OPINIÃO
Por baixo da mesa
MARGARIDA
SAAVEDRA 12/05/2014 / PÚBLICO
Aumentar o IMI 33%
será aceitável? Levar ao limite as taxas municipais será aceitável? Quando se
iniciar, na Assembleia Municipal, o debate sobre os transportes públicos em
Lisboa, estes aumentos estarão em cima ou – pior - por baixo da mesa, subtis,
implícitos, a tentar passar despercebidos. Deveria ser exactamente o oposto:
teriam de ser claramente explicitados por todos os que subirem ao palco a
defender a municipalização do Metro e da Carris: num debate sério esgrimem-se
os prós e os contras e a conclusão é sempre a bissetriz do que há de bom e de
mau…a omissão dum desses factores vicia a discussão, com uma agravante: numa
conjuntura que todos sofremos na pele, que exige sacrifícios e renúncias, num
dia a dia onde todos os cêntimos são contados e que roça, em muitas familias, a
degradação da qualidade de vida, o aumento de impostos pode assumir proporções
dramáticas. Por estes motivos, não pode ser escamoteado, nem aparecer de
rompante depois das festas do Natal!
Quem falou em
aumentar impostos? Ninguém!... e, no entanto, um simples relance pelo Relatório
e Contas basta para concluir que, sem aumento de receita, a Câmara não
tem condições para assumir a gestão do Metro e da Carris. Ao sentar-se à
mesa das negociações, o Presidente da Câmara que tem as contas feitas e a plena
consciência de que os lisboetas vão ter que pagar um preço muito elevado,
remete-se ao silêncio: não quer ser o arauto de más notícias… prefere insistir
nas vantagens, usando todos os argumentos favoráveis a uma municipalização,
como se tratasse de um presente a custo zero. Garante que a estabilidade
financeira da Câmara nunca será posta em causa, omitindo que tal só acontecerá
à custa dum aumento de impostos, que há-de chegar a casa dos lisboetas no final
do ano e do qual o IMI será o mais doloroso exemplo subindo 33%...porque não há
milagres!
Os impostos
debaixo da mesa são uma pecha que inquina e descredibiliza o debate: haja a
ombridade de os explicitar e deixar que os lisboetas, em consciência, decidam o
que é melhor para Lisboa.
Deputada municipal do PSD
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