sexta-feira, 18 de abril de 2025

Alterações na Lei de Nacionalidade e de Residência, Programa Eleitoral da AD


Política

Programa da AD focado em combater imigração ilegal

 

"Alavancar as funcionalidades asseguradas pelos Centros de Cooperação Policial e Aduaneira, dotando-os de um papel mais relevante na regulação dos fluxos de migrantes" com Espanha é uma das medidas.

 


Amanda Lima

Publicado a:

11 Abr 2025, 19:29

Atualizado a:

11 Abr 2025, 19:29

https://www.dn.pt/pol%C3%ADtica/programa-da-ad-foca-em-combater-imigra%C3%A7%C3%A3o-ilegal

 

O programa eleitoral da AD, apresentado esta tarde, mostra uma evolução dos objetivos em matéria de imigração, em comparação ao documento do ano passado. Enquanto as metas em 2024 eram apenas três e generalistas, as deste ano subiram para cinco, com mais detalhamento do que se pretende. Já as medidas concretas passaram de 14 no ano passado para 36 no programa destas legislativas, com foco em combater a imigração ilegal.

 

"Continuar o combate à imigração ilegal e às redes de criminalidade que exploram e instrumentalizam imigrantes, garantindo, ainda, que quem se encontra em situação ilegal é afastado do território nacional", é uma destas metas. Outra é "aprofundar os canais regulados e seguros de imigração, com visto consular prévio, garantindo o cumprimento da legislação".

 

Das sete páginas dedicadas ao tema, uma parte é o resumo do que o Governo fez nesta matéria no último ano. É citado o fim das manifestações de interesse e os reflexos causados, como a diminuição de 59% na procura de Portugal como destino de imigração, o acordo com entidades patronais para uma contratação "ética" e a estrutura de missão para resolver os mais de 400 mil imigrantes que estavam parados há anos.

 

Já algumas das medidas concretas já haviam sido antecipadas esta semana pelo ministro António Leitão Amaro em conferência de imprensa. Uma novidade do que foi antecipado pelo ministro é "alavancar as funcionalidades asseguradas pelos Centros de Cooperação Policial e Aduaneira, dotando-os de um papel mais relevante na regulação dos fluxos de migrantes ao longo da fronteira com Espanha". Na prática, trata-se de aumentar a fiscalização também na fronteira terrestre, por onde também chegam imigrantes vindos de outros países europeus.

 

Também é detalhado como o Governo pretende aumentar o número de imigrantes afastados do território nacional, nomeadamente os que não possuem autorização para permanecer no país. "Assegurar a interconexão entre os procedimentos de asilo na fronteira e retorno, de forma a viabilizar a emissão concomitante da decisão negativa do pedido de proteção internacional e da decisão de retorno" e "reforçar internamente a articulação entre as autoridades nacionais competentes em matéria de retorno".

 

Consta ainda a criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF) na Polícia de Segurança Pública (PSP) para cuidar do controlo das fronteiras. Esta unidade também terá a competência de fiscalizar os imigrantes em território nacional e tratar dos processos de afastamento e deportação. O Governo tentou aprovar a medida do Parlamento no ano passado, mas foi derrotado pelo Chega e pelo Partido Socialista (PS):

 

Outra medida já apresentada, antecipada com exclusividade pelo DN há duas semanas, é a de tornar mais céleres os procedimentos de retorno e incentivo ao retorno voluntário. Consta também a construção de novos centros de detenção para imigrantes, já definidos como dois, com assinatura dos contratos ainda neste mês.

 

Ainda no sentido de combater irregularidades em imigração, a coligação propõe "rever o processo de Emissão de Atestados de Residência pelas juntas de freguesia, criando um sistema que centralize os registos e introduza limites aos números de testemunhos e limites por imóvel". Este tem sido um temas mais discutidos em Portugal quando o tema é habitação.

 

Já a revisão da Lei da Nacionalidade não traz o detalhe de para quanto tempo quer aumentar o tempo de residência no país para ter este direito. O programa apenas cita "rever os requisitos de atribuição de nacionalidade portuguesa, designadamente no que diz respeito a cidadãos estrangeiros, alargando o tempo mínimo de residência e presença efetiva em território nacional, eliminando a possibilidade de a permanência ilegal ser considerada para efeitos de contagem deste requisito temporal".

 

Reforço na AIMA

Na área de documentação, cuja demora é um entrave para a integração dos imigrantes, consta "continuar a reforçar os recursos humanos e tecnológicos da AIMA [Agência para Integração, Migrações e Asilo] e "prosseguir o trabalho, já em curso, de digitalização e modernização dos serviços prestados pela AIMA".

 

A AD ainda quer "concluir a reorganização institucional e orgânica da AIMA, I.P. após o fim da Estrutura de Missão para Recuperação de Processos Pendentes" e "Transferir de forma definitiva a competência de renovação de autorizações de residência do IRN, I.P. para a AIMA, I.P", medida apresentada a 3 de junho do ano passado e não concretizada. Neste momento, não há um sistema para renovação dos documentos dos imigrantes, cujo procedimento depende de regras próprias de cada balcão do IRN pelo país.

 

Assim como do programa eleitoral passado, permanece o objetivo de "apoiar o regresso digno e a reintegração dos emigrantes portugueses" e de continuar a atrair talento estrangeiro, com a criação de "um programa de atração, acolhimento e integração, promovendo, sempre que possível, a imigração regulada dos núcleos familiares".

 

Integração

A palavra "humanista", tão repetida por membros do Governo, aparece numa das metas. "Reforçar o apoio ao acolhimento e integração de imigrantes, por forma a garantir uma imigração humanista", lê-se no documento e "reforçar a capacidade dos serviços públicos para darem resposta ao número de imigrantes que o país acolhe e à sua diversidade".

 

É previsto "aumentar a capacidade dos centros de acolhimento e de alojamento urgente e temporário para requerentes e beneficiários de proteção internacional" e "criar centros de acolhimento Municipal/Intermunicipal em parceria com os municípios". Mais uma medida é "lutar contra a xenofobia e a exclusão social, implementando estratégias de combate a qualquer discriminação e promovendo a inclusão social dos imigrantes".

 

amanda.lima@dn.pt


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