segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Greta Thunberg chega à Doca de Alcântara na manhã de terça-feira / OPINIÃO: "Greta."



Greta Thunberg chega à Doca de Alcântara na manhã de terça-feira

A ativista sueca anunciou no Twitter que chegará a Lisboa dentro de três dias no veleiro em que atravessou o Atlântico para participar na COP 25 de Madrid.

DN
30 Novembro 2019 — 23:53

Aativista ambiental sueca Greta Thunberg anunciou a sua chegada a Lisboa na sua conta no Twitter, anunciando que está previsto atracar na Doca de Alcântara, no final do pontão encostado ao Rio Tejo, junto à Gare Marítima de Alcântara na manhã de terça-feira, antes de viajar para a capital espanhola para participar na cimeira sobre as Alterações Climáticas (COP25).

"Dia 18. Estamos a caminho da Europa. O dia previsto para a chegada é terça-feira de manhã. Vamos chegar à Doca de Alcântara, Lisboa. Esperamos encontrar-vos aí!", refere a jovem ativista, de 16 anos, em mensagem no Twitter.

Em comunicado enviado à Lusa, a ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável) divulgou a mensagem de Greta Thunberg, que atravessou o Atlântico de veleiro.


Greta Thunberg
@GretaThunberg
Day 18. We’re speeding towards Europe! Estimated time of arrival right now is Tuesday morning. We’ll be arriving at Doca de Alcantara, Lisbon. We are all looking forward to see you there! @Sailing_LaVaga@elayna__c @_NikkiHenderson

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11:11 PM - Nov 30, 2019

À chegada, a jovem ativista vai ser recebida pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, estando ainda prevista uma conferência de imprensa no local, indicou a associação.

Greta Thunberg foi convidada também para estar presente numa sessão na Assembleia da República, mas não confirmou ainda a sua presença e nos últimos dias surgiram indicações, não oficiais, de que a jovem sueca não irá ao Parlamento.

A antecipar essa possibilidade, o presidente da comissão parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, o bloquista José Maria Cardoso, disse este sábado ao jornal Público que vai propor que a comissão que lidera se desloque ao Porto de Lisboa para receber a ativista sueca na sua curta passagem por Portugal.
A COP25, que se realiza de 2 a 13 de dezembro, foi transferida de urgência, em 1 de novembro para Madrid, depois de o Chile ter anunciado que renunciava à sua organização, devido a um movimento de contestação social sem precedentes no país.

A transferência foi proposta pelo chefe do governo socialista espanhol, Pedro Sánchez, para "garantir" a realização do encontro, apesar do enorme desafio logístico que isso implicava: preparar em apenas um mês um evento que vai reunir 25.000 participantes de cerca de 200 países, entre diplomatas, ONG (organizações não governamentais) e cientistas.

A cimeira sobre Alterações Climáticas realiza-se anualmente numa região diferente do mundo, tendo calhado desta vez à América Latina a sua organização, depois da última vez ter tido lugar no leste Europeu, mais precisamente na Polónia.

Inicialmente, a conferência deveria ter-se realizado no Brasil, mas, acabado de ser eleito Presidente, Jair Bolsonaro renunciou em novembro de 2018 à sua organização devido a "restrições fiscais e orçamentais", tendo o Chile assumido a presidência do evento.

Greta Thunberg cruzou o Atlântico no seu veleiro para participar numa cimeira prévia da ONU em Nova Iorque (convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em setembro passado) e na COP25 no Chile, mas a alteração inesperada do local obrigou-a a voltar a embarcar, desta vez num catamarã, para fazer a viagem ao contrário e chegar a tempo a Madrid, sem ter de apanhar um avião, e com passagem por Lisboa.




OPINIÃO

Greta.


A pergunta fundamental é: já esteve JMT nalguma marcha pelo Clima? Eu estive. E o que vi foi milhares de Jovens Gretas e Gretos, sem autismos, mas com as mesmas perguntas impotentes e universais dirigidas, precisamente, aos políticos e aos líderes mundiais.

António Sérgio Rosa de Carvalho
10 de Outubro de 2019, 2:13

Uma Santa? Uma Política? Ou, apenas, mensageira e oráculo de uma Verdade Científica não apenas Inconveniente mas Incontornável?

