domingo, 7 de fevereiro de 2016

Uma maré humana em fuga de Alepo amontoa-se às portas fechadas da Turquia / EU urges Turkey to open its borders to Syrians fleeing war-torn Aleppo


Uma maré humana em fuga de Alepo amontoa-se às portas fechadas da Turquia
RITA SIZA 06/02/2016 - PÚBLICO

Governo de Ancara montou campos temporários com abrigos e alimentos para as populações que fogem da batalha de Alepo, mas manteve a fronteira fechada.

O cerco das forças governamentais a Alepo ameaça precipitar uma nova crise humanitária na Síria, com cerca de 400 mil habitantes em risco, encurralados dentro da cidade que era o principal centro comercial e financeiro do país antes do início da guerra, e dezenas de milhares de pessoas em fuga, a pé, numa marcha até à fronteira turca onde se concentram já mais de 70 mil refugiados.

A Turquia, onde já se encontram 2,5 milhões de refugiados sírios, não deu autorização de entrada a este novo contingente de sírios desesperados por fugir do conflito, que tomou conta do território de Alepo. Em campos temporários para refugiados, instalados de urgência juntos dos principais postos fronteiriços pelo Governo de Ancara e várias organizações internacionais, foram albergadas mais de 70 mil pessoas – um número que pode facilmente duplicar se o actual fluxo, que vê chegar cerca de 35 mil pessoas por dia, se mantiver constante. Mas a expectativa é que, à medida que o combate endurece, o movimento das populações aumente exponencialmente.

O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, garantiu que os refugiados sírios não ficariam sem abrigo ou alimentação, mas nada disse sobre a abertura da fronteira ou o processo de acolhimento no seu país. Em Amesterdão, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, reunidos numa cimeira informal, pediram a Ancara para abrir a fronteira à passagem dos refugiados, lembrando que o acordo de cooperação assinado com a Turquia visava garantir, precisamente, o acolhimento e protecção das populações sírias deslocadas pela guerra.

O governador da provincial turca de Kilis, Suleyman Tapsiz, disse à Associated Press que o posto de Oncupinar permaneceria fechado pelo segundo dia consecutivo, mas garantiu que eram as autoridades turcas quem estavam a acudir aos cerca de 35 mil sírios concentrados no outro lado da fronteira, em Bab al-Salam. “Foram instalados campos para abrigar estas pessoas, e de momento não vemos necessidade de elas entraram no nosso país”, disse o mesmo responsável, que estimou que a passagem seria aberta no caso de uma “crise extraordinária”, cujos contornos se escusou de descrever.

O assessor do secretário-geral das Nações Unidas disse que no campo provisório de Afrin entraram 10 mil refugiados na sexta-feira, e que mais cinco mil pessoas tinham chegado à localidade de Azaz, nos arredores de Alepo, “empurradas” pelo avanço das tropas do Governo. Farhan Haq repetiu o alerta da ONU para as dificuldades de transportes e comunicações resultantes da intensificação dos combates, que impedem as organizações internacionais de prestar assistência local e tornam ainda mais perigosos os fluxos de refugiados.

A Reuters falou com Muhammed Idris, um habitante que deixou Azaz com medo da aproximação das tropas sírias, e esperava há quatro dias pela oportunidade de entrar na Turquia. “Ouvimos o [Presidente turco] Recep Tayyip Erdogan dizer na televisão que sírios e turcos eram irmãos. A nossa casa foi destruída e por isso viemos para a dele, para onde mais iríamos? Mas ele fecha-nos a porta”, lamentava.

Com metade da população deslocada dentro do país ou no estrangeiro, a província de Alepo era, actualmente, a mais populosa da Síria. A nova ofensiva governamental gerou o pânico: além do avanço do Exército, apoiado por combatentes de Hezbollah e outras milícias xiitas iranianas, a população foge dos ataques da aviação russa – e da perspectiva de um cerco prolongado como o de Madaya, onde dezenas de crianças e idosos morreram de fome.

O Exército sírio já conseguiu cortar as linhas de abastecimento a Alepo, parcialmente destruída depois de três anos de confrontos e meses de bombardeamentos. “A situação humanitária é catastrófica. A população está desabastecida de comida ou energia, o auxílio da comunidade internacional é urgente e crucial”, dizia um porta-voz da oposição citado pela agência independente curda ARA News.

