OPINIÃO
A abertura do Chalet Biester e a Sintra experience
O “enxame” de tuk-tuks e os trovadores de vários géneros
musicais que, com amplificação de alto potencial ocupam o espaço físico da
serra e do centro histórico, tornam impossível qualquer experience etérea ou
poética metafísica.
23 de Maio de
2022, 23:53
https://www.publico.pt/2022/05/23/opiniao/opiniao/abertura-chalet-biester-sintra-experience-2007397
A recente
abertura do notável Chalet Biester veio reforçar o potencial de excelência da
“experiência cultural” Sintra. Esta, garantida pela conjugação única de
Património Cultural e Património Natural, definidos na atribuição da
classificação da UNESCO como Paisagem Cultural / Natural. Esta classificação
traz também enormes responsabilidades e imperativos de gestão.
Este pequeno
artigo pretende precisamente tratar dos imperativos mínimos para garantir a
excelência da internacionalmente prometida Sintra experience.
Ora, as
qualidades descritas exigem serenidade contemplativa em sintonia com a Natureza
e possibilidade de focagem e concentração mental só possível com a garantia do
silêncio.
FOTO: Em 19 de
agosto de 2020, condutores de animação turística e animadores turísticos
manifestaram-se para reivindicar que os alertas laranjas não sejam decretados
pelo risco de incêndio rural no concelho se Sintra TIAGO PETINGA/LUSA
A tentativa de
alcançar a experiência prometida, num presente dificultado por afluências
massificadas de turistas, torna-se simplesmente impossível pela presença
constante de um “zumbido” motorizado produzido por um “enxame” de tuk-tuks que
incessantemente circulam de forma caótica e perigosa na estrada da Pena, ou em
baixo, junto à saída da Regaleira.
Em 2015, quando
Fernando Medina conseguiu finalmente impor um regulamento em Lisboa para os
tuk-tuks com a exigência de circulação exclusiva de veículos electrificados em
2017, muitos dos motorizados fugiram para Sintra, dominando de forma caótica e
assertiva o já difícil trânsito local e impondo-se num permanente assédio
agressivo, desde o primeiro momento de chegada à estação, ao visitante de
Sintra.
Em 2015, quando Fernando Medina conseguiu finalmente
impor um regulamento em Lisboa para os tuk-tuks com a exigência de circulação
exclusiva de veículos electrificados em 2017, muitos dos motorizados fugiram
para Sintra
Basílio Horta
tentou impor um imprescindível regulamento em 2017, mas uma providência
cautelar em 2018 determinou uma incompreensível suspensão deste tão necessário
regulamento.
Os episódios
negativos têm-se sucedido, desde um agente de polícia ferido numa manifestação ( 2 ) a um recente acidente com quatro feridos.( 3 ) Tudo isto culminado com o episódio da
não declaração de 189.000 euros de lucros por um proprietário da frota de
tuk-tuks.( 4 )
Junto a este
fenómeno que exige soluções e medidas urgentes, toda a Sintra experience é
também dominada por trovadores de vários géneros musicais que com amplificação
de alto potencial ocupam o espaço físico da serra e do centro histórico,
tornando impossível qualquer experience etérea ou poética metafísica.
Por este andar,
estes fenómenos associados aos números incomportáveis, irresponsáveis e massificados
de turistas vão levar a uma exigente intervenção da UNESCO, impondo limites.
Por este andar, estes fenómenos associados aos números
incomportáveis e irresponsáveis de turistas vão levar a uma intervenção da
UNESCO, impondo limites
Sintra, no caso
de não impor regulamento e medidas dirigidas à imposição e restabelecimento de
um equilíbrio, está a desenvolver à sua escala uma síndroma “Veneza” que vai
forçosamente e inevitavelmente culminar em cancelas limitativas com um preço
global para o pacote de atracções para a sua experience.
Historiador de Arquitectura
( 3 ) https://www.noticiasaominuto.com/pais/1987538/despiste-de-tuk-tuk-provoca-quatro-feridos-em-sintra
( 4 ) https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/dono-de-frota-de-tuk-tuk-nao-declara-189-mil-euros
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