«A democracia não funciona sem comunicação social»
… a isto eu acrescentaria …“A Cidadania não funciona sem Comunicação Social”
António Sérgio Rosa de Carvalho
"O jornalismo de investigação digno desse nome não dá recados; investiga. É rigoroso, procura ser exaustivo, guia-se pela busca esforçada da verdade e pela noção de interesse público. É um instrumento essencial para a saúde de uma sociedade democrática." José Queirós in Público Domingo 14 /10/ 2012
"Notícia mais do que preocupante ... O Local do Público tem desempenhado um papel único e insubstituível na excelente cobertura dos acontecimentos e questões Lisboetas, dispondo de uma equipe com largos anos de experiência e maturidade jornalística ... Deixo aqui o meu testemunho de solidariedade e de reconhecimento do grande valor profissional da sua equipe, e da sua importância fundamental para uma informação com inquestionável qualidade de conteúdos e ilustrando uma perspectiva altamente profissional e Independente"
António Sérgio Rosa de Carvalho in Cidadanialx 10/10/2012
Resumo de uma semana negra nos media
Por Margarida Davim in Semanário Sol 14/10/2012
Trabalhadores alertam para as consequências da redução de custos na imprensa. Público e Lusa vão estar em greve contra cortes e despedimentos.
Despedimentos, rescisões amigáveis e cortes salariais foram, nas últimas semanas, uma constante nos órgãos de comunicação. A crise instalou-se nos media e as consequências não se fizeram esperar: a agência Lusa e o jornal Público vão entrar em greve. No Público, a decisão foi tomada esta quarta-feira, num plenário de trabalhadores, depois de ter sido anunciado o despedimento colectivo de 48 profissionais (36 dos quais da redacção).
Mas o mal-estar já se tinha instalado dias antes, quando três jornalistas foram chamados pela direcção que lhes propôs saírem da empresa por acordo, continuando a trabalhar em casa com uma avença. Entre eles, está José António Cerejo - que esta semana publicou um trabalho de investigação sobre Passos Coelho e Miguel Relvas - e que recusou a proposta da directora Bárbara Reis.
Em comunicado, a direcção do diário da Sonaecom explica que «a redução de custos tornou-se uma inevitabilidade». Mas internamente questionam-se os critérios de despedimento. «Não saiu ninguém da Cultura, mantém-se um correspondente em Washington e algumas das pessoas despedidas são das que mais trabalham, além de termos uma direcção com sete elementos» - comenta uma fonte da redacção, que questiona como vai ser possível manter um jornal de referência depois de tantos cortes.
Austeridade generalizada
É, aliás, essa a dúvida dos trabalhadores da Lusa, que não percebem como poderá a agência funcionar depois de o Governo ter decidido cortar em 30% as transferências do Estado (o accionista maioritário da empresa). A proposta prevê que a Lusa receba 10,8 milhões de euros em 2013. Um valor que, recorda a Comissão de Trabalhadores, «não contempla o pagamento nem a fornecedores, nem a colaboradores a recibos verdes, nem a manutenção das delegações internacionais».
Para tentar evitar o que dizem ser o risco de paralisação da empresa, os trabalhadores da agência vão estar em greve entre os dias 18 e 21. No SOL, a necessidade de cortar despesas levou nas últimas semanas à negociação de cinco rescisões amigáveis e à não renovação de sete contratos a prazo, estando ainda em curso um processo de redução salarial - com cortes entre os 2,5% e os 25%.
Em Portugal, não há dados actualizados sobre quantos jornalistas estão desempregados. Os últimos dados do Sindicato dos Jornalistas são de Abril e contam 694 pedidos de subsídio de desemprego em cinco anos - mas apenas têm em conta os trabalhadores inscritos na Caixa dos Jornalistas, desconhecendo-se dados sobre profissionais que estão inscritos nos centros regionais de Segurança Social.
Democracia em risco
Em Espanha, os dados mostram que há já oito mil jornalistas sem trabalho. Mas os números não param de aumentar. Esta semana, o diário El País anunciou uma redução de um quarto da sua redacção, através de 128 despedimentos e 21 pré-reformas, e um plano de redução de ordenados. Em reacção, alguns jornalistas recusaram-se a assinar as peças publicadas nesta quarta-feira.
Não é caso isolado: o El Mundo despediu 200 colaboradores em Abril e os cortes nas televisões e jornais regionais têm contribuído para aumentar a fileira de desempregados nos media espanhóis. Para Francisco Sarsfield Cabral, que já trabalhou na televisão, na rádio e na imprensa, «esta é uma época complicada», uma vez que os media são vítimas de «duas crises: a interna, que já começou há algum tempo, e a geral».
As consequências podem ser perigosas: «A democracia não funciona sem comunicação social», diz, admitindo que o jornalismo está a ficar mais pobre. «Hoje não seria possível uma investigação como a de Watergate, simplesmente porque seria demasiado cara».
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