Luís Filipe Vieira em prisão domiciliária até pagar
caução de três milhões de euros
Vieira fica impedido de contactar com dirigentes do clube
e da SAD. Carlos Alexandre decidiu aplicar medidas de coacção pedidas pelo MP.
Restantes arguidos do processo Cartão Vermelho saem em liberdade, mediante
pagamento de cauções. Valor total das cauções é de 5,9 milhões de euros.
PÚBLICO e Lusa
10 de Julho de
2021, 20:14
O presidente do
Benfica, Luís Filipe Vieira, vai ficar em prisão domiciliária, sem
pulseira electrónica, até pagar uma caução de três milhões de euros, num prazo
de 20 dias, decidiu o juiz Carlos Alexandre este sábado.
Luís Filipe
Vieira fica também proibido de contactos com os outros arguidos, bem como
com elementos da direcção do Benfica e administração da SAD benfiquista. É
também obrigado a entregar o passaporte, ficando proibido de sair do país.
O juiz decidiu
aplicar as medidas de coacção pedidas pelo procurador do Ministério Público
(MP) Rosário Teixeira.
Os outros
arguidos saem em liberdade, mediante o pagamento de cauções:
José António dos
Santos – caução de 2 milhões de euros
Tiago Vieira,
filho de Luís Filipe Vieira – caução de 600 mil euros
Bruno de Macedo –
caução de 300 mil euros
Todos os arguidos
ficam proibidos de contactos entre si.
Advogado de
Vieira fez balanço “positivo” de interrogatório
O interrogatório
a Luís Filipe Vieira, que suspendeu funções como presidente das “águias”,
terminou às 14h15. O advogado Magalhães e Silva considerou que a audição do
constituinte “correu bem”, tendo tido início às 9h15, tendo feito um balanço
“positivo” e afirmando que “respondeu a todas as questões, sem nenhuma
excepção”, com o empresário a afirmar a sua inocência.
Segundo o
advogado, Vieira conseguiu defender-se das questões efectuadas pelo juiz Carlos
Alexandre: “As explicações que Luís Filipe Vieira deu, do meu ponto de vista,
ilibam-no integralmente”.
Em relação ao
processo, Magalhães e Silva revelou ainda que “o que há relativamente às
offshores são transacções imobiliárias sem nenhuma ponta de ilegalidade”.
Vieira e os
outros três detidos no processo chegaram ao tribunal às 9h03 deste sábado,
depois de pernoitarem pela terceira vez consecutiva nas instalações do Comando
Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.
Luís Filipe
Vieira, de 72 anos, foi a última das quatro pessoas detidas no âmbito da
investigação Cartão Vermelho a ser ouvida por Carlos Alexandre, antes da
aplicação das medidas de coação.
Na sexta-feira, o
empresário José António dos Santos foi o primeiro a prestar declarações,
durante a manhã, seguindo-se, da parte da tarde, os interrogatórios de Bruno
Macedo e de Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira.
Também na
sexta-feira, Luís Filipe Vieira comunicou a suspensão do exercício de funções
como presidente do Benfica – nas quais foi substituído por Rui Costa -, por
intermédio do seu advogado, à porta do TCIC.
As suspeitas
Luís Filipe
Vieira é suspeito de ter montado um esquema financeiro para retirar dinheiro do
clube, usando estas verbas para “benefício pessoal”.
Nos mandados, o
Ministério Público descreve vários esquemas de fraude que terão causado
prejuízo não só à SAD benfiquista, como ao Novo Banco e ao Estado português,
quer através de impostos não cobrados, quer através de injecções de
capitais públicos no Novo Banco e de financiamento ao Fundo de Resolução.
Vieira será
também responsável pelo aumento indevido das comissões inerentes à venda
de jogadores, que depois reverteriam para as empresas do universo de Luís
Filipe Vieira, para onde terão sido desviados quase 2,5 milhões de euros.
Segundo o
Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), os quatro detidos
são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante
total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados
prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Em causa estão
“factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e
susceptíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada,
falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Para esta
investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências,
escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e
Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em
comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
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