“O Governo de António
Costa tinha a reversão da privatização inscrita no seu programa.
Mas o objectivo era voltar a deter a maioria do capital. No final do
ano passado, o primeiro-ministro garantiu, em conferência de
imprensa, que o Estado iria “retomar 51% do capital” da TAP. “A
execução do programa do Governo não está sujeita à vontade de
particulares que resolveram assinar um contrato com o Estado
português, numa situação no mínimo precária, visto que estavam a
assinar com um Governo que tinha sido demitido na véspera”,
afirmou na altura.”
Estado
paga 1,9 milhões para ficar com 50% da TAP
LUÍSA PINTO ,
RAQUEL ALMEIDA CORREIA e HUGO DANIEL SOUSA 05/02/2016 - 23:39
(actualizado às 00:57 de 06/02/2016) / PÚBLICO
Privados
ficam com a gestão. Entendimento será anunciado neste sábado.
O Governo já chegou
a acordo com o consórcio Atlantic Gateway, dos empresários David
Neeleman e Humberto Pedrosa, nas negociações para a reverter o
processo de privatização da TAP. O Estado vai pagar 1,9 milhões de
euros para ficar com 50% das acções da companhia de aviação e
Fernando Pinto deverá manter-se na presidência da empresa.
Além dos 50% que o
Estado passará a deter, 5% do capital da TAP está reservado aos
trabalhadores, como prevê a lei-quadro das privatizações. Caso
haja adesão total à venda dessa tranche, que ainda terá de ser
concretizada, o consórcio privado ficará limitado a uma
participação de 45% na transportadora aérea.
Ainda assim, a
intenção é que a gestão da TAP permaneça privada. “O Estado
passa a ter 50% das acções da TAP e o conselho de administração
será paritário (seis elementos nomeados pelo Estado e seis pelo
consórcio). A gestão da TAP tem sido de natureza privada e está
bem entregue”, disse ao Expresso o ministro do Planeamento e das
Infra-estruturas, Pedro Marques. O mesmo jornal adiantou que o Estado
terá voto de qualidade nas decisões estratégicas e direito a
nomear o presidente, que, ao que PÚBLICO apurou, continuará a ser o
gestor brasileiro Fernando Pinto.
O resultado das
negociações será apresentado neste sábado às 9h30, numa
conferência de imprensa liderada pelo primeiro-ministro, António
Costa, e que contará ainda com a presença do ministro do
Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, e do ministro das
Finanças, Mário Centeno. Também David Neeleman e Humberto Pedrosa
estarão no encontro.
Este acordo dá por
terminadas as negociações que começaram no ano passado, depois de
o PS ter formado Governo. A venda da TAP foi concluída em meados de
Novembro, poucos dias antes da queda do executivo de Passos Coelho,
que já em 2012 tinha tentado alienar 100% da transportadora aérea.
O Governo de António
Costa tinha a reversão da privatização inscrita no seu programa.
Mas o objectivo era voltar a deter a maioria do capital. No final do
ano passado, o primeiro-ministro garantiu, em conferência de
imprensa, que o Estado iria “retomar 51% do capital” da TAP. “A
execução do programa do Governo não está sujeita à vontade de
particulares que resolveram assinar um contrato com o Estado
português, numa situação no mínimo precária, visto que estavam a
assinar com um Governo que tinha sido demitido na véspera”,
afirmou na altura.
Mas, no mês
passado, o discurso do ministro do Planeamento e das Infra-estruturas
foi aligeirado. No Parlamento, Pedro Marques disse que considerava
“importante a participação de um parceiro privado minoritário na
empresa”, admitindo a “possibilidade de partilhar a gestão”.
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