domingo, 22 de março de 2020

Acabou a "ala" na AfD. Corrente mais radical do partido de extrema-direita vai dissolver-se




Acabou a "ala" na AfD. Corrente mais radical do partido de extrema-direita vai dissolver-se

Direção da AfD tinha imposto um ultimato ao líder da fação mais radical do partido, denominada "a ala", depois de os seus membros serem postos sobre vigilância policial e qualificados pelos serviços secretos como um perigo para o Estado.


DN/Lusa
21 Março 2020 — 21:34

Acorrente mais radical da Alternativa para a Alemanha (AfD), partido populista e de extrema-direita alemão, suspeita de ter contribuído com os seus discursos violentos para ataques racistas ou antissemitas no país, vai dissolver-se. A dissolução foi anunciada este sábado pelo seu líder. Bjorn Hocke cedeu assim a um ultimato da direção do partido, que na sexta-feira lhe pediu para acabar com o movimento, designado "a Ala" e que representamcerca de um quinto dos seus membros.

Numa entrevista a uma revista de extrema-direita alemã, Sezession, o arauto da controversa corrente condenou o ultimato, mas considerou que apenas acelerava uma dissolução já em curso.

"Esta exigência acontece num momento mau e parasita um processo que 'a Ala' já tinha em curso há muito tempo com o objetivo de a tornar parte da História", disse Bjorn Hocke.

"Agora, o que estávamos a pensar há muito tempo acontecerá mais depressa", após a ordem da direção da AfD, adiantou, acusando-a de ter cedido à pressão nacional.

Bjorn Hocke advertiu, no entanto, não ter a intenção de renunciar às suas convicções - tal como os seus apoiantes, cerca de sete mil -, afirmando que "manterão o seu rumo político para o bem da AfD".

A pressão sobre esta corrente radical aumentou recentemente depois da decisão dos serviços secretos internos alemães de a colocar sob vigilância policial, por considerarem que representa um perigo para o Estado.

A sanção surge num contexto de recrudescimento do terrorismo de extrema-direita, com três atentados realizados em menos de um ano.O último ocorreu em fevereiro em Hanau, perto de Frankfurt. Um atirador racista e crente das teorias da conspiração matou nove pessoas, todas de origem estrangeira, antes de se suicidar.

Bjorn Hocke, líder da AfD na Turíngia, causou recentemente uma crise política na Alemanha por tentar fazer na província uma aliança com a direita moderada da chanceler Angela Merkel, o que provocou uma onda de protestos no país e na própria CDU, que deu ordens aos dirigentes locais do partido para recuarem na coligação. "Foi um mau dia para a democracia. Foi um dia que rompeu com os valores e as convicções da CDU, e agora tudo deve ser feito para deixar claro que isso não pode de forma alguma ser compatível com o que a CDU pensa e faz", afirmou a chanceler alemã quando foi conhecido o entendimento com a AfD.

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