda hoje é diferente?
A extrema-direita
sempre esteve nos movimentos de trabalhadores, observamos isso há 30 anos. O que
há de novo é que há membros activos no coração dos sindicatos com esta
orientação, fazendo greves, e que por outro lado não têm problemas em organizar
autocarros de pessoas para participar em manifestações do Pegida
["movimento anti-islamização”, que age sobretudo em Dresden, ligado à
AfD].
O que leva as
pessoas a votar na AfD?
Os motivos são
essencialmente três, e muito diferentes.
O primeiro pode
dizer-se que é o “populismo de direita radical rebelde": protesta-se
contra as desigualdades sociais. Há cerca de dez anos que temos prosperidade na
Alemanha, mas muitos não tiraram proveito. Sobretudo no Leste, onde os salários
são cerca de 20% mais baixos. Os radicais de direita apresentam-se como um
partido de protesto para os mais fracos, para os trabalhadores, apesar de no
centro dos seus programas estarem medidas de mercado neoliberais.
O segundo motivo
é um “populismo de direita conservador": pessoas empregadas, que têm bons
ordenados, mas que temem vir a perder a sua posição. Por exemplo, na indústria
do carvão, na Alemanha de Leste, mas também no Oeste. Trabalham em indústrias
que pagam bons salários, cujas empresas financiam associações e clubes mantendo
a vida social na região, ou na indústria automóvel, que quando houver a
transição para o eléctrico vai precisar de menos pessoas. Isto aumenta o
interesse em partidos contra a “histeria do clima” – como os radicais de
direita.
O terceiro motivo
é o “radical de direita conformista”: pessoas muito qualificadas com muito bons
ordenados que fizeram tudo para subir, saindo de um percurso expectável de um
modo extraordinário, e esperam dos outros o mesmo. Todos os que fazem menos –
migrantes, pessoas que vivem de subsídios – são vistos como “não pessoas”, que
não são passíveis de integração, e que devem sair.
O que destaca no
estudo?
Entre as pessoas
que entrevistámos, nenhuma declinou claramente o uso de violência. A AfD diz
que cultura alemã está ameaçada. Constrói uma situação de emergência, o risco
de a Alemanha ser “invadida” por muçulmanos e imigrantes, um estado de
excepção. E aí justifica-se o uso de violência.
A divisão de
classes agora não é alta versus baixa, mas de dentro versus de fora. [O líder
da AfD na Turíngia] Björn Höcke diz que a questão moderna não é a luta de
classes clássica entre ricos e pobres, mas de migrantes que vêm de fora (e sem
pretensões legítimas) e pessoas de dentro.
Há quem diga que
com o crescimento dos radicais na AfD, o partido perderá apoio eleitoral e
enfraquecerá, o que acha?
Não acredito
muito nesta divisão entre bons e maus, militantes ou menos militantes, eles
jogam com isso de modo muito habilidoso. Não acredito numa desradicalização
pelo poder ou Parlamento – em Itália vimos o que aconteceu com [Matteo]
Salvini, que não se desradicalizou, aconteceu precisamente o contrário.
E apesar de a AfD
se querer apresentar como mais conservadora que os conservadores, com posições
mais à direita, às vezes cai a máscara – quando se lê o livro de Höcke, por
exemplo, as palavras que usa, a permanente troca de estatuto de vítima e
carrasco/perpetrador, há marcas típicas de fascismo. A ala de Höcke na AfD é
uma nova forma de fascismo.
Eu sou optimista
e acho que é possível, a longo prazo, derrotar a AfD. Mas é preciso lutar pelo
futuro da sociedade e torná-lo atraente, dar passos visíveis nesse sentido. E é
preciso mostrar que a imigração é necessária – por exemplo nos cuidados de
saúde e a idosos.
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