PJ afasta indícios de terrorismo e aponta para
"surto psicótico"
O diretor nacional da PJ refere que o ataque ao Centro
Ismaelita de Lisboa não configura a prática de um crime motivado
religiosamente, ou seja terrorismo. Não foi encontrado o "mínimo
indício" de radicalização.
DN
29 Março 2023 —
10:30
Luís Neves,
diretor nacional da Polícia Judiciária, afirmou esta quarta-feira que
"estão afastados todos os sinais de que possamos estar perante a prática
de um crime motivado religiosamente, ou seja, terrorismo. Esse sinal está
praticamente afastado".
Aos jornalistas,
Luís Neves disse que o ataque com faca ao Centro Ismaelita, que resultou em
dois mortos, está relacionado com a prática de "crimes de natureza
comum".
"Estamos a
falar da prática de crimes graves, dois homicídios qualificados consumados e um
na forma atentada, Há ainda uma pessoa gravemente ferida", que continuará
internado durante "muito tempo" referiu.
Em colaboração
com as autoridades nacionais e de outros países, a PJ conseguiu
"mapear" a vida do autor do ataque, um refugiado afegão, quer no
período em que viveu no seu território de origem, quer no período em que esteve
na Grécia, e desde que chegou a Portugal, em 2021, não tendo encontrado sinais
de radicalização.
"De tudo
aquilo que foi recolhido, não há o mínimo indício, um único sinal que permita
afirmar que estamos perante a radicalização, sobretudo do que é a matriz
religiosa, de uma pessoa", declarou Luís Neves.
O diretor
nacional da PJ indicou ainda que o autor do ataque que tinha um "modus
vivendi ocidentalizado".
"Vamos
continuar a trabalhar. Há respostas que ainda nos faltam, mas, no essencial, o
que quero dizer é que não há um único indício que aponte para um ato de
natureza terrorista", reforçou Luís Neves.
O diretor da PJ
admitiu a hipótese de um momento de um "surto psicótico", mas só uma
perícia psiquiatra é que poderá avaliar esta situação, revelando que o autor do
ataque já foi interrogado pelas autoridades.
Luís Neves
adiantou que poderá ter ocorrido "a somatização do descontentamento"
do agressor em "relação a esta ou aquelas pessoas".
As buscas à casa
do refugiado afegão, em Odivelas, devem começar a "qualquer momento".
"Estamos à espera de um mandado judicial", explicou o responsável
máximo pela PJ.
Ainda segundo o
diretor nacional da PJ, a conclusão de que não houve ato terrorista, retirada
após um "trabalho ininterrupto" da PJ durante toda a noite e nas
últimas horas, "muda tudo" em termos do que poderia ser o grau de
ameaça e a cooperação policial exigidas para fazer face à situação.
Luís Neves
referiu que o refugiado afegão, que passou anteriormente pela Grécia,
tencionava viajar em breve para a Alemanha juntamente com os seus filhos
menores.
O diretor-geral
da PJ congratulou-se com a rápida e eficaz intervenção da PSP logo após o
ataque ter ocorrido, o que, nas suas palavras, evitou que o número de mortos e
feridos pudesse ser bastante mais elevado.
Ministério
Público abre inquérito ao ataque no Centro Ismaili
O Ministério
Público (MP) abriu, entretanto, um inquérito ao ataque ocorrido no Centro
Ismaili, em Lisboa, segundo uma nota publicada no site da Procuradoria-Geral da
República (PGR).
A investigação
está a cargo da Polícia Judiciária, sob a orientação do Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP) do MP, encontrando-se sujeita a segredo de
justiça.
O ataque - cuja
motivação é ainda desconhecida - foi condenado pelo Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa.
O homicida agora
detido é beneficiário, como refugiado, do estatuto de proteção internacional e
não era alvo de "qualquer sinalização" pelas autoridades.