Estamos todos “gretados”. Uma das melhores caracterizações da idiossincrática mente de Greta, e da sua relação rigorosa e sem filtros, com a urgência dos factos incontornáveis científicos divulgados nos relatórios do IPCC, foi-nos dada num recente artigo da Spiegel.

Neste, Greta, é comparada ao famoso Neo do Matrix, o qual é exposto à escolha entre tomar a pílula azul que o irá levar ao esquecimento “normalizado” de uma verdade escondida e a pílula vermelha, que o irá levar ao conhecimento sem filtros da mesma verdade.

Greta optou pela pílula vermelha.

Assim, ao acusar directamente os grandes líderes que a convidam, de torpor e de irresponsável inacção perante os factos científicos, Greta transformou-se na mensageira da sua própria geração e das gerações futuras. Um inconveniente e incomodativo oráculo, que muitos denunciam como perigosa ameaça mistificante, para o mundo de aparente prosperidade, estabilidade e segurança. Uma ameaça para o Mundo da pílula azul.

Todos viram o Video do “How dare you”? Mas, provavelmente poucos viram a mensagem registada também em vídeo de Sir David Attenborough e dirigida aos Líderes do Mundo presentes a 23 de Setembro na cimeira da ONU.

 Nele, Attenborough avisa que foi possível construir a civilização humana nestes últimos doze mil anos devido à estabilidade do clima. Essa estabilidade está gravemente ameaçada e uma data limite e decisiva é 2020, data da “última” cimeira em Londres. “Última" no sentido do tempo que nos resta para atingir os objectivos e compromissos tomados pelas nações de diminuir para metade as emissões de C02 até 2030 e atingir o zero de emissões em 2050, no conhecido limite dos 2 graus.

Na cimeira de 23 de Setembro conseguiu-se concretamente muito pouco além da vaga e tímida promessa de 70 nações do compromisso de neutralidade de carbono em 2050 e de implementar os seus planos nacionais que resultam do Acordo de Paris até 2020.

Daí, a indignação trémula e impotente de uma adolescente que representa uma geração que em nada contribuiu para o Mundo da Pílula Azul, mas que vai ser obrigada a sobreviver nas realidades apocalípticas do Mundo da Pílula Vermelha. Neste, o conceito Viver tal como nós o conhecemos terá então desaparecido.

António Guterres ilustrou recentemente isto com a frase: “A ciência mostra-nos que se nada for feito enfrentamos, pelo menos, 3 graus Celsius de aquecimento global até ao final do século. Eu não estarei cá, mas minhas netas, sim.”

Ora, as acusações dirigidas a um Movimento Imparável, apolítico e Universal de Consciencialização que ilustra a Ecologia como o novo Humanismo Universal do século XXI, que transcende e atravessa diagonalmente as polarizações entre a “Esquerda” e a “Direita” já chegaram às páginas do PÚBLICO.

Através de JMT, que nas suas piruetas retóricas baseadas numa ironia que se pretende libertadora do enfadonho “Politicamente Correcto” pretende representar a “frescura” de uma geração irreverente.

Assim, Greta é acusada de ser uma perigosa mistificadora portadora de uma auréola santificadora e sumo sacerdotisa de uma nova religião verde. E estes “fundamentalismos” também a comparam a uma perigosa figura da extrema-esquerda que quer resolver as coisas “à bomba”, num processo de politização da causa ambiental. Depois seguem-se as classificações de Guterres como patético, da impossibilidade de conhecer o Futuro e acusação de politização dos Movimentos da causa Ambiental.

Neste caso, JMT contribuiu através das suas confusas trapalhadas argumentativas, como ninguém, precisamente para a polarização e politização deste Movimento Universal que Guterres classifica, nos seus esforços, como Imparável e Universal. Neutral politicamente, mas profundamente consciente das profundas reformas necessárias no nosso modelo económico de mercado e do insustentável mito de crescimento ilimitado.

A pergunta fundamental é: já esteve JMT nalguma marcha pelo Clima? Eu estive. Em Haia a 27 de Setembro. E o que vi foi milhares de Jovens Gretas e Gretos, sem autismos, mas com as mesmas perguntas impotentes e universais dirigidas, precisamente, aos políticos e aos líderes mundiais. Foi em nome deles e dos meus netos que estive presente.

Historiador de Arquitectura

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