ATAQUES A MIGRANTES NO PORTO
06 maio 2024 às 21h27
Trabalhadores
da AIMA respondem a Rui Moreira e avisam que não serão "bode
expiatório"
O
sindicato dos trabalhadores da AIMA avisou que estes não serão "bode
expiatório" para "a incapacidade de outros", classificando de
"infelizes" as declarações do autarca do Porto que defendeu a
extinção daquele organismo na sequência do ataque contra migrantes.
"A AIMA e os seus trabalhadores não
servirão de arma de arremesso nem de "bode expiatório" para a
manifesta incapacidade de outros", avisa o Sindicato dos Funcionários do
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SINSEF), numa reação às declarações do
presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, na reunião desta manhã do executivo
municipal.
O independente considerou que o ataque contra
migrantes, que ocorreu na madrugada de sexta-feira, é "inaceitável e um
crime de ódio", defendendo a extinção da Agência para Integração de
Migrantes e Asilo (AIMA) e a utilização dos recursos de que dispõe para
habilitar os municípios a darem uma resposta e a reforçar as forças policiais
dos recursos de que hoje não dispõem para combater a criminalidade.
"Repito, a AIMA é uma agência inoperante
que desperdiça dinheiros públicos sem o cumprimento da missão a que se propôs
e, por isso, deve ser extinta", insistiu.
Apesar de reconhecer "as
fragilidades" existentes na agência recém-criada, o sindicato defende,
contudo, que estas "não servem para justificar inoperância de outros
organismos, e nomeadamente, do Município do Porto em matérias de segurança".
"Este Sindicato sugere ao Senhor
Presidente que, antes de fazer comunicados com intenções manipuladoras e de
descarte de responsabilidades ao nível da segurança que aos serviços municipais
competem fazer, que leia as competências da AIMA, IP", desafia aquela
organização sindical.
Num comunicado, onde repudia as
"infelizes" declarações do autarca, a organização representativa dos
trabalhadores afirma que a Agência não tem qualquer competência ou
responsabilidade ao nível da ordem ou segurança pública.
"Se os conflitos que se verificaram no
Porto (e que todos repudiamos) envolvessem apenas cidadãos nacionais, a
responsabilidade dos mesmos o Senhor Presidente também iria imputar ao
Instituto dos Registos e Notariado, e obviamente exigir a extinção do
mesmo?", interrogam.
Na madrugada de sexta-feira, ocorreram três
ataques e agressões a imigrantes na zona do Campo 24 de Agosto, na Rua do
Bonfim e na Rua Fernandes Tomás, no Porto.
Segundo a PSP, os ataques foram feitos por
vários grupos, tendo cinco imigrantes sido encaminhados para o hospital devido
aos ferimentos.
Na sequência das agressões, seis homens foram
identificados e um foi detido pela posse ilegal de arma.
Face à suspeita de existência de crime de
ódio, o caso passou a ser investigado pela Polícia Judiciaria.
Em resposta escrita à Lusa, a AIMA condenou e
repudiou os atos de violência contra imigrantes no Porto, classificando-os como
inadmissíveis e particularmente graves caso se confirme a motivação pelo ódio
racial e xenófobo.
A AIMA adianta que está a acompanhar os
acontecimentos desde que tomou conhecimento dos mesmos e, em cooperação com as
várias entidades envolvidas, nomeadamente de investigação criminal, municipais,
locais, hospitalares e da sociedade civil, tais como associações de imigrantes,
para apurar informação fidedigna e prestar todo o apoio necessário no âmbito
das [suas] atribuições".
A AIMA refere ainda que, com a perspetiva de
obter mais informação e promover atuações concertadas, contactou no sábado a
Câmara Municipal do Porto.
Para o organismo, "todas as entidades e
sociedade são assim convocadas a atuar, manifestando um inequívoco compromisso
com o combate a todas as situações de violência contra pessoas residentes em
Portugal"
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