quarta-feira, 29 de março de 2023

PJ afasta indícios de terrorismo e aponta para "surto psicótico"



PJ afasta indícios de terrorismo e aponta para "surto psicótico"

 

O diretor nacional da PJ refere que o ataque ao Centro Ismaelita de Lisboa não configura a prática de um crime motivado religiosamente, ou seja terrorismo. Não foi encontrado o "mínimo indício" de radicalização.

 


DN

29 Março 2023 — 10:30

https://www.dn.pt/sociedade/pj-afasta-terrorismo-no-ataque-ao-centro-ismaelita-de-lisboa--16091566.html

 

Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária, afirmou esta quarta-feira que "estão afastados todos os sinais de que possamos estar perante a prática de um crime motivado religiosamente, ou seja, terrorismo. Esse sinal está praticamente afastado".

 

Aos jornalistas, Luís Neves disse que o ataque com faca ao Centro Ismaelita, que resultou em dois mortos, está relacionado com a prática de "crimes de natureza comum".

 

"Estamos a falar da prática de crimes graves, dois homicídios qualificados consumados e um na forma atentada, Há ainda uma pessoa gravemente ferida", que continuará internado durante "muito tempo" referiu.

 

Em colaboração com as autoridades nacionais e de outros países, a PJ conseguiu "mapear" a vida do autor do ataque, um refugiado afegão, quer no período em que viveu no seu território de origem, quer no período em que esteve na Grécia, e desde que chegou a Portugal, em 2021, não tendo encontrado sinais de radicalização.

 

"De tudo aquilo que foi recolhido, não há o mínimo indício, um único sinal que permita afirmar que estamos perante a radicalização, sobretudo do que é a matriz religiosa, de uma pessoa", declarou Luís Neves.

 

O diretor nacional da PJ indicou ainda que o autor do ataque que tinha um "modus vivendi ocidentalizado".

 

"Vamos continuar a trabalhar. Há respostas que ainda nos faltam, mas, no essencial, o que quero dizer é que não há um único indício que aponte para um ato de natureza terrorista", reforçou Luís Neves.

 

O diretor da PJ admitiu a hipótese de um momento de um "surto psicótico", mas só uma perícia psiquiatra é que poderá avaliar esta situação, revelando que o autor do ataque já foi interrogado pelas autoridades.

 

Luís Neves adiantou que poderá ter ocorrido "a somatização do descontentamento" do agressor em "relação a esta ou aquelas pessoas".

 

As buscas à casa do refugiado afegão, em Odivelas, devem começar a "qualquer momento". "Estamos à espera de um mandado judicial", explicou o responsável máximo pela PJ.

 

Ainda segundo o diretor nacional da PJ, a conclusão de que não houve ato terrorista, retirada após um "trabalho ininterrupto" da PJ durante toda a noite e nas últimas horas, "muda tudo" em termos do que poderia ser o grau de ameaça e a cooperação policial exigidas para fazer face à situação.

 

Luís Neves referiu que o refugiado afegão, que passou anteriormente pela Grécia, tencionava viajar em breve para a Alemanha juntamente com os seus filhos menores.

 

O diretor-geral da PJ congratulou-se com a rápida e eficaz intervenção da PSP logo após o ataque ter ocorrido, o que, nas suas palavras, evitou que o número de mortos e feridos pudesse ser bastante mais elevado.

 

Ministério Público abre inquérito ao ataque no Centro Ismaili

O Ministério Público (MP) abriu, entretanto, um inquérito ao ataque ocorrido no Centro Ismaili, em Lisboa, segundo uma nota publicada no site da Procuradoria-Geral da República (PGR).

 

A investigação está a cargo da Polícia Judiciária, sob a orientação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do MP, encontrando-se sujeita a segredo de justiça.

 

O ataque - cuja motivação é ainda desconhecida - foi condenado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro, António Costa.

 

O homicida agora detido é beneficiário, como refugiado, do estatuto de proteção internacional e não era alvo de "qualquer sinalização" pelas autoridades.