Recorde-se que a
PSP foi alertada para um ataque com arma branca, no Centro Ismaili às 10:57 de
terça-feira. Quando chegaram ao local, os agentes "deparam-se com um homem
armado com uma faca de grandes dimensões".
"Foram dadas
ordens ao atacante para que cessasse o ataque, ao que o mesmo desobedeceu,
avançando na direção dos polícias, com a faca na mão", relatou a PSP em
comunicado.
Perante a
"ameaça grave e em execução, os polícias efetuaram recurso efetivo a arma
de fogo contra pessoa, atingindo e neutralizando o agressor".
O refugiado
afegão foi depois transportado para o Hospital de São José, em Lisboa, onde foi
submetido a uma cirurgia, tendo já sido transferido para o Hospital Curry
Cabral, de acordo com a SIC Notícias.
Com Lusa
Notícia
atualizada às 11.54
Comunidade afegã
pede "pena máxima" para autor do ataque ao Centro Ismaelita
A Associação da
Comunidade Afegã em Portugal diz estar "profundamente chocada" com o
ataque no Centro Ismaili, em Lisboa, que fez dois mortos e um ferido. Manifesta
"confiança no sistema judicial português" e espera que o caso seja
investigado "ao pormenor".
Comunidade afegã pede "pena máxima" para autor
do ataque ao Centro Ismaelita
© Leonardo Negrão
/ Global Imagens
DN
29 Março 2023 —
09:25
"Profundamente
chocada" com o ataque de terça-feira ao Centro Ismaelita de Lisboa, a
Associação da Comunidade Afegã em Portugal pede "pena máxima" ao
agressor, um refugiado afegão, que matou, com recurso a uma faca, duas
mulheres, que trabalhavam no centro.
"Aproveitamos
a oportunidade para solicitar ao sistema do governo português que considere a
pena máxima para o agressor com base nas leis e nos regulamentos judiciais do
país", refere a comunidade afegã, em comunicado, indicando que se trata de
um ato individual, que não deve ser generalizado.
A associação
condena o "brutal e criminoso" ato que ocorreu no Centro Ismaelita -
cujas motivações não são conhecidas - e manifesta "confiança no sistema
judicial português", esperando que o ataque seja investigado ao
"pormenor" e que os resultados da investigação sejam partilhados com
o público.
Considera o
ataque como sendo "um grave crime contra a humanidade" e contra a
"sociedade pacífica de Portugal", segundo indica a nota.
O refugiado
afegão levou a cabo um ataque com uma "faca de grandes dimensões" no
Centro Ismaili, em Lisboa. Duas mulheres que trabalhavam no centro morreram e
uma pessoa ficou ferida. O agressor foi atingido pelos agentes da PSP, tendo
sido levado para o Hospital de São José, em Lisboa, onde foi submetido a uma
cirurgia.
"Em
circunstância alguma tais atos violentos e criminosos seriam aceitáveis pela
comunidade afegã em Portugal e pela sociedade pacífica de Portugal", declara
a associação, que apresenta condolências às famílias das vítimas e uma
"rápida recuperação" aos feridos.
"Acreditamos
firmemente numa comunidade forte e pacífica onde todos possam viver em paz e
harmonia, independentemente da sua raça, cor, etnia e ou diferenças
linguísticas", conclui a comunidade afegã.
O ataque foi
condenado pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro, António Costa.
Marcelo Rebelo de Sousa pediu que não se façam generalizações, considerando que
seria "injusto e precipitado" tratando-se de um "ato
isolado".
O homicida agora
detido é beneficiário, como refugiado, do estatuto de proteção internacional e
não era alvo de "qualquer sinalização" pelas autoridades.
Trata-se de Abdul
Bashir, nascido em 1994, um refugiado afegão, viúvo, que reside em Odivelas com
três filhos menores. O homem estava em Portugal desde 2021, vindo da Grécia, e
teria distúrbios mentais
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