Opinião
Quanto pesa Passos nestas eleições?
Filipe Alves
21 Mar 2025, 01:05
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(...) Na política portuguesa, o mais significativo exemplo de uma
força “em presença” chama-se Pedro Passos Coelho. O antigo primeiro-ministro,
que continua a ser o líder natural da direita portuguesa, só precisa de estar
vivo para condicionar a atual liderança do PSD. Um só homem assombra todo um
aparelho partidário. Passos tem afirmado repetidamente que não tem interesse em
intervir na vida política, mas o seu nome continua a ser falado nos bastidores
como potencial sucessor de Montenegro na liderança, caso este perca as eleições
antecipadas que terão lugar em maio, ou ainda que as vença e, mesmo assim, não
consiga formar governo.
Ontem, a
hipótese levantada por Pedro Duarte, de deixar para “quem estiver à frente do
PSD” a decisão de tentar formar governo se a AD ficar em segundo lugar nas
eleições, foi interpretada como um sinal de que haverá a possibilidade de uma
aliança com o Chega, já com Passos na liderança, que permita à direita formar
governo sem necessidade de nova votação. Porém, é pouco provável que Passos
queira voltar ao poder sem ir a votos.
Independentemente
da forma como possa ocorrer, este regresso tem sido falado tanto por apoiantes
como por adversários. Os primeiros querem Passos e a união das direitas, com o
Chega a acabar por ser mais ou menos diluído na AD; os segundos agitam o fantasma
do Chega, que assusta muitos eleitores do centro e da direita moderada.
Podemos
questionar-nos, porém, se com o eventual regresso de Passos - e havendo novas
eleições - o Chega continuaria a ter votações nos dois dígitos, ou se perderia
uma boa parte do seu eleitorado para o PSD, talvez mesmo ao ponto de este
último poder governar com a IL. Note-se que, segundo o Observador, no Chega
haverá quem queira formar governo com Passos em caso de derrota de Montenegro,
mas sem novas eleições. Ou seja, por alguma razão, não quererão ir a votos se
Passos estiver à frente do PSD.
No
entanto, Montenegro ainda pode surpreender e ser reconduzido com legitimidade
reforçada, tal como, de resto, a sondagem divulgada esta sexta-feira sugere.
Nesse cenário, a manter-se o “não é não” ao Chega, o PSD continuará a
assumir-se como o partido-charneira, ocupando o centro e tentando governar como
se não existisse nada à sua direita. As próximas semanas serão decisivas.
Diretor
do Diário de Notícias
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