sábado, 10 de julho de 2021

Luís Filipe Vieira em prisão domiciliária até pagar caução de três milhões de euros

 


Luís Filipe Vieira em prisão domiciliária até pagar caução de três milhões de euros

 

Vieira fica impedido de contactar com dirigentes do clube e da SAD. Carlos Alexandre decidiu aplicar medidas de coacção pedidas pelo MP. Restantes arguidos do processo Cartão Vermelho saem em liberdade, mediante pagamento de cauções. Valor total das cauções é de 5,9 milhões de euros.

 

PÚBLICO e Lusa

10 de Julho de 2021, 20:14

https://www.publico.pt/2021/07/10/sociedade/noticia/luis-filipe-vieira-prisao-domiciliaria-ate-pagar-caucao-tres-milhoes-euros-1969903

 

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira​, vai ficar em prisão domiciliária, sem pulseira electrónica, até pagar uma caução de três milhões de euros, num prazo de 20 dias, decidiu o juiz Carlos Alexandre este sábado. 

 

Luís Filipe Vieira fica também proibido de contactos com os outros arguidos, bem como com elementos da direcção do Benfica e administração da SAD benfiquista. É também obrigado a entregar o passaporte, ficando proibido de sair do país.

 

O juiz decidiu aplicar as medidas de coacção pedidas pelo procurador do Ministério Público (MP) Rosário Teixeira.

 

Os outros arguidos saem em liberdade, mediante o pagamento de cauções:

 

José António dos Santos – caução de 2 milhões de euros

Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira – caução de 600 mil euros

Bruno de Macedo – caução de 300 mil euros

Todos os arguidos ficam proibidos de contactos entre si.

 

Advogado de Vieira fez balanço “positivo” de interrogatório

 

O interrogatório a Luís Filipe Vieira, que suspendeu funções como presidente das “águias”, terminou às 14h15. O advogado Magalhães e Silva considerou que a audição do constituinte “correu bem”, tendo tido início às 9h15, tendo feito um balanço “positivo” e afirmando que “respondeu a todas as questões, sem nenhuma excepção”, com o empresário a afirmar a sua inocência.

 

Segundo o advogado, Vieira conseguiu defender-se das questões efectuadas pelo juiz Carlos Alexandre: “As explicações que Luís Filipe Vieira deu, do meu ponto de vista, ilibam-no integralmente”.

 

Em relação ao processo, Magalhães e Silva revelou ainda que “o que há relativamente às offshores são transacções imobiliárias sem nenhuma ponta de ilegalidade”.

 

Vieira e os outros três detidos no processo chegaram ao tribunal às 9h03 deste sábado, depois de pernoitarem pela terceira vez consecutiva nas instalações do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.

 

Luís Filipe Vieira, de 72 anos, foi a última das quatro pessoas detidas no âmbito da investigação Cartão Vermelho a ser ouvida por Carlos Alexandre, antes da aplicação das medidas de coação.

 

Na sexta-feira, o empresário José António dos Santos foi o primeiro a prestar declarações, durante a manhã, seguindo-se, da parte da tarde, os interrogatórios de Bruno Macedo e de Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira.

 

Também na sexta-feira, Luís Filipe Vieira comunicou a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica – nas quais foi substituído por Rui Costa -, por intermédio do seu advogado, à porta do TCIC.

 

As suspeitas

Luís Filipe Vieira é suspeito de ter montado um esquema financeiro para retirar dinheiro do clube, usando estas verbas para “benefício pessoal”.

 

Nos mandados, o Ministério Público descreve vários esquemas de fraude que terão causado prejuízo não só à SAD benfiquista, como ao Novo Banco e ao Estado português, quer através de impostos não cobrados, quer através de injecções de capitais públicos no Novo Banco e de financiamento ao Fundo de Resolução.

 

Vieira será também responsável pelo aumento indevido das comissões inerentes à venda de jogadores, que depois reverteriam para as empresas do universo de Luís Filipe Vieira, para onde terão sido desviados quase 2,5 milhões de euros.

 

Segundo o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), os quatro detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

 

Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e susceptíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

 

Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.

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