Fundo Mundial de Monumentos elege Jardim Botânico de Lisboa como herança a preservar
Por Carlos Filipe in Publico
No dia em que escapou a um incêndio num edifício que lhe fica vizinho, o Jardim Botânico de Lisboa entrou para a lista de 2012 do observatório criado pelo Fundo Mundial de Monumentos, instituição privada norte-americana, sem fins lucrativos, que tem por objectivo a preservação de lugares da herança cultural em todo o mundo.
Foi na quarta-feira que o Jardim Botânico da Universidade de Lisboa, monumento nacional desde o final de 2010, após 40 anos à espera de classificação, passou a ser o sétimo conjunto patrimonial português identificado naquele observatório (www.wmf.org), que através de escolhas bienais chama a atenção internacional para os perigos que ameaçam os lugares com grande significado histórico, artístico e arquitectónico.
Entre os 686 locais, em 132 países, distinguidos por aquela organização desde 1996, também constam as pinturas de arte rupestre do Vale do Côa (1996), a Vila Romana do Rabaçal, concelho de Penela, Coimbra (2004), e o Teatro Capitólio, no Parque Mayer, em Lisboa (2006). Igualmente referenciados, mas ainda em avaliação, encontram-se a Catedral do Funchal, os Jardins do Palácio de Queluz e a Torre de Belém.
O fundo, sediado em Nova Iorque, que também participa financeiramente para a recuperação e/ou preservação de alguns daqueles monumentos, aceitou os argumentos da candidatura da Liga dos Amigos do Jardim Botânico - que engloba a plataforma em defesa daquele jardim, um conjunto de 13 organizações não-governamentais -, segundo a qual o espaço verde lisboeta, com uma área de 4,2 hectares, "sofre ameaça à sua integridade com o Plano de Pormenor do Parque Mayer que propõe mais de 25 mil m2 de nova construção nos logradouros e parcelas de terreno em plena zona de protecção do monumento". A mesma associação refere igualmente que "um insuficiente financiamento, a crónica falta de funcionários e a falta de manutenção ameaçam há décadas a sobrevivência e integridade do Jardim Botânico de Lisboa, como ficou demonstrado pelo incêndio de quarta-feira".
Entre dezenas de outras admissões na lista de 2012 do observatório, o fundo elegeu sítios tão díspares como a cidade de Walpi, no condado Navajo do Arizona, ou a arquitectura histórica da Cidade do Belize, na América Central.
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