sexta-feira, 25 de abril de 2025

PSP dá parecer negativo à manifestação de extrema-direita no Martim Moniz. Líder do Ergue-te mantém intenção

 


Sociedade

PSP dá parecer negativo à manifestação de extrema-direita no Martim Moniz. Líder do Ergue-te mantém intenção

 

Decisão foi tomada para "garantir a ordem e tranquilidade públicas". Concentração iria incluir esta sexta-feira porco no espeto e estava a ser organizada por grupos de extrema-direita.

 

Rui Miguel Godinho, Amanda Lima

Publicado a:

24 Abr 2025, 13:19

Atualizado a:

24 Abr 2025, 13:40

https://www.dn.pt/sociedade/psp-deu-parecer-negativo-%C3%A0-manifesta%C3%A7%C3%A3o-de-extrema-direita-no-martim-moniz

 

A PSP anunciou esta quinta-feira que deu parecer negativo à manifestação de extrema-direita que estava convocada para a praça do Martim Moniz nesta sexta-feira, 25 de Abril, em Lisboa. Em comunicado, a decisão é justificada "com o estrito objetivo de garantir a ordem e tranquilidade públicas".

 

"Tendo em conta a marcação de manifestações/concentrações para a mesma hora e área geográfica, algumas com objetivos, desígnios e posicionamentos ideológicos distintos e antagónicos, a PSP, depois do desenvolvimento da habitual avaliação do risco, onde foram analisadas todas as dinâmicas e contextos que possam perturbar a ordem pública, decidiu pronunciar-se, junto da Autoridade Administrativa competente (Câmara Municipal de Lisboa), emitindo parecer negativo para as iniciativas comunicadas para a Praça do Martim Moniz, em Lisboa",argumenta a PSP.

 

O comunicado da força de segurança ainda cita o primeiro artigo de um decreto, sublinhando um dos trechos: "A todos os cidadãos é garantido o livre exercício do direito de se reunirem pacificamente em lugares públicos, abertos ao público e particulares, independentemente de autorizações, para fins não contrários à lei, à moral, aos direitos das pessoas singulares ou colectivas e à ordem e à tranquilidade públicas (sublinhado nosso)".

 

A Câmara Municipal de Lisboa (CML), entretanto, revelou que vai seguir no 25 de Abril “a recomendação e a avaliação da PSP”, que emitiu parecer negativo às iniciativas de movimentos de extrema-direita marcadas para o Martim Moniz.

 

Questionada sobre a manifestação no Martim Moniz, fonte oficial da Câmara Municipal de Lisboa afirmou à Lusa que, “como sempre acontece nestas situações”, a autarquia “irá seguir a recomendação e a avaliação da PSP, que considerou não estarem reunidas as condições de segurança e que as iniciativas referidas ‘colocam em causa a ordem e tranquilidades públicas’”.

 

Líder do Ergue-te mantém concentração no Martim Moniz

O presidente do Ergue-te, Rui Fonseca e Castro, garantiu entretanto nesta quinta-feira, num vídeo partilhado nas redes sociais, que o partido vai manifestar-se na sexta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, mesmo existindo um parecer negativo da PSP.

 

"Nós amanhã, a partir das 15 horas, estaremos todos no Martim Moniz, para uma festa da família portuguesa, para uma celebração da portugalidade, mas sobretudo para uma demonstração de civilidade e de irmandade", afirma o ex-juiz, num vídeo publicado pelas 14:00 em canais públicos do Ergue-te e que está ser partilhado por movimentos de extrema-direita, como o 1143.

 

Na mensagem, o líder do Ergue-te, anterior Partido Nacional Renovador (PNR), defende que, por se tratar de "um evento organizado por um partido político" inserido na campanha para as eleições de 18 de maio, "não pode ser proibido".

 

Rui Fonseca e Castro acrescenta que, nesse âmbito, o partido já pediu "um parecer à Comissão Nacional de Eleições" e que esta permitiu a realização do evento como "se encontra configurado".

 

"A Polícia deve assegurar a presença do efetivo adequado, mas da nossa parte podem ter a certeza de que não haverá qualquer problema", assegura, no vídeo visualizado pela Lusa, o ex-juiz, anterior líder do movimento negacionista Habeas Corpus.

 

A Lusa tentou contactar a Comissão Nacional de Eleições, o que não foi possível até ao momento.

 

O ato é organizado há meses pelo partido Ergue-te, que tem como presidente o ex-juiz negacionista Rui da Fonseca e Castro. Apoiantes de todo o país foram convocados, com autocarros a sair gratuitamente de vários pontos do país. O político, também líder da organização extremista Habeas Corpus definiu a manif como "Descer ao Califado", em referência aos cidadãos que professam a fé muçulmana e moram na zona do Martim Moniz. Rui da Fonseca e Castro está há meses a solicitar doações em dinheiro e bitcoins para patrocinar o protesto.

 

O protesto é apoiado pelo grupo 1143, liderado pelo neonazi Mário Machado - que está prestes a ir preso. O 1143 ajuda a divulgar o ato nas redes sociais e nos vários grupos do Telegram e Signal, com a ressalva aos participantes de que não usem símbolos ou roupas alusivas ao 1143, definindo o apoio como "individual", apesar de colaborar na mobilização.

 

Esta manhã, antes da publicação do parecer da PSP, o presidente do partido divulgou o conteúdo de um e-mail da Comissão Nacional das Eleições (CNE), que não se opôs ao ato. "Ora, trata-se de um partido político a organizar o evento em causa, no âmbito da liberdade de acção e propaganda e no contexto de uma campanha eleitoral em curso. A celebração da Portugalidade não pode ser considerada como mensagem de ódio, na medida em que é justamente o inverso, pois celebra o amor pela Nação e pelo Povo Português", escreveu Rui da Fonseca e Castro.

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