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LISBOA
COP25
Navios que param
nos portos europeus são o 8.º maior poluidor da União Europeia
Estudo revelado
esta segunda-feira indica que o peso das emissões provenientes dos navios que
pararam nos portos portugueses é maior do que a frota total de veículos
ligeiros de passageiros existentes nas oito maiores cidades nacionais em 2013.
Patrícia Carvalho
Patrícia Carvalho
em Madrid 9 de Dezembro de 2019, 7:22
Os navios que
param nos portos da União Europeia emitiram, em 2018, mais de 139 milhões de
toneladas de dióxido de carbono (CO2). Os dados constam de um estudo revelado
esta segunda-feira pela Federação Europeia para os Transportes e Ambiente
(T&E), de onde se retira ainda que, se as emissões destes transportes
entrassem nas contas nacionais de cada país europeu, eles integrariam a lista
dos dez maiores poluidores, ocupando a 8.ª posição, logo a seguir à Holanda.
A nível
individual, a frota da Mediterranean Shipping Company (MSC), com a emissão de
11 milhões de toneladas de CO2, também ocuparia a 8.ª posição dos dez maiores
poluidores, imiscuindo-se entre várias fábricas de carvão e a a Ryanair, que
seria o 10.º maior emissor de CO2 na União Europeia, se as emissões
provenientes da aviação também entrassem nas contas dos países.
Ainda na recente
resolução da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar
sobre a COP25, aprovada pelo Parlamento Europeu no final de Novembro, se
alertava para o facto de o sector dos transportes ser “o único que registou um
aumento das emissões desde 1990”, exigindo-se que houvesse uma redução das emissões
provenientes da aviação e da navegação que, segundo as previsões ali
apresentadas, devem continuar a aumentar, até 2050, entre 300% a 700% no
primeiro caso e entre 50% a 250% no segundo.
No estudo agora
revelado da T&E, de que a Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável
faz parte, relembra-se que a nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von
der Leyen, já fez saber que pretende agir no sentido de incluir as contas da
navegação no total de emissões da União Europeia, e essa posição, defendem os
autores do relatório, tem de ser a única a seguir, caso contrário, “os
compromissos da Europa com o Acordo de Paris continuarão incompletos e por
cumprir”.
Segundo o
documento a que o PÚBLICO teve acesso, a contribuição para a poluição atmosfera
dos navios que operam nos portos europeus “pode ser maior do que a de todos os
veículos de passageiros da Europa”, tendo crescido 19% desde 1990. A informação
obtida a partir da recolha de dados de várias fontes oficiais leva a T&E a
afirmar que o CO2 emitido pelos navios que se abasteceram na Holanda, Bélgica,
Noruega, Letónia e Estónia, em 2018, “foi maior ou comparável ao CO2 emitido
pela frota total de veículos ligeiros de passageiros nesses países”.
Em Portugal, e
comparando as emissões de navios de 2018 com a frota de veículos registada em
2013, conclui-se que os primeiros lançaram mais CO2 para a atmosfera do que a
totalidade dos automóveis existentes nas oito maiores cidades do país (Lisboa,
Sintra, Vila Nova de Gaia, Porto, Cascais, Loures, Braga, Matosinhos), sendo a
navegação responsável pela emissão de 2,9 milhões de toneladas de CO2 e os
automóveis por 2,8 milhões de toneladas. No universo dos países da União
Europeia, Portugal aparece como o 13º com mais emissões provenientes da
navegação (a Holanda, por causa do grande porto de Roterdão, é o país que
aparece em 1.º lugar, com 19,9 milhões de toneladas) e no 5.º lugar quando se
analisa quanta dessa navegação serve para transportar combustíveis fósseis. Os
dados mostram que 25% de todas as emissões alocadas a Portugal pela T&E
corresponde a esse tipo de transporte.
Em linha com a
T&E, a Zero defende, em comunicado, que as emissões provenientes da
navegação (e também da aviação) deve entrar nas contas das emissões da União
Europeia, “para que o transporte marítimo possa contribuir de forma justa para
o esforço de descarbonização da economia”. O fim da subsidiação a este sector e
um maior controlo na construção dos navios (uma vez que eficiência prevista no
design não é compatível com as emissões reais, segundo o mesmo estudo), com a
transição gradual para as energias renováveis, são alguma das medidas propostas
pela T&E, que propõe ainda a criação de um fundo, que coloque um preço
sobre o carbono emitido, e que seria utilizado na reconversão do sector para se
tornar menos poluidor.
Quando a COP25
entra na sua última semana, em Madrid, um outro estudo revelado esta manhã,
pela organização não-governamental Carbon Disclosure Project (CDP), com base em
inquéritos realizados aos fornecedores de grandes cadeias de comércio, indica
que mais de mil milhões de toneladas de emissões de gases com efeito de estufa
seriam poupadas se os principais fornecedores de apenas 125 multinacionais
aumentassem em 20% o recurso a energias renováveis.
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