Refugiados:
Merkel vai à Turquia para debater aplicação de plano comum
8-2-2016 /
OBSERVADOR / LUSA
A
chanceler alemã vai esta segunda a Ancara para acelerar a aplicação
do plano de ação UE-Turquia de resposta à crise dos refugiados. Há
45 mil sírios concentrados junto à fronteira turca.
A chanceler Angela
Merkel desloca-se esta segunda-feira a Ancara para acelerar a
aplicação do plano de ação UE-Turquia de resposta à crise dos
refugiados, quando 45 mil sírios estão concentrados junto à
fronteira turca.
Neste plano de ação,
concluído no final do ano passado, a UE compromete-se a ajudar com
três mil milhões de euros na assistência a 2,5 milhões de
refugiados sírios atualmente em território turco, e a avaliar a
eliminação dos vistos para os cidadãos turcos.
“Agora é preciso
que o acordo UE-Turquia seja aplicado para ajudar a melhorar as
condições de vidas dos refugiados na Turquia”, disse Merkel na
sexta-feira.
Em contrapartida,
Ancara vai aumentar o controlo da fronteira marítima com a Grécia,
uma das principais rotas dos refugiados que pretendem chegar à
Europa, facilitar a educação dos migrantes menores de idade e a
inserção laboral dos adultos.
O número de
deslocados sírios junto à fronteira com a Turquia, que fugiram dos
bombardeamentos em Aleppo, ascende já a 45 mil e está a aumentar,
indicou a organização humanitária turco-muçulmana IHH. A zona da
fronteira de Oncupinar, que liga a cidade turca de Kilis à estrada
que leva à cidade síria de Aleppo, continua encerrada.
No sábado, a
chanceler alemã voltou a sublinhar a importância de melhorar a
proteção das fronteiras exteriores da zona de livre circulação de
pessoas, bens e mercadorias europeia, ameaçada pelo êxodo dos
refugiados. “Devemos proteger as nossas fronteiras exteriores
porque queremos manter Schengen (…) um fundamento do nosso
bem-estar” e que atualmente está “em perigo”, afirmou.
Vários países
europeus, incluindo a Alemanha, restabeleceram controlos temporários
nas fronteiras para registar ou travar a entrada de refugiados nos
seus territórios. Se esta política continuar poderá significar o
fim do espaço Schengen, o que representará um revés político e
económico para a UE, de acordo com observadores.
O porta-voz do
executivo alemão, Steffen Seibert, afirmou que Merkel e o
primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, vão debater as medidas
necessárias para passar de uma imigração ilegal e legal. “É
evidente que o tráfico de pessoas continua em frente às costas
turcas. É evidente que há uma tarefa pendente”, sublinhou.
Para que a aplicação
do Plano de Ação UE-Turquia se torne uma realidade, a chanceler
precisa, além da Turquia, do apoio dos parceiros europeus e que
todos os Estados-membros da UE concordem em aceitar “contingentes
legais de refugiados”.
A proposta alemã
continua a obter respostas negativas em algumas capitais da UE,
especialmente entre os países de leste.
Merkel considera
também essencial, para tentar resolver a crise dos refugiados,
chegar a uma “solução política” para a Síria, palco de uma
guerra civil há cinco anos, que já fez mais de 260 mil mortos, um
dos temas que vai debater com Davutoglu.
Vizinha da Síria e
inimiga do regime do presidente Bashar al-Assad e dos curdos, a
Turquia é também um dos alvos do grupo extremista Estado Islâmico
(EI).
Síria.
Mais de 45 mil deslocados junto à fronteira com a Turquia
7/2/2016, OBSERVADOR
O
número de deslocados sírios junto à fronteira com a Turquia,
depois de fugirem dos bombardeamentos em Aleppo, ascende já a 45 mil
e está a aumentar.
O número de
deslocados sírios junto à fronteira com a Turquia, depois de
fugirem dos bombardeamentos em Aleppo, ascende já a 45 mil e está a
aumentar, segundo a organização humanitária turco-muçulmana IHH,
que ajuda refugiados. “Ontem [sábado] eram 35 mil, hoje chegámos
a 45 mil e o fluxo continua: não param de chegar famílias de
Aleppo, tanto árabes como turcomenas e curdas”, disse por telefone
à agência EFE o porta-voz da IHH, Emrullah Öztürk, que se
encontra na província de Kilis.
A zona da fronteira
de Oncupinar, que liga a cidade turca de Kilis à estrada que leva à
cidade síria de Aleppo, continua encerrada. A organização começou
a levantar no lado sírio dois acampamentos de tendas para os
refugiados, ambos a poucas centenas de metros da fronteira turca.
“Esta situação
irá prolongar-se bastante, pelo que parece, e começamos a planear a
instalação de um acampamento de casas pré-fabricadas”, afirmou
Emrullah Ozturk. O porta-voz referiu ainda que a IHH levou unidades
móveis de cozinha para estes acampamentos, onde organiza a
distribuição de alimentos e de cobertores, graças também à ajuda
das autoridades turcas.
A maior ameaça
neste momento são as baixas temperaturas, que põem em perigo a vida
de crianças e idosos, disse Emrullah Ozturk, acrescentando que pelo
menos ali estão a salvo da guerra. Segundo o porta-voz da IHH,
trata-se uma “zona segura” e não há bombardeamentos nem
milícias armadas na região.
“Há hospitais e
médicos na zona para atender doentes de prognósticos ligeiros, e se
alguém precisar de uma operação ou de atenção mais especializada
é levado de ambulância para a Turquia”, explicou. Os
trabalhadores e voluntários da organização podem cruzar “sem
problemas” a fronteira para o lado sírio, mas as autoridades
turcas “não permitem a passagem” a jornalistas.
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