Operação no
Martim Moniz
27 dezembro
2024 às 11h46
Montenegro
diz que segurança "não é de esquerda nem de direta" e rejeita
extremos securitários e líricos
O
primeiro-ministro aproveitou a tomada de posse dos novos secretários-gerais do
SIRP e do SSI para responder às críticas da oposição sobre a recente operação
policial no Martim Moniz, dizendo estar "atónito e perplexo" com
muitas das reações.
DN/Lusa
Leonardo
Negrão
O
primeiro-ministro defendeu esta sexta-feira que "a segurança não é de
esquerda nem de direita", mas um bem social, rejeitando da mesma forma
"os extremismos securitários" como os discursos "líricos",
que quase dispensam as forças policiais.
Luís
Montenegro deu esta sexta-feira posse, na residência oficial em São Bento
(Lisboa), ao secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa
(SIRP), o embaixador Vítor Sereno, e à secretária-geral do Sistema de Segurança
Interna (SSI), magistrada Patrícia Barão.
O
primeiro-ministro aproveitou a ocasião para responder às críticas da oposição
sobre a recente operação policial no Martim Moniz, em Lisboa, dizendo estar
"atónito e perplexo" com muitas das reações.
"Não há
em Portugal nenhuma ação policial dirigida a uma comunidade específica, ficou
bem patente na operação Martim Moniz, em que houve varias pessoas fiscalizadas
com nacionalidade portuguesa", defendeu.
Montenegro
deixou outra garantia quanto à relação do executivo com as polícias: "Não,
este governo não quer nem vai instrumentalizar as forças de segurança. E pior
do que isso, eu creio que toda a gente percebe que as próprias forças nunca se
deixariam instrumentalizar".
O chefe do
Governo assegurou que o executivo vai estar sempre "ao lado" das
forças de segurança e, repetindo que Portugal "é um dos países mais
seguros do mundo", avisou que não basta dizê-lo para continuar a manter
essa posição.
"Do
ponto de vista do Governo, a segurança não é de esquerda nem de direta, é um
bem da sociedade que convém preservar, é uma condição de base. Quem tem uma
visão diferente desta está num dos dois extremos: no extremo demasiado
securitário ou no outro quase lírico, onde se pensa que podíamos quase
prescindir de forças de segurança", afirmou.
O
primeiro-ministro considerou que "seria um pouco estranho" se esta
sexta-feira não se pronunciasse sobre "a discussão pública que hoje temos
em Portugal a propósito da segurança", depois das críticas da oposição na
sequência da operação especial no Martim Moniz, na semana passada.
"Eu
devo confessar que me encontro atónito, muito perplexo com as reações que têm
aparecido na discussão pública a propósito do esforço do Estado em garantir a
tranquilidade das pessoas, em garantir uma prevenção de condutas criminais, em
garantir uma plena integração dos nossos imigrantes", afirmou.
Montenegro
considerou até "absolutamente impróprio" que se possam considerar
"ações de natureza preventiva, de natureza policial, em contextos
localizados, onde há histórico recente de prática reiterada de crime, como uma
expressão de governação extremista", considerando essas críticas apenas
"retórica política".
Por outro
lado, considerou "injusto e incorreto" acusar o Governo de levar a
cabo ações policiais dirigidas contra imigrantes.
"Não há
razão nenhuma para atirar essa pedra para cima do debate. É incorreto, é
impróprio, é indesejável. Não corresponde aos princípios de humanismo, de
dignificação da pessoa, que os sucessivos governos em Portugal e também o atual
têm demonstrado a propósito nomeadamente do acolhimento de imigrantes",
defendeu, reiterando que o país precisa de imigrantes.
Numa
intervenção de quase 20 minutos, o primeiro-ministro repetiu que "Portugal
é um dos países mais seguros do mundo": "Mas não é apenas dizendo-o
que nós vamos continuar a ser, é tendo ações tendentes a evitar que aconteça em
Portugal o que já aconteceu noutros países, que há 10 e 15 anos eram países
muito seguros, no topo da lista dos 'rankings', e que hoje têm uma situação bem
mais complexa", afirmou.
Sem querer
apontar nenhum em concreto, defendeu que Portugal deve usar esses exemplos para
se inspirar e antecipar possibilidade de ver os seus índices a piorar.
Na tomada de
posse, estiveram presentes os ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa,
da Administração Interna, da Justiça e da Presidência, bem como o
procurador-geral da República e os responsáveis máximos da Polícia Judiciária,
PSP e GNR, o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e os anteriores
secretários-gerais do SSI e do SIRP.
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