sábado, 11 de janeiro de 2025

Xenofobia, "racismo contra os portugueses” e vigília vão marcar este sábado no Martim Moniz

 


Sociedade

Xenofobia, "racismo contra os portugueses” e vigília vão marcar este sábado no Martim Moniz

 

A manifestação “Não nos encostem à parede” terá a participação de integrantes do movimento extremista Habeas Corpus, que vão protestar pelo “racismo contra portugueses”.

 

Amanda Lima

Publicado a:

10 Jan 2025, 18:14

Atualizado a:

10 Jan 2025, 18:14

https://www.dn.pt/sociedade/para-sexta-%C3%A0-noite-xenofobia-racismo-contra-os-portugueses-e-vig%C3%ADlia-v%C3%A3o-marcar-o-s%C3%A1bado-no-martim-moniz

 

A tarde deste sábado terá duas manifestações distintas no centro de Lisboa. A depender da ótica, serão três manifestações. A primeira delas, convocada há semanas, será a “Não nos encostem à parede”, para marcar posição contra o modo como foi realizada a operação policial na rua do Benformoso, em dezembro.

 

O lema escolhido para a marcha foi "contra o racismo, contra a xenofobia, pela liberdade e dignidade". A iniciativa está a ser organizada por coletivos e grupo distintos, unidos pela mesma causa. Politicamente, a ação terá apoio de parlamentares de partidos como Livre e Bloco de Esquerda (BE). Dentro do Partido Socialista (PS) há uma divisão. Miguel Coelho, presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, recusa estar presente. Para o socialista, esta manifestação “só favorecerá a extrema-direita”.

 

O Chega, partido de André Ventura, estará, durante a hora do protesto, em vigília na Praça da Figueira, às 15h30. “Se a esquerda reacionária vai sair à rua para atacar as Forças de Segurança e os portugueses de bem, nós, faremos uma vigília. Juntem-se a nós”, apelou em publicação no X (antigo Twitter). Esta será o segundo protesto do dia.

 

Já o terceiro é mais complexo de analisar se é uma manifestação ou contramanifestação. Os manifestantes tencionam estar na mesma marcha “Não nos encostem à parede”, mas sob alegação de protestar pelo que chamam de “racismo contra os portugueses”. O ato é convocado pelo Ergue-te, partido sem expressão na política portuguesa.

 

O grupo já criou dezenas de cartazes com frases como “Racismo é não haver emprego aos portugueses”. Atualmente, o partido é liderado por Rui Fonseca e Castro, ex-juiz negacionista da pandemia de covid-19 e expulso da magistratura por publicar nas redes sociais, invocando a qualidade de magistrado, vídeos em que “incentivava à violação da lei e das regras sanitárias”. O presidente do partido também convocou para estarem lado a lado outros grupos extremistas abertamente contra a presença de imigrantes no país, nomeadamente o Portugueses Primeiro, Ordem Identitária, Grupo 1143, Reconquista.

 

Xenofobia, "racismo contra os portugueses” e vigília vão marcar este sábado no Martim Moniz

 

Ao DN, a Polícia de Segurança Pública (PSP) não respondeu se vê o protesto como uma contramanifestação, apenas informou as linhas gerais sobre como é o procedimento administrativo nestes casos, acrescentando que na manifestação “terá sempre que ser assegurada, de modo impositivo, a manutenção da ordem pública pela autoridade policial, neste caso a Polícia de Segurança Pública".

 

Também a este jornal, integrantes do grupo que organiza o ato "Não nos encostem à parede" afirmaram que os participantes estão orientados sobre as medidas de segurança e a “não responder provocações”. A saída será às 15h00 da Alameda, em direção ao Martim Moniz.

 

Em resposta à Lusa, a PSP afirmou que no sábado vão ser mobilizadas para a segurança das manifestações diversas valências do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), que terão "o apoio permanente de meios da UEP da PSP", refere aquela força de segurança, que não menciona os meios envolvidos. Mais refere que foi realizada "uma análise e avaliação do risco que permita um planeamento operacional o mais detalhado e concreto possível de forma a impedir ações hostis e de violência.

 

Cartaz falso

Nas últimas horas, o grupo também tem vindo a fazer um esforço para combater uma fake news publicada nas redes sociais. Em causa está um cartaz semelhante ao da manif “Não nos encostem à parede”, mas com a frase "Portugueses daqui para fora". A foto foi, inclusive, partilhada pelo deputado André Ventura e outros perfis que costumam publicar notícias falsas no X (antigo Twitter). Os organizadores criaram uma publicação no Instagram para avisar que o cartaz não é verdadeiro.

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