Além do apoio humanitário, os grupos que compõem o chamado Exército Livre da Síria, que combate o regime de Bashar al-Assad, reclamam apoio militar e logístico aos seus aliados, principalmente os Estados Unidos e a Arábia Saudita. “Sustentados nos bombardeamentos russos, os soldados do Governo conseguiram capturar a localidade de Ratyan, ao fim de dias de confronto com a Frente do Levante”, confirmou Saleh Zein, um dos porta-vozes dos rebeldes na região.

Ratyan foi a terceira grande perda em menos de uma semana para as forças rebeldes moderadas, que ultrapassadas na sua capacidade foram obrigadas à retirada. Perante a anulação da sua vantagem no terreno, a Arábia Saudita e o Bahrain mostraram-se disponíveis para mobilizar tropas e participar em acções terrestres na Síria, desde que fossem comandadas pelos EUA: em Damasco, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Walid al-Moualem garantiu que “todos os que violarem as fronteiras sírias serão deportados para os seus países em caixões”.

Syrians gather at the Bab al-Salam border gate with Turkey

EU urges Turkey to open its borders to Syrians fleeing war-torn Aleppo

Oncupinar border remained closed despite an estimated 70,000 people expected to head there in coming days

Chris Johnston and agencies
Saturday 6 February 2016 17.15 GMT

The European Union has urged Turkey to open its borders to thousands of Syrians fleeing an onslaught by government forces and intense Russian airstrikes.

Turkey kept its Oncupinar border crossing closed on Saturday despite a significant increase in the number of arrivals to the European gateway in the past 48 hours.

As many as 70,000 people are expected to head for the border in the coming days, said Suleyman Tapsiz, governor of Turkey’s Kilis border province. There are already between 30,000 and 35,000 displaced Syrians on the Syrian side of the border being cared for by Turkey. Aid workers said the refugees were being directed to nearby camps.

Fifteen Syrians injured in bombings near Aleppo were allowed into Turkey through the crossing late on Friday night, but the Turkish government had not directly responded to the EU’s comments on Saturday evening. “Our doors are not closed, but at the moment there is no need to host such people inside our borders,” Tapsiz said.

Although the Oncupinar crossing remained closed, the Turkish foreign minister, Mevlüt Çavuşoğlu, said after a meeting with EU foreign ministers in Amsterdam that his country would maintain its open border policy. Approximately 2.5 million Syrians are now living in Turkey.

EU foreign policy chief Federica Mogherini said the support being provided by the union to Turkey was aimed at guaranteeing that Ankara could protect and host all Syrians fleeing the war-torn country. On Thursday, the EU approved €3bn (£2.3bn) to help Turkey cope with the number of people.

EU foreign ministers have discussed with their counterparts from Balkan states possible ways of stemming the flow of people through the region. More than one million refugees, mostly Syrian, have arrived in the EU in the past 12 months. Most have crossed into Greece from Turkey before making their way through the Balkans to Germany and other countries such as Sweden.

Earlier this week, the EU said Greece had to re-establish full control over its border with Turkey to preserve the Schengen zone. If Greece failed to do so, Brussels could allow other member states to extend border controls for up to two years – an option officials say they want to avoid at all costs.

An estimated 850,000 people arrived in Greece last year, overwhelming its coast guard and reception facilities. Aid groups say the country is able to provide shelter for just 10,000 people – just over 1% of the total.

With Greece unable to control the influx, some EU nations are now looking to help Macedonia – which is not in the EU – stop them at its southern border before they reach the Schengen zone of border-free travel.

The Hungarian foreign minister, Peter Szijjarto, said: “If Greece is not ready or able to protect the Schengen zone and doesn’t accept any assistance from the EU then we need another defence line, which is obviously Macedonia and Bulgaria.”

Hungary’s right-wing government has taken one of the hardest lines against the refugee crisis and closed the main land route for arrivals into the EU last September. The country has led calls to build a fence along Greece’s northern border in the same way it built a razor-wire barrier along its own southern frontier last year.

Austria’s foreign minister, Sebastian Kurz, said the EU did not seem to appreciate the seriousness of the situation. “I say this very clearly – if we do not manage to control the situation ... our only option will be to cooperate with Slovenia, Croatia, Serbia and Macedonia,” he said after the Amsterdam meeting.


Nikola Poposki, the Macedonian foreign minister who was also in Amsterdam on Saturday, said its army had been deployed to bolster border security. “They’re making sure that we have decreased the illegal crossings through our border and we’re going to continue to make these efforts,” he said.

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