Na Rua das Taipas
quase não passa gente e o comércio afunda-se
Obras em São
Pedro de Alcântara, que começaram em 2017, tardam em estar concluídas.
João Pedro Pincha
João Pedro Pincha
3 de Janeiro de 2020, 8:43
Desde meados do
ano passado que quase não passa vivalma pela Rua das Taipas. Cortada ao
trânsito automóvel e pedestre, a artéria que permite ligar o Bairro Alto à
Avenida da Liberdade tem sido a vítima colateral das obras no Miradouro de São
Pedro de Alcântara, que já levam meses de atraso.
O comércio é
pouco e tenta resistir. “Precisamos da rua aberta. Não vem ninguém”, lamenta
Ana Luelmo, que gere o restaurante de petiscos Encosta. No início de 2019, Ana
e o irmão investiram neste negócio conscientes de que a Rua das Taipas “não é
propriamente a mais movimentada de Lisboa”, mas não esperavam o que se seguiu.
Quando o
Miradouro de São Pedro de Alcântara entrou em obras para estabilização do
terreno, em Maio de 2017, a rua foi cortada e assim se manteve até ao Verão de
2018. Reabriu de cara lavada entre a esquina do miradouro e o edifício da Santa
Casa, com asfalto e passeios renovados.
Voltou a fechar
em Junho de 2019. Foi por essa altura que começaram os trabalhos de paisagismo
na plataforma inferior do miradouro, que antes das obras tinha canteiros
ajardinados, bancos, candeeiros, uma fonte e vários bustos em pedra. A
intervenção devia ter durado quatro meses, mas já leva seis e na rua ninguém
sabe quando terminará.
“Nós ficámos
surpreendidos porque isto fechou, abriu e fechou logo a seguir”, conta João
Dias da Silva, do snack-bar Jonor. Como já fica na esquina entre a Rua das
Taipas e a Rua da Conceição da Glória, o estabelecimento ainda vai tendo algum
movimento. “Vendemos uns cafezitos de manhã e à hora de almoço. A partir das
duas da tarde, se vier aqui uma dúzia de clientes já é bom”, relata.
Em pior situação
está Ana Luelmo, cujo restaurante fica num local onde só passam mesmo
funcionários da Santa Casa e alguns trabalhadores da construção civil. “Temos
seis ou sete almoços”, diz a empresária. Um cenário bem diferente do que marcou
os primeiros meses do negócio, que superaram as suas próprias expectativas. “No
primeiro dia achava vinha uma ou duas pessoas e a casa encheu. Os primeiros
três meses correram bastante bem.”
Tanto no
restaurante como no snack-bar é a falta de informação que mais irrita os
comerciantes. “O passeio podia estar aberto perfeitamente. Vieram uns dois ou
três dias antes avisar que a rua ia fechar e não deram nenhuma satisfação”,
reclama João Dias da Silva. Também Ana Luelmo questiona “a necessidade de a rua
estar fechada”.
O fecho da rua
causa incómodo também aos moradores. Se quiserem deslocar-se ao Chiado, ao
Bairro Alto ou ao próprio miradouro a pé, são forçados a dar uma volta bastante
maior, via Travessa da Conceição da Glória, e a subir uma longa escadaria.
O PÚBLICO
procurou perceber junto de fontes da Câmara de Lisboa quando se prevê a
conclusão da empreitada e a reabertura da rua, mas tal não foi possível. O
cartaz afixado pela autarquia no local indica um prazo já muito ultrapassado e
a partir do miradouro não é possível descortinar o estado das obras, uma vez
que se mantém ali uma vedação metálica que impede o acesso à varanda sobre a
plataforma inferior.
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