domingo, 11 de maio de 2014

Por baixo da mesa


OPINIÃO
Por baixo da mesa
MARGARIDA SAAVEDRA 12/05/2014 / PÚBLICO

Aumentar o IMI 33% será aceitável? Levar ao limite as taxas municipais será aceitável? Quando se iniciar, na Assembleia Municipal, o debate sobre os transportes públicos em Lisboa, estes aumentos estarão em cima ou – pior - por baixo da mesa, subtis, implícitos, a tentar passar despercebidos. Deveria ser exactamente o oposto: teriam de ser claramente explicitados por todos os que subirem ao palco a defender a municipalização do Metro e da Carris: num debate sério esgrimem-se os prós e os contras e a conclusão é sempre a bissetriz do que há de bom e de mau…a omissão dum desses factores vicia a discussão, com uma agravante: numa conjuntura que todos sofremos na pele, que exige sacrifícios e renúncias, num dia a dia onde todos os cêntimos são contados e que roça, em muitas familias, a degradação da qualidade de vida, o aumento de impostos pode assumir proporções dramáticas. Por estes motivos, não pode ser escamoteado, nem aparecer de rompante depois das festas do Natal!

Quem falou em aumentar impostos? Ninguém!... e, no entanto, um simples relance pelo Relatório e Contas basta para concluir que, sem aumento de receita, a Câmara  não  tem condições para assumir a gestão do Metro e da Carris. Ao sentar-se à mesa das negociações, o Presidente da Câmara que tem as contas feitas e a plena consciência de que os lisboetas vão ter que pagar um preço muito elevado, remete-se ao silêncio: não quer ser o arauto de más notícias… prefere insistir nas vantagens, usando todos os argumentos favoráveis a uma municipalização, como se tratasse de um presente a custo zero. Garante que a estabilidade financeira da Câmara nunca será posta em causa, omitindo que tal só acontecerá à custa dum aumento de impostos, que há-de chegar a casa dos lisboetas no final do ano e do qual o IMI será o mais doloroso exemplo subindo 33%...porque não há milagres!

Os impostos debaixo da mesa são uma pecha que inquina e descredibiliza o debate: haja a ombridade de os explicitar e deixar que os lisboetas, em consciência, decidam o que é melhor para Lisboa.


Deputada municipal do PSD

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