Situação
em Gaza é "absolutamente intolerável", diz Rangel
Paulo Rangel
admite agravamento grave da situação em Gaza, mas evita classificar como
genocídio. Destaca que Portugal suspendeu fornecimento de armas a Israel e
apoia rever acordo com Telavive.
Agência Lusa
Texto
20 mai.
2025, 22:44 1
https://observador.pt/2025/05/20/situacao-em-gaza-e-absolutamente-intoleravel-diz-rangel/
O ministro
dos Negócios Estrangeiros rejeitou esta terça-feira classificar as ações de
Israel como genocídio, apesar de reconhecer que a situação humanitária na Faixa
de Gaza, provocada pelo bloqueio e bombardeamentos israelitas, é “absolutamente
intolerável”.
“Sinceramente,
acho que a situação se tem agravado imenso, eu fui sempre muito cauteloso
porque a palavra ‘genocídio’ tem implicações jurídicas e pressupostos jurídicos
muito sérios, mas o agravamento da situação é claro”, disse Paulo Rangel,
questionado pelos jornalistas sobre se as ações de Israel podem classificar-se
como genocídio da população palestiniana.
À saída de
uma reunião ministerial, em Bruxelas, o ministro dos Negócios Estrangeiros
acrescentou que a situação, “de facto, agravou-se muito”, mas insistiu não ser
necessário classificá-la como um genocídio.
“Julgo que
não precisamos de estar a fazer uma qualificação desse tipo para considerar que
a situação é absolutamente intolerável“, comentou Paulo Rangel.
O governante
disse que o Governo de Luís Montenegro “foi o único que, até agora, cancelou o
fornecimento de qualquer armamento a Israel”, acusando o executivo de António
Costa, agora presidente do Conselho Europeu, de ter tido a oportunidade para o
fazer.
Israel tem
intensificado as operações no enclave palestiniano e na última semana, o
primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou a intenção de ocupar
a totalidade da Faixa de Gaza.
Desde o
início de março que Israel bloqueou qualquer camião com ajuda humanitária de
entrar em Gaza, enquanto continua a bombardear o território.
Na reunião
dos chefes da diplomacia da UE, foi debatida uma proposta dos Países Baixos
para rever o acordo de associação com Israel.
Paulo Rangel
disse que uma maioria é a favor de uma revisão do acordo, mas ainda há países
que são contra qualquer tipo de alteração.
A suspensão,
adiantou o ministro, pode ser uma possibilidade, mas só será equacionada se se
avançar com a revisão do acordo com Telavive.
De acordo
com informações da Organização Mundial da Saúde, de 12 de maio, toda a
população de Gaza, cerca de dois milhões de pessoas, está em risco de morrer à
fome, além de ser vítima da invasão militar israelita.
Na última
sexta-feira, a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinianos
(UNRWA) fez uma projeção que aponta que entre maio e setembro deste ano mais de
metade da população poderá estar em risco de morrer à fome.
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