CORONAVÍRUS
PIB afunda-se 7,6% em 2020 penalizado por consumo e
turismo
A economia encolheu 7,6% no ano marcado pela covid-19, um
desempenho que foi atenuado pelo crescimento de 0,4% no quarto trimestre. E que
supera todas as estimativas.
Pedro Ferreira
Esteves
2 de Fevereiro de
2021, 9:45
O produto interno
bruto (PIB) recuou 7,6% na totalidade de 2020, um ano marcado a partir de Março
pela pandemia de covid-19. No quarto trimestre, a economia cresceu muito
ligeiramente (0,4%), atenuando o desempenho mais negativo de sempre registado
pela actual série de Contas Nacionais do Instituto Nacional de Estatística,
divulgadas esta terça-feira.
O desempenho
historicamente negativo do PIB no ano passado – em comparação com o crescimento
de 2,2% em 2019 – é explicado por um duplo efeito provocado pelas restrições
impostas pelo novo coronavírus: por um lado, uma queda pronunciada do consumo
das famílias e, por outro lado, uma retracção “sem precedente” do turismo.
Segundo INE, “a
procura interna apresentou um expressivo contributo negativo para a variação
anual do PIB, após ter sido positivo em 2019, devido, sobretudo, à contracção
do consumo privado”. Isto, dado que “o contributo da procura externa líquida
foi mais negativo em 2020, verificando-se reduções intensas das exportações e
importações de bens e de serviços, com destaque particular para a diminuição
sem precedente das exportações de turismo”.
No quarto
trimestre, o PIB registou uma variação homóloga negativa de 5,9% e cresceu 0,4%
face ao trimestre anterior. Esta evolução trimestral – que contrasta com as
quedas de 13,9% e 13,3% no segundo e terceiro trimestres, respectivamente – dos
contributos positivos “da procura interna e da procura externa líquida para a
variação em cadeia do PIB”, explica o INE.
Na procura
interna, verificou-se uma “diminuição menos intensa do investimento, apesar da
redução mais pronunciada do consumo privado”. Já “a procura externa líquida
apresentou um contributo mais negativo no quarto trimestre, verificando-se uma
contracção mais intensa das exportações de bens e serviços que a observada nas
importações de bens e serviços”.
Refira-se que o
Governo apontava para uma contracção económica de 8,5%, ao passo que a Comissão
Europeia e o Conselho das Finanças Públicas esperavam uma queda de 9,3% do PIB,
estando o Fundo Monetário Internacional mais pessimista (-10,0%). Mais
optimistas estavam o Banco de Portugal (BdP) e a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Económico (OCDE), que apontaram para uma queda do PIB de 8,1%
e 8,4%, respectivamente.
Em comunicado, o
Ministério das Finanças destaca que os dados revelados pelo INE estão “em linha
com a dinâmica da actividade económica nos últimos meses de 2020”, citando o
crescimento de 20% das compras e os levantamentos por Multibanco no segundo
semestre face ao primeiro ou o aumento de 1,2% do consumo de electricidade.
O Governo refere
ainda que a “contracção do PIB na zona euro foi igualmente muito acentuada, de
6,8%, tendo atingido particularmente os países onde o sector do turismo tem
mais peso, tais como Espanha (11%), Itália (8,8%) e França (8,3%)”.
Finalmente, avisa
que “o novo confinamento generalizado, decretado no início do 2021, terá
efeitos negativos na actividade económica nos primeiros meses do ano [2021],
que implicarão uma evolução anual menos favorável do que anteriormente
antecipado”. com Lusa
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