domingo, 25 de novembro de 2018


A Casa Branca tentou minimizar e neutralizar as conclusões do relatório sobre as Alterações Climáticas, escrito e apresentado pela sua própria Administração.

"A White House spokeswoman, however, said the assessment was “largely based on the most extreme scenario, which contradicts long-established trends by assuming that, despite strong economic growth that would increase greenhouse gas emissions, there would be limited technology and innovation, and a rapidly expanding population.”

The spokeswoman added the next report, due in four years’ time, will “provide for a more transparent and data-driven process”.

Katharine Hayhoe, a climate scientist at Texas Tech University and a report co-author, said the White House’s statement was “demonstrably false”.

She added on Twitter: “I wrote the climate scenarios chapter myself so I can confirm it considers ALL scenarios, from those where we go carbon negative before end of century to those where carbon emissions continue to rise.”



Fazer a América pobre outra vez (com as alterações climáticas)
Quinta-feira, Trump fez piadas no Twitter, negando a existência de alterações climáticas; no dia seguinte, a Casa Branca divulgou um relatório-choque que prevê grandes perdas económicas para os EUA se nada for feito para contrariar o efeito de estufa.
DN
25 Novembro 2018 — 00:15

Este tuite de Trump, a 22 de novembro, feriado nacional de Thanksgiving (Dia de Ação de Graças), teve resposta dada pela própria Casa Branca no dia seguinte: a divulgação de um relatório-choque que prevê, caso nada seja feito para contrariar o efeito de estufa, uma quebra de 10% do PIB americano até ao fim do século, causado por um sem número de desgraças ambientais e humanas.

Ou seja, exatamente o contrário do que o presidente americano tem vindo a prometer quando defende a saída dos EUA do Acordo de Paris, assinado pelo seu antecessor e no qual os países signatários se comprometem a baixar as emissões de carbono, e a desregulação ambiental, revogando uma série de medidas e leis criadas por Obama, com a justificação de que tal vai ajudar a economia. Parece que não: o relatório de 1656 páginas, produzido por 13 agências a mando do Congresso, diz que, se nada for feito, até ao fim do século as mortes atribuíveis ao calor custarão 141 milhares de milhões de dólares, a subida das águas do mar 118 milhares de milhões e os danos a infraestruturas 32 milhares de milhões. Outras previsões incluem disrupção no fornecimento de bens no país e nas exportações, colheitas agrícolas a baixar para os níveis da década de 1980 e a época dos fogos a alastrar ao sudoeste do país.

Catástrofe sem fronteiras
Por outro lado, o documento certifica que os fogos florestais na Califórnia, que este ano atingiram recordes e mataram pelo menos 87 pessoas (Trump, recorde-se, atribuiu à má gestão florestal deste estado maioritariamente democrata), assim como problemas nas colheitas no Midwest, danos nas infraestruturas no Sul devido à subida do nível das águas e alterações nas pescas são já efeitos das alterações climáticas. E anuncia: nenhuma área do país escapará. No Sudoeste as secas afetarão as barragens e o fornecimento de energia e limitarão ainda mais o de água; no Alasca, o derretimento do gelo subirá o nível das águas obrigando as populações a migrar; em Porto Rico e nas Ilhas Virgens a água salgada contaminará a doce.

O relatório de 1656 páginas diz que, se nada for feito, até ao fim do século as mortes atribuíveis ao calor custarão 141 milhares de milhões de dólares aos EUA, a subida das águas do mar 118 milhares de milhões e os danos a infraestruturas 32 milhares de milhões.

Mas os problemas para os EUA não serão só consequência dos efeitos das alterações climáticas no país: o que sucederá noutras zonas da terra terá também impacto negativo na economia americana. Aliás, esses efeitos já começaram, diz o relatório, exemplificando com as grandes cheias na Tailândia em 2011: uma companhia americana de computadores que localizou a produção de 60% dos seus discos rígidos naquele país sofreu quase 200 milhões de dólares de prejuízos e reduziu a produção para metade no final de 2011, o que implicou um aumento de preços que afetou todo o mercado de computadores nos EUA. Mas as consequências não se atêm a quebras na produção: à medida que outros países são afetados pelos desastres ambientais, a procura externa tenderá a decrescer, reduzindo o mercado das exportações americanas. Resumindo: o problema é de todos e só se resolve globalmente; não há muros que parem as alterações climáticas.

"Há um contaste bizarro entre este relatório, publicado por esta administração, e as políticas desta administração"

"Há um contaste bizarro entre este relatório, publicado por esta administração, e as políticas desta administração", disse ao New York Times o físico e especialista em alterações climáticas Philip B. Duffy, presidente do Woods Hole Research Center, considerado um dos mais importantes centros de estudos mundiais sobre a matéria. Já Michael Oppenheimer, professor de Geociência e Assuntos Internacionais na Universidade de Princeton, considera, também segundo o NYT, que o relatório vai fragilizar a posição legal da administração no seu propósito de revogar as leis e regulamentos que visam combater as alterações climáticas, fortalecendo as dos que tencionam desafiar essa intenção da Casa Branca nos tribunais.

