quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Governo envia inspectores do SEF para Timor para travar imigração ilegal

 


IMIGRAÇÃO

Governo envia inspectores do SEF para Timor para travar imigração ilegal

 

O director nacional do SEF proferiu um despacho, nesta terça-feira, a convidar os inspectores a candidatarem-se, uma vez que está previsto que entrem em funções no aeroporto de Díli já no próximo dia 2 de Novembro.

 

Sónia Trigueirão

26 de Outubro de 2022, 6:06

https://www.publico.pt/2022/10/26/sociedade/noticia/governo-envia-inspectores-sef-timor-travar-imigracao-ilegal-2025365

 

Os dois inspectores vão prestar apoio e assessoria técnica às Autoridades de Fronteira de Timor Leste, no Aeroporto Internacional de Díli, pelo período máximo de três semanas NUNO FERREIRA SANTOS

 

Perante o aumento do fluxo de cidadãos timorenses nas fronteiras aéreas, que procuram Portugal sem que tenham condições para aqui residir, o Governo decidiu enviar dois inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para Timor-Leste.

 

Ao que o PÚBLICO apurou, os dois inspectores vão prestar apoio e assessoria técnica às Autoridades de Fronteira de Timor-Leste, no Aeroporto Internacional de Díli, pelo período máximo de três semanas, “mas, caso a situação assim o determine, este apoio será efectuado nos mesmos moldes nos períodos subsequentes”. Está previsto que estes profissionais entrem em funções já no próximo dia 2 de Novembro, quarta-feira da próxima semana.

 

O apoio foi acordado no âmbito do quadro de cooperação entre o Ministério da Administração Interna e o Ministério do Interior da República de Timor-Leste.

 

Neste sentido, o director nacional do SEF, Fernando Pinheiro da Silva, proferiu nesta terça-feira um despacho onde convida os elementos com a categoria de inspector a candidatarem-se às duas vagas.

 

Segundo o despacho a que o PÚBLICO teve acesso, na selecção dos candidatos, será tida em conta “a experiência no controlo de fronteira aérea, a conveniência do serviço e o normal funcionamento das unidades orgânicas do SEF”.

 

É ainda salientado que “os elementos designados não poderão gozar férias no período da deslocação e que as candidaturas devem dar entrada nos recursos humanos do SEF até 28 de Outubro, às 13 horas”.

 

Esta medida surge depois de terem sido noticiadas as condições precárias em que centenas de timorenses estão a viver no nosso país — muitos foram encontrados a dormir nas ruas de Lisboa.

 

Em Setembro, foi a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, quem deu conta aos deputados da comissão parlamentar dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias de que o Alto-Comissariado para as Migrações (ACM) já tinha identificado 664 cidadãos timorenses irregulares a viver em Portugal, na sua maioria homens.

 

A ministra revelou ainda as condições precárias em que muitos estavam a viver. Segundo Ana Catarina Mendes, em Julho, foram encontrados 76 timorenses a dormir na rua, no Largo do Martim Moniz, em Lisboa, e, dias depois, outros tantos em Beja e Serpa.

 

 

No entanto, nesta terça-feira, esses números já estão desactualizados: são muitos mais. Em entrevista à agência Lusa, a secretária de Estado da Igualdade e Migrações, Isabel Almeida Rodrigues, que coordena o grupo de trabalho criado no início de Setembro pelo Governo para acompanhar o fluxo de timorenses, precisou que foram identificadas 825 pessoas em situação de vulnerabilidade. Segundo a mesma governante, são sobretudo homens, jovens, com poucas qualificações e sem domínio da língua portuguesa.

 

De acordo com Isabel Almeida Rodrigues, o grupo de trabalho tem tentado dar apoio a estes cidadãos, nomeadamente ajudando-os na aprendizagem da língua portuguesa e inserindo-os em programas de capacitação e formação para facilitar a integração no mercado de trabalho e na comunidade. Em alguns casos, a ajuda passa por apoiar o regresso a Timor. Porém, segundo a secretária de Estado, “a grande maioria destas pessoas pretende ficar em Portugal”. Pelo menos “720 já procederam à sua manifestação de interesse, tendo em vista a regularização da sua situação jurídica”, revelou.

 

Segundo noticiou o Expresso, o SEF já participou ao Ministério Público 11 situações por indícios de auxílio à imigração ilegal e de tráfico de pessoas, em vários locais, de norte a sul, o que levou à abertura de uma investigação por parte do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

 

Ao que tudo indica, também segundo o semanário, há uma nova rota migratória para Portugal que já foi alimentada por nepaleses, paquistaneses, indianos ou bengalis, mas que agora envolve os timorenses.

 

Viajam para Portugal, via Dubai e Madrid, atrás de “falsas promessas de trabalho nas redes sociais, agências de auxílio à imigração (em Timor) e empresas de trabalho temporário (em Portugal), cada uma a ficar com uma parte dos até seis mil dólares pagos à cabeça pela viagem, contrato e inscrição na Segurança Social”.

 

Depois são deixados à sua sorte ou trabalham sem receber salário porque ainda são obrigados a pagar o alojamento e a comida.

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