Política
Miguel
Coelho recusa estar em manifestação "wokista" e de “de ataque à
polícia” - e contraria antigos ministros do PS
O socialista
e presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, "não
concorda com a oportunidade nem com o objetivo (pouco) “escondido” de ataque à
polícia". Manifestação "Não nos encostem à parede" foi convocada
para este sábado.
Artur
Cassiano
Publicado a:
09 Jan 2025,
18:14
Atualizado
a:
09 Jan 2025,
18:14
O apelo
público é subscrito por Ferro Rodrigues, Vera Jardim, pelo ex-ministro das
Finanças e ex-autarca de Lisboa Fernando Medina, e por outros antigos ministros
socialistas como Jorge Lacão, Castro Mendes e Brandão Rodrigues.
O documento
está assinado, entre outras personalidades, por Agostinho Abade, Anabela Mota
Ribeiro, António Pais, Carlos Sangreman, Cristina Ovídio, Domingos Pires,
Eduardo Graça, Graça Pinto Basto, Hélder Oliveira, Hélder Rodrigues e pela
deputada do PS Edite Estrela.
Entre os
subscritores estão também Helena Caniço, Inês Cordovil, Irene Pimentel, Isabel
Rodrigues, João Paulo Bessa, José Maria Brandão de Brito, Luísa Marques Júnior,
Manuel Dias Ferreira, Manuela de Melo, a ex-eurodeputada socialista Margarida
Marques, Maria Emilia Brederode Santos, Rita Ferro Rodrigues, a ex-deputada
Sónia Fertuzinhos e a sindicalista Wanda Guimarães.
A
unanimidade socialista, porém, é quebrada por Miguel Coelho, socialista e
presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, que recusa estar numa
manifestação “de ataque à polícia”. “
“A
manifestação convocada para sábado próximo, a pretexto do ocorrido no
Benformoso, pode até ter como promotores pessoas que estimo e convictas da sua
importância, porém está também apadrinhada por muitos radicais populistas,
“wokistas de esquerda”, que instrumentalizando a comunidade dos imigrantes
visados na operação policial – para quem até aqui pouco têm manifestado
preocupação ou solidariedade social – procurarão transformar a manifestação num
ataque à polícia, em particular contra a PSP. E com isso não posso concordar.
Acho mesmo perigoso e só favorecerá a extrema-direita”, escreveu o socialista
no Facebook.
“Por essa
razão”, explica o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, “por
não concordar com a oportunidade nem com o objetivo (pouco) “escondido” de
ataque à polícia, não participarei na mesma. Precisamos de uma PSP prestigiada,
defensora da Constituição, próxima dos cidadãos, com autoridade e mais
protegida legalmente dos insultos, ameaças e agressões que diariamente são
feitas aos seus agentes. E mais bem pagos. Aliás, como sempre disse”.
Segundo a
PSP, nesse dia 19 de dezembro, a “operação especial de prevenção criminal” na
zona do Martim Moniz, Lisboa, foi realizada sobretudo para deteção de armas e
droga.
Numa nota
divulgada, o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP explicitou que a
operação na freguesia de Santa Maria Maior teve como objetivo “alavancar a
segurança e tranquilidade pública da população residente e flutuante” e que
“está a decorrer na zona da Praça do Martim Moniz, área onde frequentemente se
registam ocorrências que envolvem armas”.
Reitero
que a criminalidade é transversal a todas as raças, etnias, credos e grupos
sociais. Não é um problema de imigração.
Miguel
Coelho
De acordo
com dados da própria PSP, após a operação foram feitas duas detenções,
apreendidos 3.435 euros em numerário, um passaporte, diversos documentos por
suspeita a auxílio a imigração ilegal, haxixe, uma faca com mais 10 centímetros
de lâmina e um telemóvel que constava como furtado.
Os
resultados, mas, sobretudo, a forma como foi conduzida e os alvos desta
operação policial, entre outras manifestações de repúdio, levou já um grupo de
cerca de 700 cidadãos, entre eles deputados do PS, Bloco de Esquerda e Livre, a
apresentar uma queixa à provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral.
O apelo
público, assinado por cerca de 50 personalidades, na sua maioria da área do PS,
apela “à participação na manifestação ‘Não nos encostem à parede’ de 11 de
janeiro, às 15 horas, para descer a Almirante Reis em defesa da democracia, do
Estado de Direito e da Inserção Social”.
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