Mas a verdade é que, se este relatório é muito mais claro que os anteriores no que respeita à contabilização de prejuízos económicos, não traz muitas novidades em relação às consequências ambientais das alterações climáticas a curto e longo prazo: Subida do nível da água do mar, secas, inundações, carência de água potável, mortes por calor, vagas de frio intenso -- nada disto é exatamente uma revelação inédita. E, aparentemente, nada do que até hoje foi dito pelos cientistas, nem os efeitos que já se constatam nos EUA e no resto do mundo - incluindo as vagas de frio que pelos vistos tanto o encantam - convenceram até agora Donald Trump, que continua entrincheirado no seu negacionismo.


Climate report: Trump administration downplays warnings of looming disaster

Democrats ramp up pressure to act in wake of most sobering government analysis yet

Report: climate change ‘will inflict substantial damages’
Oliver Milman
@olliemilman
Sat 24 Nov 2018 17.40 GMT Last modified on Sat 24 Nov 2018 20.06 GMT

The Trump administration attempted to downplay the stark findings of its own climate change assessment, as Democrats sought to pressure the White House to avert looming economic and public health disaster.

The US National Climate change assessment, the work of 300 scientists and 13 federal agencies, was released on Friday afternoon. It found that wildfires, storms and heatwaves are already taking a major toll on Americans’ wellbeing, with climate change set to “disrupt many areas of life” in the future.

The voluminous report, which warns of hundreds of billions of dollars lost, crop failures, expanding wildfires, altered coastlines and multiplying health problems, represents the most comprehensive and sobering analysis yet of the dangers posed to the US by rising temperatures.

I wrote the climate scenarios chapter myself so I can confirm it considers ALL scenarios
Katharine Hayhoe, Texas Tech

Climate change could slash up to a tenth of US GDP by the end of the century, the report found, with $1tn in coastal real estate threatened by rising sea levels and storms. Heatwaves are set to cause thousands of extra deaths and worsen conditions such as asthma and pulmonary disease through increased air pollution.

A White House spokeswoman, however, said the assessment was “largely based on the most extreme scenario, which contradicts long-established trends by assuming that, despite strong economic growth that would increase greenhouse gas emissions, there would be limited technology and innovation, and a rapidly expanding population.”

The spokeswoman added the next report, due in four years’ time, will “provide for a more transparent and data-driven process”.

Katharine Hayhoe, a climate scientist at Texas Tech University and a report co-author, said the White House’s statement was “demonstrably false”.

She added on Twitter: “I wrote the climate scenarios chapter myself so I can confirm it considers ALL scenarios, from those where we go carbon negative before end of century to those where carbon emissions continue to rise.”

The climate assessment galvanized Democrats, who will control the House of Representatives next year.

“The days of denial and inaction in the House are over,” said Frank Pallone, a New Jersey congressman set to chair the energy and commerce committee. “House Democrats plan to aggressively address climate change and hold the administration accountable for its backward policies that only make it worse.”

People are going to die if we don’t start addressing climate change ASAP
Alexandria Ocasio-Cortez

Alexandria Ocasio-Cortez, a newly-elected representative from New York City who has become a standard-bearer for the left, tweeted: “People are going to die if we don’t start addressing climate change ASAP. It’s not enough to think it’s ‘important’. We must make it urgent.”

Authors of the report, which is mandated by Congress, echoed the sense of urgency and lamented the timing of its release on the day after Thanksgiving, which is usually the most busy shopping day of the year.

“This report makes it clear that climate change is not some problem in the distant future – it’s happening right now in every part of the country,” said Brenda Ekwurzel, a co-author and director of climate science at the Union of Concerned Scientists, in a statement.

“When people say the wildfires, hurricanes and heat waves they’re experiencing are unlike anything they’ve seen before, there’s a reason for that and it’s called climate change.”

Ekwurzel added that the report “makes a convincing case the White House should stop rolling back climate policies and recognize that a much larger scale response is required to keep people safe”.

Donald Trump did not immediately comment on the report, although on Wednesday he responded to a cold snap on the east coast by tweeting: “Brutal and Extended Cold Blast could shatter ALL RECORDS – Whatever happened to Global Warming?”

The president took a trip last week to see the aftermath of California’s deadliest ever wildfires, a phenomenon experts say is worsened by warming temperatures. During a visit to the town of Paradise, which was wiped out by the so-called Camp fire, Trump said he wanted “a great climate”. But he has largely blamed forest management for the blaze.

He has repeatedly disparaged or dismissed climate science in the past.

In a statement in response to the release of the climate assessment, the former vice-president and environmental campaigner Al Gore said: “The president may try to hide the truth, but his own scientists and experts have made it as stark and clear as possible.”

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