Para
quando o “enterro oficial” da Europa Federal ?
Enquanto Portugal se
dilui amorfamente na discussão do “Futuro” a curtíssimo prazo,
como sempre, a História é feita algures. Com uma total inexistência
de elites nacionais capazes de digerir e reflectir sobre os
acontecimentos internacionais que estão a reformatar uma União
Europeia em estado comatoso, ( A Europa Federal, essa, já morreu )
Portugal entrega-se a discussões e debates inúteis sobre
candidatos, que não dizem nada a ninguém.
À Alemanha do
pós-guerra, só lhe era permitido recuperar através de um
desenvolvimento económico. As “ideologias” , numa componente
perigosa entre Metafisica, Idealismo, Sentimento Natural de
Superioridade e Método, Capacidade Técnica e Produção Industrial,
tinham levado a Alemanha, e com ela o resto da Europa, a duas Guerras
Mundiais.
O ideal da Europa
Unida viria contrabalaçar e neutralizar os acontecimentos do Sec. XX
na Europa, e tornar impossível a sua repetição.
Merkel foi formada
pelo novo tipo de Idealismo Alemão.
Filha de um Pastor
Luterano, que optou idealísticamente por viver na DDR afim de salvar
almas dos horrores ideológicos do Estalinismo, Merkel cresceu na DDR
e desenvolveu o seu idealismo Europeu junto ao seu Calvinismo
Financeiro.
No entanto, um
grande papel estava reservado à Alemanha. Liderar a Europa Unida em
direcção a uma nova terra prometida. Só a superioridade moral,
vitalidade, rigor, método e vontade inabalável da Alemanha poderia
alcançar este objectivo supremo.
Enquanto os
indolentes povos do Sul da Europa recebiam o “maná” nesta
travessia do deserto, eles teriam que ser disciplinados e
reformatados em novos métodos disciplinadores, independentemente dos
sofrimentos transformadores.
Os povos do Leste
teriam que ser libertados das suas obsessões identitárias-
nacionalistas e anti cosmopolitas, alimentadas pelo receio da Rússia,
e integrados no Universalismo Globalizador dos Mercados.
Embalada e
estimulada por estas visões futuras, esquecendo-se que a História é
determinada pelo factor “Irracional” da Natureza Humana e suas
motivações profundas, diversas e ancestrais, Merkel cometeu um
profundo erro de avaliação.
Baseando-se na ideia
da Superioridade Moral do Ocidente e da sua infalibilidade, Merkel
confrontada com uma situação mista de tragédia e desespero
expectante de milhões de refugiados , cometeu um colossal erro de
avaliação estratégica e abriu literalmente a “Caixa de Pandora”,
criando expectativas e promessas paradisíacas a milhares de seres
humanos.
O “ Génio” do
ressentimento e sentimento anti Globalização já fortemente latente
em estado embriónico, encontrou um canal de expressão numa crise
que cresce diáriamente e está a destruir o ideal Europeu e a
torná-lo definitivamente impossível numa perspectiva Federal.
A ideia de conseguir
a “Unidade” Europeia exclusivamente em nome de uma ideologia
Materialista, construida excusivamente num mecanismo Financeiro e
Neo-Liberal , Globalizador e Nivelador da perspectiva cultural,
recusando as diferenças e o direito à diversidade, acentuando estas
tensões latentes e identitárias, através de um desafio gigantesco
de integração de mais de um milhão de pessoas, iludidas por
irrealistas e altas expectativas, libertou definitivamente o “Génio
da Garrafa”.
Estes trágicos
equívocos foram resumidos e ilustrados pela reacção de um
refugiado que ao ser confrontado pela polícia em Colónia, durante
os graves acontecimentos da passagem de ano, disse: “Tem que me
tratar bem, fui directamente convidado pela Senhora Merkel”...
A Alemanha está
agora entregue a tensões internas políticas e ideológicas
impensáveis e inconcebíveis há alguns anos atrás, que vão
juntamente com outros desafios ( Brexit, Europa de Leste ) determinar
um Futuro na Europa, que tem como única alternativa, a Europa da
Unidade em Diversidade,
reformatação e reformulação, que mesmo com esta “revisão” e
“plano de salvação” , terá grandes dificuldades em ser
definida e implementada.
OVOODOCORVO
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