15/10/2009
Obras na Sé foram embargadas. E agora?
Exmo. Senhor Ministro da Cultura
Dr. José Pinto Ribeiro
C.c. Cardeal Patriarca, D. José Policarpo
C.c Director-Regional de LVT
C.c. Presidente do IGESPAR
C.c. Presidente da CML
C.c. Presidente da AML
C.c. Presidente da Junta de Freguesia da Sé
É com regozijo que tomamos nota do embargo da obra de "restauro" levada a cabo no portão norte da Sé de Lisboa (embora o mesmo tenha sido decretado já as obras tinham terminado) e, comprovadamente, do total desconhecimento da mesma por parte das entidades que tutelam o património no país, o IGESPAR e a DRC-LVT.
Chegados a este ponto, importa:
1. Saber quais as pedras que foram retiradas (dos primórdios da Sé? da intervenção joanina? do restauro cuidado de Fuschini do princípio do séc.XX? dos arranjos do Estado Novo?), onde estão e como repor a situação antes da obra.
Acresce que se alguma das pedras "originais" foi removida, cortada ou de alguma maneira deturpada para fins de encaixamento / ajustamento das novas pedras de forra, todos os princípios reconhecidos internacionalmente de conservação e restauro foram invertidos, vide http://www.international.icomos.org/charters/venice_e.htm .
2. Exigir responsabilidades ao Patriarcado, designadamente aos Cónegos da Sé de Lisboa que tiveram a iniciativa de semelhante obra, que em sim mesmo denota uma imensa irresponsabilidade e um desconhecimento completo do que é um bem cultural dos mais importantes do país e do que é um Monumento Nacional (algum pároco em Itália, por ex., faria semelhante acto?); porque se o soubessem, saberiam que nem sequer podiam intervir no portão de ferro quanto mais nas pedras.
Este facto assume também algo de caricato por decorrer no exacto momento em que o próprio Cardeal Patriarca se mostrou indignado pela falta atenção que se dá ao património de Lisboa.
3. Exigir aos órgãos do Estado (IGESPAR, DRC-LVT e CML) mais pró-actividade na fiscalização do estado de coisas de Monumentos Nacionais, Imóveis de Interesse Público e Imóveis de Interesse Municipal.
Na expectativa de que seja devolvida à Sé de Lisboa a sua dignidade enquanto Monumento Nacional, corrigindo-se de imediato a obra efectuada, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Júlio Amorim, António Sérgio Rosa de Carvalho, Luís Marques da Silva, Carlos Leite de Sousa, Miguel Atanásio Carvalho, José Morais Arnaud, Nuno Santos Silva, Nuno Franco e Sofia Vilarigues
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