País
José Luís
Carneiro diz que imigração "não é problema nacional de segurança
pública"
Agência Lusa
16 jun 2025
22:10
José Luís
Carneiro, candidato único à liderança do PS, escusou-se hoje a comentar a
intenção do líder do Chega, André Ventura, avançar com uma comissão parlamentar
de inquérito sobre as suspeitas de "atribuição criminosa" da
nacionalidade portuguesa.
Em
conferência de imprensa, o líder do Chega considerou que "a partir de 2017
o número de atribuição de nacionalidade aumentou descontroladamente", pelo
que vai propor que a comissão investigue desde esse ano até ao último governo,
liderado por Luís Montenegro.
Ventura
admitiu, por isso, que, se a iniciativa avançar no Parlamento, vai querer ouvir
o ex-primeiro-ministro e atual presidente do Conselho Europeu, António Costa, o
atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, o ministro dos Negócios Estrangeiros,
Paulo Rangel, o antigo responsável pela pasta Augusto Santos Silva, assim como
os anteriores ministros da Administração Interna José Luís Carneiro, e
Margarida Blasco.
Confrontado
com esta tomada de posição, à entrada da sessão de apresentação da candidatura
aos socialistas da Guarda, José Luís Carneiro começou por dizer que estava ali
para falar sobre "os contratos territoriais de desenvolvimento" e
ouvir os contributos dos militantes locais.
No entanto,
o candidato único a secretário-geral do PS acrescentou aos jornalistas que a
imigração "não é um problema nacional de segurança pública" e que,
"hoje, o país é mais seguro do que era quando tinha apenas cerca de mil
inspetores do SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, extinto em
2023]".
"Hoje,
Portugal tem esses inspetores que estão na Polícia Judiciária e, além disso,
tem a PSP e a GNR", afirmou.
O que
preocupa o antigo ministro da Administração Interna são "as mensagens de
ódio, de agressividade", às quais o Governo ainda não deu resposta.
"Tem
havido nos últimos tempos manifestações que considero graves de desrespeito
pelos valores constitucionais, que devem merecer da parte do Governo e das
autoridades todo o empenhamento para garantir que os direitos, as liberdades e
as garantias fundamentais dos cidadãos são acautelados e salvaguardados",
defendeu.
Para José
Luís Carneiro, "a prática" tem sido o Governo falar "quando não
se justifica e de estar em silêncio quando se justifica", exemplificando
com o caso do ator de A Barraca agredido, em Lisboa, por elementos afetos a
grupos neonazis.
"Isso
deve merecer uma repulsa imediata de todos os responsáveis políticos",
sustentou.
José Luís
Carneiro prosseguiu, afirmando que, "quando alguém está numa manifestação
democrática, no uso da palavra, e é insultado, vilipendiado no espaço público,
isso deve merecer uma palavra de repúdio e a mobilização das forças de
segurança e também do próprio Ministério Público para responsabilizar aqueles
que atentam contra as liberdades fundamentais".
"Isso é
que nos deve preocupar a todos", sustentou, lembrando que, "entre
2003 e 2023, o país teve menos 45 mil crimes participados, entre 2013 e 2023
teve menos 5.000 crimes participados, o que significa que é um país
seguro".
"Há
algo que me preocupou e tem que ver com o facto de o Governo ter trazido
propostas para o programa de Governo que não estavam no programa eleitoral, nem
estavam na discussão eleitoral, nomeadamente em relação às questões laborais, o
direito à greve, por exemplo, e também na saúde, no que respeita à revisão da
Lei de Bases da Saúde", disse, hoje, na Guarda o também deputado
socialista na Assembleia da República à agência Lusa.
José Luís
Carneiro falava aos jornalistas à entrada da sessão de apresentação da sua
candidatura à liderança do PS, que decorreu no auditório da antiga Junta de
Freguesia de São Miguel da Guarda.
Para o
socialista, "quando temos uma campanha eleitoral e não se fala destes
assuntos, e agora, no programa do Governo, aparecem estes temas, isto significa
esconder dos eleitores aspetos, dimensões, que, se os eleitores tivessem
conhecimento delas, poderiam ter tido um sentido de voto diferente".
"O que
digo ao Governo é que a confiança é um gelo muito fino, é um assunto que exige
uma grande sensibilidade, é assunto de grande melindre e, portanto, sugeria que
o Governo tivesse boas explicações para dar ao Parlamento em relação a matérias
desta natureza", avisou.
José Luís
Carneiro fica a aguardar pelas "explicações" do Governo, mas realçou
que este assunto "merece a nossa censura sem sombra de dúvida".
Na Guarda,
perante uma sala bem composta, o único candidato a secretário-geral do PS veio
ouvir os contributos de militantes, simpatizantes e representantes da
sociedade.
"Estive
em Viseu e Bragança [no domingo] e tenho recebido imensos contributos que
permitem aperfeiçoar a própria moção de estratégia, nomeadamente sobre a forma
de combater as desigualdades, as assimetrias, e, no caso da Guarda, como nós
poderemos desenvolver políticas para criar oportunidades de vida no interior,
que estimulem maior justiça social, valorizando salários, fixando os mais
jovens nestes territórios, encontrando oportunidades para que as empresas
possam investir e criar emprego", afirmou
José Luís
Carneiro declarou que estas sessões de apresentação da sua candidatura têm sido
"um momento extraordinário de diálogo, com muita participação" e que
mostram que, "em certa medida, havia uma necessidade de vir ao encontro
dos militantes, simpatizantes e de pessoas da sociedade civil"
Sobre as
Presidenciais e o apoio à candidatura de António José Seguro, apresentada no
domingo, o candidato a líder do PS reiterou que a posição do partido será
tomada no "momento oportuno".
"Neste
momento, a nossa grande preocupação e prioridade são as autárquicas, que é o
grande sustentáculo democrático do país e a grande base política do PS",
justificou.
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