SIM … Na opinião
do VOODOCORVO estamos lentamente e progressivamente a fabricar o
“impossível” e o “inominável” … a desconstrução da União
Europeia tal como a conhecemos.
O único princípio
que poderá ser ainda salvo será o da “Unidade em Diversidade”, "modelo Inglês" e não só … As Nações irão organisar-se
novamente em vários núcleos de empatia, identidade e interesses . O
núcleo do Norte. O núcleo do Leste. O núcleo dos Balkans.
Mais uma vez o
futuro da Europa determinado pela Alemanha. Pelo terrível e colossal
erro de avaliação de Merkel que abriu a caixa de Pandora, abertura causada por um Idealismo irrealista e provocando a libertação de todas as
suas irracionalidades e energias, impossíveis de gerir.
Isto, e uma crise de
prestígio das elites Europeias aprisionadas por uma ideologia
exclusivamente financeira, dominada pelo modelo neo-liberal e o seu
triunfo do Materialismo.
Que acontecerá a
Portugal como Nação ? SIM há que pensar estratégicamente o
impossível afim de estar preparado para ele.
OVOODOCORVO
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OPINIÃO
E
depois da União
GUSTAVO CARDOSO
01/03/2016 -PÚBLICO
Alguém acredita que
dentro de seis anos deixará de haver União Europeia (UE)? Sim, eu
acredito que pode deixar de haver uma União como a que nos trouxe
até aqui.
Em 1983, em plena
crise da instalação de mísseis nucleares americanos Pershing na
Europa, ninguém acreditava que a URSS e o muro de Berlim cairiam
dentro de alguns anos. No entanto, passados apenas seis anos cairiam,
mudando o curso da história e fazendo-o perante a incredulidade do
nosso olhar vidrado nos directos televisivos.
Tudo isto vem a
propósito da necessidade de pensar o "impossível" antes
que ele aconteça, ter uma posição pronta face ao não expectável
e relembrar o passado nas suas múltiplas faces.
Pensemos em algo
"impossível", algo que não se pode dizer se se for
governante ou deputado num país da UE por poder influenciar os
"mercados", mas que pode ser dito na conjugação da
ucronia e da prospectiva.
Pensemos no "futuro
fim da União Europeia" à luz do ocorrido nos anos 1980 na
Europa e regressemos por momentos até esses anos. Pensemos na série
televisiva "Deutschland 83", uma produção alemã que
retrata a vinda de um jovem de 24 anos da Alemanha Democrática para
a Alemanha Federal como espião da STASI.
O mais interessante
dessa série não é a trama de espionagem, que é cativante, mas sim
mostrar-nos a vida nas alemanhas dos anos 1980e fazer-nos lembrar que
os noticiários de então faziam conviver o nosso jantar com uma
provável guerra nuclear táctica na Europa ao mesmo tempo que nos
davam conta das manifestações pacifistas.
Há coisas que
regressam até nós vindas dos anos 19801, como os ténis Stan Smith,
mas há outras coisas que esquecemos provavelmente por acharmos que
não se repetirão.
Normalmente, diz-se
que a Europa se salva sempre no último momento, que o seu futuro se
constrói ao estilo do "pontapé para a frente e fé em Deus"
e que essa é a matriz da construção europeia e que tudo termina
sempre bem.
O problema com esse
argumentário é que ele encontra reforço no sucesso do passado, ao
bom velho estilo do "como sempre nos safámos, porque não
haverá de acontecer o mesmo agora?" No entanto, o mesmo
argumento pode ser utilizado ao contrário.
Aquilo que não se
consegue imaginar vir a acontecer tem sempre mais probabilidade de
poder acontecer, pois quando não se imagina não se procuram
exemplos semelhantes no passado.
Por exemplo, é mais
fácil imaginar a continuidade da União Europeia do que, tal como no
passado aconteceu à União Soviética, a sua desagregação. Tal,
sucede não porque a probabilidade não exista, mas porque preferimos
não colocar a hipótese de que algo em que hoje vivemos possa deixar
de existir.
Os grandes temas
noticiosos da passada semana poderiam parecer não ter nada a ver com
a continuidade da União Europeia. No entanto, quando falamos do
orçamento português estamos a falar da continuidade da UE, quando
falamos em Novo Banco e lesados do GES idem e quando se conjuga
"Britan" e "Exit", obtendo "Brexit",
estamos a falar de uma outra UE.
Se, incrivelmente,
assistirmos ao desaparecimento da União, tal como ela é hoje, deve
Portugal continuar na União? Devemos juntar-nos aos nossos parceiros
ingleses que entretanto saíram? Mudar o Euro pela Libra?
Talvez,
simplesmente, seja boa ideia, de vez em quando, fazer perguntas fora
do contexto para podermos antecipar o momento em que o contexto muda,
só para não sermos nós "antecipadamente" mudados por
ele.
Gustavo Cardoso é
Director do Barómetro de Notícias do ISCTE-IUL e investigador do
College d'Études Mondiales na FMSH Paris
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