Sociedade
Xenofobia,
"racismo contra os portugueses” e vigília vão marcar este sábado no Martim
Moniz
A
manifestação “Não nos encostem à parede” terá a participação de integrantes do
movimento extremista Habeas Corpus, que vão protestar pelo “racismo contra
portugueses”.
Amanda Lima
Publicado a:
10 Jan 2025, 18:14
Atualizado a:
10 Jan 2025, 18:14
A tarde deste sábado terá duas manifestações distintas no
centro de Lisboa. A depender da ótica, serão três manifestações. A primeira
delas, convocada há semanas, será a “Não nos encostem à parede”, para marcar
posição contra o modo como foi realizada a operação policial na rua do
Benformoso, em dezembro.
O lema escolhido para a marcha foi "contra o racismo,
contra a xenofobia, pela liberdade e dignidade". A iniciativa está a ser
organizada por coletivos e grupo distintos, unidos pela mesma causa.
Politicamente, a ação terá apoio de parlamentares de partidos como Livre e
Bloco de Esquerda (BE). Dentro do Partido Socialista (PS) há uma divisão.
Miguel Coelho, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em
Lisboa, recusa estar presente. Para o socialista, esta manifestação “só
favorecerá a extrema-direita”.
O Chega, partido de André Ventura, estará, durante a hora do
protesto, em vigília na Praça da Figueira, às 15h30. “Se a esquerda reacionária
vai sair à rua para atacar as Forças de Segurança e os portugueses de bem, nós,
faremos uma vigília. Juntem-se a nós”, apelou em publicação no X (antigo
Twitter). Esta será o segundo protesto do dia.
Já o terceiro é mais complexo de analisar se é uma
manifestação ou contramanifestação. Os manifestantes tencionam estar na mesma
marcha “Não nos encostem à parede”, mas sob alegação de protestar pelo que
chamam de “racismo contra os portugueses”. O ato é convocado pelo Ergue-te,
partido sem expressão na política portuguesa.
O grupo já criou dezenas de cartazes com frases como
“Racismo é não haver emprego aos portugueses”. Atualmente, o partido é liderado
por Rui Fonseca e Castro, ex-juiz negacionista da pandemia de covid-19 e
expulso da magistratura por publicar nas redes sociais, invocando a qualidade
de magistrado, vídeos em que “incentivava à violação da lei e das regras
sanitárias”. O presidente do partido também convocou para estarem lado a lado
outros grupos extremistas abertamente contra a presença de imigrantes no país,
nomeadamente o Portugueses Primeiro, Ordem Identitária, Grupo 1143,
Reconquista.
Xenofobia,
"racismo contra os portugueses” e vigília vão marcar este sábado no Martim
Moniz
Ao DN, a Polícia de Segurança Pública (PSP) não respondeu se
vê o protesto como uma contramanifestação, apenas informou as linhas gerais
sobre como é o procedimento administrativo nestes casos, acrescentando que na
manifestação “terá sempre que ser assegurada, de modo impositivo, a manutenção
da ordem pública pela autoridade policial, neste caso a Polícia de Segurança
Pública".
Também a este jornal, integrantes do grupo que organiza o
ato "Não nos encostem à parede" afirmaram que os participantes estão
orientados sobre as medidas de segurança e a “não responder provocações”. A
saída será às 15h00 da Alameda, em direção ao Martim Moniz.
Em resposta à Lusa, a PSP afirmou que no sábado vão ser
mobilizadas para a segurança das manifestações diversas valências do Comando
Metropolitano de Lisboa (Cometlis), que terão "o apoio permanente de meios
da UEP da PSP", refere aquela força de segurança, que não menciona os
meios envolvidos. Mais refere que foi realizada "uma análise e avaliação
do risco que permita um planeamento operacional o mais detalhado e concreto
possível de forma a impedir ações hostis e de violência.
Cartaz falso
Nas últimas horas, o grupo também tem vindo a fazer um
esforço para combater uma fake news publicada nas redes sociais. Em causa está
um cartaz semelhante ao da manif “Não nos encostem à parede”, mas com a frase
"Portugueses daqui para fora". A foto foi, inclusive, partilhada pelo
deputado André Ventura e outros perfis que costumam publicar notícias falsas no
X (antigo Twitter). Os organizadores criaram uma publicação no Instagram para
avisar que o cartaz não é verdadeiro.
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