EDITORIAL / PÚBLICO
À
quinta comissão será de vez?
DIRECÇÃO EDITORIAL
03/02/2016 - PÚBLICO
Tomou posse mais uma
comissão que vai analisar o colapso de mais um banco. É a quinta.
Primeiro foi o caso
BCP, em 2008, que levou os deputados a avançarem com uma comissão
de inquérito com o objectivo de tentar perceber o que falhou na
“supervisão dos sistemas bancário, segurador e de mercado de
capitais”. Depois seguiu-se a primeira do BPN, igualmente para
analisar a supervisão, mas também as condições que levaram à
nacionalização do banco. O BPN seria alvo de novo inquérito, em
2012, quando os deputados, além da nacionalização, investigaram o
conturbado processo de venda. Nessa altura, Carlos Costa, que já era
governador, foi à Assembleia dizer que “o Banco de Portugal deu
grandes saltos em matéria de supervisão e de capacitação”. Uma
frase dita fora de tempo, já que três anos depois entrava em
colapso o BES e logo a seguir o Banif, que deram lugar a outras
tantas comissões.
A comissão de
inquérito ao Banif tomou posse esta quarta-feira e nos próximos
meses irá analisar novamente a supervisão (ou a falta dela) e o
processo de recapitalização e venda do banco. Ferro Rodrigues
lembrou aos deputados a pesada herança dos trabalhos da comissão
anterior ao colapso do BES, que foi elogiada de forma unânime pela
forma como os deputados se empenharam na procura da verdade,
pedindo-lhes para trabalhar “com espírito independente e de forma
coesa”.
Tendo em conta até
o clima de alguma crispação política que se vive no país, e o
facto de os trabalhos da comissão “apanharem” a reestruturação
do banco apadrinhada pelo Governo anterior, e a venda acelerada
decidida pelo actual executivo, será provável que desta vez os
deputados não sejam tão “independentes”. Mas seria importante
que deixassem de lado as desavenças e tentassem perceber sobretudo
se já foi feito o suficiente, nomeadamente a nível legislativo e de
supervisão, para evitar que as comissões de inquérito à banca se
transformem num hábito e numa penosa rotina parlamentar.
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