NOTA DA DIRECÇÃO DO I
O Banco Espírito Santo (BES) impediu ontem a entrada de uma
jornalista e de um fotojornalista do i na conferência de imprensa de
apresentação de resultados que teve lugar na sede da instituição. Trata-se de
uma decisão inusitada, que põe em causa a liberdade de imprensa, impede o
acesso dos leitores do i a informação sobre um dos principais bancos nacionais
e viola claramente a lei da República portuguesa. E revela, mais uma vez, um
comportamento de quem se julga acima da lei.
A direcção do i lamenta uma decisão que em nada honra a
importância e o papel fundamental que uma instituição como o BES tem na
sociedade portuguesa e está convicta de que os seus accionistas não se revêem
neste tipo de situações.
BES sobe capital em 1000 milhões de euros e anuncia prejuízos de 89 milhões
BES sobe capital em 1000 milhões de euros e anuncia prejuízos de 89 milhões
Luís Villalobos
15/05/2014 - PÚBLICO
Banco quer encaixar até 1045 milhões para reforçar o balanço
da instituição. Prejuízos do trimestre foram de 89,2 milhões.
Esta quinta-feira foi marcada por vários anúncios por parte
do BES, com destaque para o do valor do aumento de capital: a instituição
liderada por Ricardo Salgado vai quer encaixar até 1045 milhões de euros,
através de novas entradas em dinheiro via subscrição pública, “com respeito
pelo direito de preferência dos accionistas”. De acordo com o comunicado do
banco, o preço de subscrição, de 0,65 euros por acção, representa um desconto
da ordem dos 34%. Hoje, as acções do BES fecharam a cair 5,54% para 1,06 euros,
após a queda de 8,19% de quarta-feira.
Este aumento de capital, diz o BES, tem vários objectivos,
entre os quais está “o crescimento nos mercados internacionais” onde o banco
está presente e a criação de “reservas adicionais de capital" [melhorando
os rácios] para enfrentar o novo quadro regulatório da banca e os testes de
stress e a "revisão de qualidade
dos activos que serão realizados em antecipação à transferência da supervisão”
dos bancos da União Europeia para o BCE. O banco tem um acordo com um sindicato
bancário para efectuar a subscrição, “por conta dos próprios membros do
sindicato ou por conta de investidores institucionais por estes seleccionados,
das novas acções que eventualmente não sejam subscritas no âmbito do aumento de
capital por titulares de direitos de subscrição”.
Um outro anúncio foi o da manutenção dos prejuízos que,
desta feita, foram de 89,2 milhões de euros no primeiro trimestre, acima dos 62
milhões negativos de idêntico período de 2013. O banco destaca, no entanto, que
os prejuízos no último trimestre do ano passado tinham sido de 136,6 milhões.
Este resultado negativo está ligado a um aumento das
imparidades, que atingiram os 380,6 milhões. Só o custo com imparidades de
crédito foi de 276,3 milhões (mais 47,6%). Tendo registado uma quebra nos
depósitos (menos 3,1%, para os 36.242 milhões), e menos empréstimos (penalizado
por uma quebra nos particulares) face a idêntico período de 2013, o banco subiu
o seu rácio créditos/depósitos. Depois de ter estado nos 121%, voltou aos 129%,
quando a recomendação é não passar os 120%. No entanto, o banco destaca que
houve um impacto negativo neste indicador devido à inclusão do BES Vénétie no
perímetro de consolidação integral das contas.
Perdas em Angola
Olhando para a geografia das operações, o banco destaca que
o resultado da área internacional foi positivo em 13,9 milhões de euros,
“contribuindo para a mitigação dos prejuízos registados na área domésticas”, e
que atingiram os 103,1 milhões. O BES Angola, no entanto, teve um prejuízo de
15 milhões, influenciado, diz o banco, “pelo provisionamento da carteira de
crédito em cerca de setenta milhões”.
Houve, depois, o terceiro anúncio, com a oficialização do
fim da holding que agregava as posições do Espírito Santo Financial Group
(ESFG) e dos franceses da Crédit
Agrícole desde 1991, simplificando a cascata accionista. De acordo com o
comunicado conjunto, a ESFG passa a deter 27,36% do BES de forma directa e
indirecta, enquanto o Crédit Agrícole é
dono de 20,12%.
O mesmo comunicado enviado ao regulador do mercado de capitais,
a CMVM, avançou que os franceses vão
alienar à Tranquilidade 10% da ESAF - Espírito Santo Activos Financeiros e 50%
do do BES - Companhia de Seguros, deixando assim de ter qualquer posição nestas
duas sociedades.
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