Política
Líder do
PS defende que país deve ser "exigente" em relação à imigração e
admite: "Não fizemos tudo bem nos últimos anos"
Pedro Nuno
Santos admitiu que "o Estado e o país não se prepararam para a entrada
intensa de trabalhadores estrangeiros". O líder do PS defende "a
regulação da imigração de forma eficaz e humanista, com o outro lado, o da
integração”.
Susete
Henriques
Publicado a:
24 Jan 2025,
10:44
Atualizado
a:
24 Jan 2025,
10:44
O
secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, admitiu que "o Estado e o país
não se prepararam para a entrada intensa de trabalhadores estrangeiros",
dando como exemplo o Serviço Nacional de Saúde (SNS), a educação e a habitação.
Em
entrevista à edição desta sexta-feira do jornal Expresso, o líder do PS
defendeu "a regulação da imigração de forma eficaz e humanista, com o
outro lado, que é o da integração". E admitiu: "Não fizemos tudo bem
nos últimos anos no que diz respeito a imigração".
“Quando há
uma procura intensa que coloca pressão sobre os serviços públicos, isso vai
facilitar o discurso divisionista, muitas vezes de ódio, que a extrema-direita
usa contra os trabalhadores estrangeiros. Precisamos, de uma vez por todas, de
falar sobre a imigração de forma descomplexada, exigente, rigorosa, como
infelizmente não se tem feito”, defendeu Pedro Nuno Santos.
O líder do
PS defendeu uma regulação humanista da imigração, mas respeitando a cultura
portuguesa, dando, como exemplo, o respeito pelas mulheres. "(...) Não
quer dizer que o país não seja exigente desde logo no respeito por um conjunto
de valores que são partilhados: a nossa cultura, os nossos valores e,
obviamente, a lei"
"Quem
procura Portugal para viver e trabalhar, obviamente, percebe, ou tem de
perceber, que há uma partilha de um modo de vida, uma cultura que deve ser
respeitada", considerou.
Pedro Nuno
Santos recusou recuperar a manifestação de interesse, que deixou de existir com
o Governo de Montenegro, e prometeu apresentar até ao final deste mês uma
proposta para terminar com "uma situação de terra de ninguém ou um vazio
na lei", porque foi eliminado a manifestação de interesse. Líder do PS
considerou que este instrumento "não deve ser recuperado tal como existia,
mas é preciso encontrar válvulas de escape que permitam a regularização de
imigrantes que estão a trabalhar".
O líder do
PS referiu que "o Governo está a empurrar muitos imigrantes para a
imigração ilegal, porque os prazos para a atribuição de vistos à procura de
emprego estão a aumentar" e que, "ao contrário" do que foi
prometido, "não houve um reforço do pessoal nos serviços consulares"
Questionado
sobre se vistos turísticos seriam a solução, Pedro Nuno Santos respondeu que,
neste caso, "há uma vantagem, porque há uma entrada de forma legal".
"O Estado conhece, sabe quem é, sabe quem entrou, quando entrou. É
completamente diferente de uma entrada ilegal", afirmou.
Na mesma
entrevista, o líder do PS falou das presidênciais e defendeu: "É
importante que haja apenas uma candidatura do nosso campo”.
Perante a
atual situação no mundo, com guerras a decorrer, Pedro Nuno Santos defendeu que
"ter um Presidente da República com experiência e dimensão
internacional" é "importante".
Ao ser
questionado sobre se António Vitorino é o seu candidato preferido, o líder do
PS não foi claro. "A minha preferência é por um candidato da área do PS
que tenha a possibilidade de ganhar as eleições", respondeu.
Caso apareça
mais do que um nome, o líder da oposição remete a decisão para um órgão do PS,
como a Comissão Nacional.
Já sobre as
eleições autáquicas, e quando lhe foi perguntado se em Lisboa a esquerda está
obrigada a entender-se, Pedro Nuno Santos disse que "há abertura do PS
para, com os outros partidos, perceber se há base de entendimento
suficiente".
"É
muito importante que se vençam estas eleições em Lisboa, porque temos um
presidente de Câmara incapaz de resolver os principais problemas e porque eu
julgo que é uma das últimas oportunidades que temos de ter uma Câmara Municipal
fortemente comprometida com a construção de habitação para a classe
média", afirmou Pedro Nuno Santos que escolheu Alexandra Leitão para
suceder a Carlos Moedas (PSD) na autarquia da capital.
"Nós
ganharemos as autárquicas se tivermos mais autarquias do que o nosso principal
adversário", referiu o secretário-geral do PS.
Em relação
ao calendário dos estados gerais do PS, que irão realizar-se entre abril deste
ano e abril de 2026, Pedro Nuno Santos assumiu que esta inciativa foi pensada
para “qualquer eventualidade” e ponderando a possibilidade de eleições
antecipadas.
“Não sabemos
quando haverá eleições, mas o PS tem de estar preparado”, afirmou ao semanário.
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