Sondagem: PS ultrapassa AD e maioria vê Montenegro sem condições
Barómetro
Aximage/DN, feito já depois de o Governo anunciar moção de confiança, revela
que, para 50% dos inquiridos, o primeiro-ministro não deve ficar em funções.
Opinião
Estará
Luís Montenegro ferido de morte?
Valentina
Marcelino
Publicado a:
11 Mar 2025,
01:00
https://www.dn.pt/opiniao/estar%C3%A1-lu%C3%ADs-montenegro-ferido-de-morte
Que a
Democracia não é perfeita, que é o pior sistema político com exceção de todos
os outros, todos já ouvimos dizer. Mas o que é inquietante é que não se
encontrem soluções para a ir melhorando e, com isso, tornar a sociedade mais
inspiradora e justa. Todas as dúvidas e inquietações que surgem quando um
primeiro-ministro fica sob suspeita deviam ter resposta célere, além do combate
político que está sempre subjugado a um viés que é o calendário eleitoral. A
resposta sobre se Luís Montenegro agiu dentro das regras ou não, se cometeu
irregularidades ou ilegalidades, devia poder ser dada por uma entidade
competente para o efeito, num prazo razoável que impedisse que todo um Governo
e um projeto para o país, em que mais portugueses acreditaram há menos de um
ano, fosse transformado num mero jogo político. Mas sabemos que, apesar de o
combate à corrupção ter sido uma bandeira do Executivo, esse organismo não
existe.
A Entidade
para a Transparência é um mero depósito de registo de interesses dos titulares
de cargos públicos; o Mecanismo Nacional Anticorrupção criado há dois anos é
ainda um fantasma. Resta o Ministério Público, que pode investigar suspeitas de
prática de crimes.
Neste caso,
ao que assumiu publicamente através da Procuradoria-Geral da República, está a
“analisar” uma denúncia anónima relacionada com a empresa de Luís Montenegro
que está no centro do furacão. Só que o procurador-Geral, Amadeu Guerra, já
veio dizer que as entidades, como a que dirige, devem ser “dotadas de todos os
meios ao seu alcance” para permitir uma “total autonomia” na “análise dos
rendimentos e impedimentos” ao “contrário do que hoje acontece”. Pediu uma
“mudança de pensamento político, uma mudança de paradigma”.
Amadeu
Guerra quer autonomia financeira para a PGR e declarou na abertura do ano
judicial esperar que esta fosse “operacionalizada no Orçamento para 2026”.
Compreendendo
que Guerra não queira seguir a linha da antecessora Lucília Gago, que levou à
demissão de António Costa e à queda de um Governo maioritário, mais difícil é
entender por que o MP não abre um inquérito sobre o atual caso e lhe dá
prioridade absoluta.
Aconteça o
que acontecer hoje no Parlamento, com eleições ou sem eleições, Luís Montenegro
vai continuar a ser escrutinado. Pedro Nuno Santos garante que não vai desistir
da Comissão Parlamentar de Inquérito, a única sede em que, atualmente, será
possível esclarecer todas as dúvidas. Olhando para a sondagem que publicamos
esta terça-feira, os portugueses já não têm muitas e responsabilizam o
primeiro-ministro pela crise.
É caso para
perguntar se Montenegro não estará politicamente ferido de morte, arrastado por
todas a desfuncionalidades de um sistema que tinha obrigação de melhorar em
nome da transparência e, principalmente, da credibilidade. Da sua, da dos
políticos e da Democracia.
Diretora-adjunta
do Diário de Notícias
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