"O mais provável é o PS voltar a coligar--se apenas com os movimentos liderados por Roseta e Sá Fernandes. Helena Roseta, do Movimento Cidadãos por Lisboa, diz que está disponível para “falar com António Costa e tentar novo acordo”."
Autárquicas. António Costa falha coligação de esquerda para a câmara de Lisboa
Por Luís Claro, publicado em 15 Fev 2013 in (Jornal) i online
PS apelou a uma aliança, mas os comunistas vão apresentar candidato próprio ainda este mês. Aliança só com os movimentos
Os apelos de António Costa para a reedição da coligação de esquerda em Lisboa não foram ouvidos pelo PCP e pelo BE, que recusam qualquer acordo com os socialistas. Os comunistas até já têm o candidato escolhido e vão apresentá- -lo até ao final deste mês. O PS tenciona, porém, renovar o acordo com Helena Roseta e José Sá Fernandes e está aberto a alianças com outros movimentos de cidadãos.
PS e PCP não chegaram sequer a sentar-se à mesa para avaliar uma coligação e Carlos Chaparro, dirigente comunista, exclui totalmente uma coligação. “É um problema que não se põe. Os partidos já estão no terreno e avançaremos com uma candidatura própria”, diz ao i o dirigente comunista.
Sem os comunistas, o BE também fica de fora. “No caso de não ser possível uma coligação com toda a esquerda, avançaremos com candidato próprio”, diz ao i João Teixeira Lopes, dirigente do BE. Os bloquistas também não gostaram que o PS “nunca tivesse mostrado disponibilidade para discutir programas e projectos”. “O PS apresentou um facto consumado”, lamenta Teixeira Lopes.
A candidatura de António Costa foi aprovada por unanimidade há uma semana e, em entrevista ao “Diário de Notícias” no início deste mês, o socialista reafirmou a disponibilidade para um acordo com o PCP e o BE. Mas nem sequer chegou a haver conversas entre os partidos. “Não podemos andar sempre a bater à porta das outras forças políticas”, diz Rui Paulo Figueiredo, presidente da concelhia de Lisboa do PS, lamentando que, apesar dos vários reptos lançados por Costa, não tenha havido “nenhum sinal de disponibilidade para o diálogo”.
Apesar disso, o PS não fecha ainda a porta a uma união entre a esquerda. “Estamos sempre disponíveis para congregar todos os que se quiserem congregar”, diz Rui Paulo Figueiredo.
O mais provável é o PS voltar a coligar--se apenas com os movimentos liderados por Roseta e Sá Fernandes. Helena Roseta, do Movimento Cidadãos por Lisboa, diz que está disponível para “falar com António Costa e tentar novo acordo”.
A actual vereadora da Habitação Social garante que ainda não houve conversas, mas mostra abertura para integrar a lista de Costa. Esse é também o desejo do PS. “Pela nossa parte continuamos a coligação”, diz Rui Paulo Figueiredo, que admite ainda a hipótese de abrir esta aliança a “outros movimentos”.
SAMPAIO UNIU ESQUERDA Uma coligação entre a esquerda só foi conseguida por Jorge Sampaio, no final da década de 80. João Soares reeditou a aliança, mas António Costa nunca conseguiu convencer os comunistas. O presidente da Câmara de Lisboa disse, em entrevista à Lusa em Julho, que “a porta está aberta” e que “a sua vontade é conhecida desde 2007”.
Nada que fizesse os partidos à esquerda do PS mudar de ideias. Nem em Lisboa nem no Porto os comunistas alinham com uma aliança. O candidato do PS à Câmara do Porto, Manuel Pizarro, continua a apelar a uma convergência, mas admite que a abertura dos comunistas é “muito pouca”. Do lado do BE, João Teixeira Lopes não fecha a porta a uma coligação, mas põe uma condição que acaba por a inviabilizar: a participação do PCP. “Não faz sentido de outra maneira, porque ficaria uma parte da esquerda contra a outra parte”, argumenta o dirigente do BE, que não põe de lado alianças pós-eleitorais, o que já aconteceu no primeiro mandato de António Costa.
Ao contrário do que acontece à direita, em que o PSD e o CDS vão fazer várias coligações com os centristas, a regra no PS é concorrer sozinho. A estratégia está delineada desde o início do processo. “O PS, por norma, por regra, candidata-se isoladamente. Essa é a regra que está instituída”, disse, em Agosto, ao semanário “Sol”, o dirigente do partido Miguel Laranjeiro.
DIREITA MAIS UNIDA À direita, Fernando Seara já fez um acordo com o CDS, mas é praticamente impossível Luís Filipe Menezes conseguir repetir a coligação no Porto. Os centristas já disseram que “os princípios que definem a política” do autarca de Gaia “não seriam benéficos para o Porto”.
A dúvida é se vão apoiar Rui Moreira ou se avançam com um candidato próprio. Paulo Portas já deu sinais de que o CDS não exclui dar o seu apoio ao empresário e garantiu que vê com “simpatia esse movimento, que vai para além dos partidos, que nasce na sociedade civil, que reconhece o esforço que Rui Rio fez na cidade do Porto e que não quer voltar atrás”. Uma indirecta para Menezes, que nunca alinhou com o actual presidente da Câmara do Porto, Rui Rio.
Até agora o PSD e o CDS fizeram nove acordos de coligação, mas é “um processo que ainda está em marcha”, diz Domingos Doutel, coordenador das autárquicas. Apesar disso, os centristas têm uma certeza: “O CDS irá em listas próprias ao maior número de câmaras possível.”
Foi o que aconteceu nas últimas autárquicas, em que os dois partidos que agora estão juntos no governo concorreram juntos a 69 câmaras. “Não sei se chegaremos a esse número ou não, mas a maioria será em listas próprias”, garante o coordenador autárquico nacional do CDS.
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