sexta-feira, 21 de março de 2025

Apesar da tempestade, há uma tendência "de menor precipitação no sul da Europa e na região do Mediterrâneo" / Despite the storm, there is a trend "of lower precipitation in southern Europe and the Mediterranean region"

 


Sociedade

Apesar da tempestade, há uma tendência "de menor precipitação no sul da Europa e na região do Mediterrâneo"

O DN conversou com o geofísico Filipe Duarte Santos, que deixou um alerta para as alterações climáticas.

 

Vítor Moita Cordeiro

Publicado a:

21 Mar 2025, 01:06

Atualizado a:

21 Mar 2025, 01:06

https://www.dn.pt/sociedade/apesar-da-chuva-h%C3%A1-uma-tend%C3%AAncia-de-menor-precipita%C3%A7%C3%A3o-no-sul-da-europa-e-na-regi%C3%A3o-do-mediterr%C3%A2neo?utm_source=website&utm_medium=related-stories

 

“Houve um período em que essas tais depressões andavam pelas latitudes mais elevadas e ainda não vinham descarregar a água aqui na Península Ibérica”, lembra ao DN o geofísico Filipe Duarte Santos, acrescentando que este ano tem sido “muito húmido”. O professor catedrático referia-se à deslocação para sul do Anticiclone dos Açores – um centro de ação de alta pressão atmosférica –, que, tendo em conta esta mudança de posição, já não está a servir de bloqueio às depressõe que vêm do norte.

 

Apesar dos avanços tecnológicos, “não há capacidade de saber como será o próximo ano”, completa o catedrático.

 

“Aquilo que temos é uma tendência, provocada pelas alterações climáticas, de menor precipitação no sul da Europa”, diz o professor, assegurando que esta tendência, indicada pelos modelos, “tem-se observado desde a década de 60, sobretudo quando se faz a precipitação anual média por década”.

 

Ainda que nada garanta que haja chuva intensa nos anos vindouros, Filipe Duarte Santos aponta uma certeza: “Os eventos extremos estão a tornar-se mais frequentes e mais intensos.”

 

“Enquanto continuarmos a lançar para a atmosfera grandes quantidades de gases com efeito estufa, sobretudo o dióxido de carbono, mas também o metano, isso provoca ou aumenta a temperatura média global da atmosfera”, explica, dando como exemplo de alterações climáticas as chuvas em Valência, Espanha, em novembro de 2024, quando “em 24 horas choveu mais do que chove, em média, durante o ano todo”.

 

Questionado sobre as consequências daquele evento, com centenas de mortos, e sobre a reação das populações, o professor afirmou que “houve avisos” por parte das autoridades, como o equivalente ao IPMA em Espanha, “mas aparentemente as pessoas não ligaram”.

 

“É necessário, quando se fazem estes avisos, que as populações acreditem”, alerta o professor.

 

Society

Despite the storm, there is a trend "of lower precipitation in southern Europe and the Mediterranean region"

DN spoke with geophysicist Filipe Duarte Santos, who left a warning for climate change.

 

Vítor Moita Lambeiro

Posted to:

21 Mar 2025, 01:06

Updated to:

21 Mar 2025, 01:06

https://www.dn.pt/sociedade/apesar-da-chuva-h%C3%A1-uma-tend%C3%AAncia-de-menor-precipita%C3%A7%C3%A3o-no-sul-da-europa-e-na-regi%C3%A3o-do-mediterr%C3%A2neo?utm_source=website&utm_medium=related-stories

 

"There was a period when these depressions were at higher latitudes and still did not come to discharge water here in the Iberian Peninsula", geophysicist Filipe Duarte Santos reminds DN, adding that this year has been "very wet". The professor was referring to the southward movement of the Azores Anticyclone – a center of action of high atmospheric pressure – which, taking into account this change in position, is no longer serving as a block to depressions coming from the north.

 

Despite technological advances, "there is no ability to know what next year will be like," adds the professor.

 

"What we have is a trend, caused by climate change, of lower rainfall in southern Europe", says the professor, assuring that this trend, indicated by the models, "has been observed since the 60s, especially when the average annual rainfall per decade is made".

 

Although there is no guarantee that there will be heavy rain in the coming years, Filipe Duarte Santos points out one certainty: "Extreme events are becoming more frequent and more intense."

 

"As long as we continue to release large amounts of greenhouse gases into the atmosphere, especially carbon dioxide, but also methane, this causes or increases the average global temperature of the atmosphere", he explains, giving as an example of climate change the rains in Valencia, Spain, in November 2024, when "in 24 hours it rained more than it rains,  on average, throughout the year".

 

Asked about the consequences of that event, with hundreds of deaths, and about the reaction of the populations, the professor said that "there were warnings" by the authorities, such as the equivalent of the IPMA in Spain, "but apparently people didn't care".

 

"It is necessary, when these warnings are made, that the populations believe", warns the professor.

 

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