Helena Roseta criticada depois de falar em barracas
Há década e meia Lisboa endividou-se para erradicar as barracas
Por Ana Henriques in Público.
Vereadora teme "aumento exponencial" de habitação clandestina, mas PSD e CDS acusam-na de atitude populista e demagógica
A vereadora da Habitação da Câmara de Lisboa, Helena Roseta, foi ontem acusada pelos representantes do CDS e do PSD na Câmara de Lisboa de ter uma atitude populista e demagógica, depois de ter mostrado receio de que a crise que Portugal atravessa provoque um "aumento exponencial" de barracas na cidade.
...A autarca apresentou, na reunião de câmara de ontem, uma proposta de criação de um grupo de trabalho multidisciplinar para identificar as barracas habitadas existentes em Lisboa, e também para encaminhar os seus ocupantes para os organismos de apoio social mais indicados. Perante as críticas de que foi alvo não só por parte dos partidos de direita como também do PCP, foi obrigada a desistir da proposta. Mas garante não ter abdicado da ideia: "O trabalho vai ser feito, nos termos da proposta, sob minha orientação", assegura Helena Roseta.
"Trata-se de um incentivo à construção de barracas", observa o vereador social-democrata Victor Gonçalves, que fala em "atitude demagógica".
"Não há razões para a criação deste grupo de trabalho", diz, por seu turno, o representante do CDS-PP, António Carlos Monteiro, que fala também no "efeito de chamada" incrementador da construção clandestina que Helena Roseta pode estar a provocar. Durante a reunião o centrista apelidou a vereadora da Habitação de "populista".
A Câmara de Lisboa já identificou novas barracas nas zonas do Vale de Chelas, Marvila, Campo das Salésias (Restelo) e Olivais, anunciou anteontem Helena Roseta. Nalguns destes casos as famílias teriam adaptado à função de habitação barracões de apoio a hortas, arrecadações ou oficinas. Acontece que vários dos presidentes das juntas de freguesia destas zonas não confirmam semelhantes dados, sublinha Victor Gonçalves. Realçando a existência de um regulamento para atribuição de habitação social que já dá prioridade aos casos mais prementes, os vereadores do CDS e do PSD chamam a atenção para o facto de ninguém da maioria socialista que governa a autarquia ter ontem saído em defesa de Helena Roseta nesta matéria. O presidente da câmara, António Costa, limitou-se a falar da necessidade de a Polícia Municipal estar vigilante para impedir a proliferação de construção clandestina, relatou Victor Gonçalves.
"Averiguar se o problema existe e qual a sua dimensão é uma tarefa que pode perfeitamente ser feita pelos serviços camarários", defende o comunista Ruben de Carvalho. "Se cada vez que surgir um problema for criada uma comissão, então a câmara deixa de servir para o que quer que seja".
Depois da agitada discussão em torno da construção clandestina, Helena Roseta abandonou a sala em lágrimas, descrevem testemunhas presentes na reunião, que decorria à porta fechada.
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