 

Recorde-se que a PSP foi alertada para um ataque com arma branca, no Centro Ismaili às 10:57 de terça-feira. Quando chegaram ao local, os agentes "deparam-se com um homem armado com uma faca de grandes dimensões".

 

"Foram dadas ordens ao atacante para que cessasse o ataque, ao que o mesmo desobedeceu, avançando na direção dos polícias, com a faca na mão", relatou a PSP em comunicado.

 

Perante a "ameaça grave e em execução, os polícias efetuaram recurso efetivo a arma de fogo contra pessoa, atingindo e neutralizando o agressor".

 

O refugiado afegão foi depois transportado para o Hospital de São José, em Lisboa, onde foi submetido a uma cirurgia, tendo já sido transferido para o Hospital Curry Cabral, de acordo com a SIC Notícias.

 

Com Lusa

 

Notícia atualizada às 11.54

 

Comunidade afegã pede "pena máxima" para autor do ataque ao Centro Ismaelita

A Associação da Comunidade Afegã em Portugal diz estar "profundamente chocada" com o ataque no Centro Ismaili, em Lisboa, que fez dois mortos e um ferido. Manifesta "confiança no sistema judicial português" e espera que o caso seja investigado "ao pormenor".

 

 

Comunidade afegã pede "pena máxima" para autor do ataque ao Centro Ismaelita

© Leonardo Negrão / Global Imagens

 

DN

29 Março 2023 — 09:25

https://www.dn.pt/sociedade/comunidade-afega-pede-pena-maxima-para-autor-do-ataque-ao-centro-ismaelita-16091116.html

 

"Profundamente chocada" com o ataque de terça-feira ao Centro Ismaelita de Lisboa, a Associação da Comunidade Afegã em Portugal pede "pena máxima" ao agressor, um refugiado afegão, que matou, com recurso a uma faca, duas mulheres, que trabalhavam no centro.

 

"Aproveitamos a oportunidade para solicitar ao sistema do governo português que considere a pena máxima para o agressor com base nas leis e nos regulamentos judiciais do país", refere a comunidade afegã, em comunicado, indicando que se trata de um ato individual, que não deve ser generalizado.

 

A associação condena o "brutal e criminoso" ato que ocorreu no Centro Ismaelita - cujas motivações não são conhecidas - e manifesta "confiança no sistema judicial português", esperando que o ataque seja investigado ao "pormenor" e que os resultados da investigação sejam partilhados com o público.

 

Considera o ataque como sendo "um grave crime contra a humanidade" e contra a "sociedade pacífica de Portugal", segundo indica a nota.

 

O refugiado afegão levou a cabo um ataque com uma "faca de grandes dimensões" no Centro Ismaili, em Lisboa. Duas mulheres que trabalhavam no centro morreram e uma pessoa ficou ferida. O agressor foi atingido pelos agentes da PSP, tendo sido levado para o Hospital de São José, em Lisboa, onde foi submetido a uma cirurgia.

 

"Em circunstância alguma tais atos violentos e criminosos seriam aceitáveis pela comunidade afegã em Portugal e pela sociedade pacífica de Portugal", declara a associação, que apresenta condolências às famílias das vítimas e uma "rápida recuperação" aos feridos.

 

"Acreditamos firmemente numa comunidade forte e pacífica onde todos possam viver em paz e harmonia, independentemente da sua raça, cor, etnia e ou diferenças linguísticas", conclui a comunidade afegã.

 

O ataque foi condenado pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro, António Costa. Marcelo Rebelo de Sousa pediu que não se façam generalizações, considerando que seria "injusto e precipitado" tratando-se de um "ato isolado".

 

O homicida agora detido é beneficiário, como refugiado, do estatuto de proteção internacional e não era alvo de "qualquer sinalização" pelas autoridades.

 

Trata-se de Abdul Bashir, nascido em 1994, um refugiado afegão, viúvo, que reside em Odivelas com três filhos menores. O homem estava em Portugal desde 2021, vindo da Grécia, e teria distúrbios mentais

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