Monsanto diz que só vende OGM na
Europa a Portugal e Espanha
A gigante agroindustrial das sementes geneticamente modificadas reconheceu
que o negócio dos OGM na Europa não é bem visto pela população. A exceção é
Portugal e Espanha, onde diz beneficiar de "amplo apoio político e um
sistema de regulação" mais favorável.
13 de Junho, 2013
- http://www.esquerda.net/artigo/monsanto-diz-que-s%C3%B3-vende-ogms-na-europa-portugal-e-espanha/28217
Um porta voz da
empresa norte-americana que é perseguida por ambientalistas e agricultores onde
quer que se instala afirmou à Reuters que "vamos vender as sementes
geneticamente modificadas apenas onde elas gozem de um amplo apoio dos
agricultores, dos políticos e onde exista um sistema de regulação que funciona".
Thomas Helscher acrescentou que "por enquanto, isso apenas se aplica a
poucos países europeus, sobretudo Espanha e Portugal".
Embora as
palavras do porta-voz da Monsanto tenham sido interpretadas como o anúncio da
retirada da empresa dos restantes países, a verdade é que ela está a lucrar
como nunca através da venda de sementes tradicionais e de herbicidas como o
Roundup e prepara-se para ver aprovada pela Comissão Europeia uma nova patente
de milho trangénico, a SmartStax. Quanto às sementes trangénicas proibidas por
ameaça à saúde pública em boa parte dos países europeus, continuarão a
espalhar-se em Portugal com o beneplácito da ministra da Agricultura do CDS,
como o foram antes com os ministros do PS.
O anúncio da
Monsanto provocou alguma confusão na imprensa e não terá sido alheio ao
protesto de 25 de maio em 50 países. Em Lisboa, centenas de ativistas do
ambiente e pequenos agricultores concentraram-se em frente à Assembleia da
República e organizaram-se protestos semelhantes no Porto, Horta e Ponta
Delgada.
EUA: Pequenos agricultores arriscam-se a ser
processados após contaminação
Esta
segunda-feira houve mais um episódio na batalha jurídica que opõe um grupo de
50 agricultores biológicos ao gigante da agroindústria. Segundo informa o
Huffington Post, um tribunal norte-americano rejeitou o recurso dos
agricultores, que simplesmente pretendiam assegurar que não seriam processados
pela Monsanto no caso das suas plantações serem contaminadas pelas sementes
transgénicas vendidas pela empresa.
Este tipo de
contaminação acontece frequentemente e nas últimas semanas surgiu um novo caso
num campo de trigo no estado norte-americano de Oregon. Nos EUA como na América
Latina, as variedades de sementes resistentes aos pesticidas - também vendidos
pela Monsanto - são usadas em grande escala, afetando também as restantes
culturas.
O argumento usado
pelo Tribunal foi considerado "bizarro" pelo advogado do Centro para
a Segurança Alimentar, organização que se constituiu como queixosa neste
processo. É que apesar da empresa se recusar a assinar um documento em que
abdicaria de processar os agricultores contaminados pelas suas sementes, os
juízes consideraram que uma declaração entretanto publicada no site da Monsanto
já garantia que a empresa não teria intenção de os processar. Ao mesmo tempo,
reconheceram que os registos conhecidos dão conta da contaminação de boa parte
das sementes tradicionais pelas sementes resistentes ao pesticida Roundup. Entre
1997 e abril de 2010, a
Monsanto instaurou 144 processos judiciais contra agricultores, reclamando o
pagamento de royalties pela alegada - e em muitos casos involuntária -
utilização das suas sementes transgénicas.
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