sábado, 5 de julho de 2014

Gregos lutam contra a privatização das suas praias, já à venda na Internet. DUTCH ROYALS’ GREEK HOME CRITICIZED, INVESTIGATED.

O turismo é cada vez mais visto na Grécia como uma bóia de salvação da economia em crise
Gregos lutam contra a privatização das suas praias, já à venda na Internet
A Grécia quer fazer dinheiro e atrair investimento estrangeiro vendendo terrenos mesmo à beira-mar, termas, até um castelo. Os críticos queixam-se que o património está a ser estragado e desbaratado

Com mais de 13 mil quilómetros de costa, equivalente a um quarto da extensão das costas europeias, a Grécia tem o mar e as praias protegidos pela Constituição
Grécia Maria João Guimarães / 5 jul 2014 / PÚBLICO

Petições online, blogues, cartas abertas, vídeos — os gregos estão numa campanha forte contra os planos do Governo de reformular uma lei que muda a protecção ao litoral e contra a proposta de venda de mais de cem propriedades mesmo na costa.
Até agora, os protestos fizeram com que o Governo apenas prometesse alterar a lei, e as propriedades mantêm-se à venda, numa lista enorme de património que será vendido para cumprir a meta da troika de credores (UE, FMI e BCE) para verbas obtidas através de privatizações (e que incluem não só as zonas costeiras, mas também aeroportos, empresas de água e electricidade, a lotaria nacional, etc.).
Quanto às propriedades, a lista das que estão disponíveis para vender está na Internet e em inglês (www. hradf.com/sites/default/files/attachments/properties-lot-b-en.pdf). Têm mapas localizadores, algumas fotografias, descrições e nota de restrições à construção: algumas legais, outras motivadas pelo ambiente, outras ainda arqueológicas. Muitas estão mesmo na costa, mas há zonas em cidades, edifícios de serviços públicos, quatro estâncias termais e ainda um castelo. Algumas propriedades provocaram especial polémica por estarem em zonas protegidas como a Rede Natura 2000 (zonas de protecção da biodiversidade de espécies raras ou ameaçadas), como as da ilha de Elafonisos, na costa do Peloponeso.
“Esta não é exactamente uma privatização das praias”, nota George Chassiotis, do Fundo de Protecção da Natureza (WWF) grego. “O que é cedido não é a praia, mas o terreno à volta.” Não há venda, mas sim cedência da exploração (permitindo construção) para dezenas de anos (entre 50 e 100 anos). No entanto, o executivo pretende aprovar uma nova lei que acabe com as restrições da construção nas praias e também das zonas de concessão, que até agora têm tamanhos máximos e têm de ser intercaladas por zonas não concessionadas.
É um enorme potencial para atrair investimento e criar postos de trabalho — na construção, serviços, etc., dizem o Governo e a Comissão Europeia. É uma receita para desvalorizar património, prejudicar o ambiente e assim afastar turistas, dizem os críticos.
Com mais de 13 mil quilómetros de costa, equivalente a um quarto da extensão das costas europeias, a Grécia tem o mar e as praias protegidos pela Constituição. Mas o acesso livre seria ameaçado pela lei que altera a exploração — algumas praias em Atenas, por exemplo, já só são acessíveis através de pagamento a concessionários.
Na Grécia sempre houve restrições à construção no litoral, embora exista bastante construção ilegal, desesperante agora para os responsáveis dos fundos de privatização que não conseguem pôr à venda algumas propriedades entretanto cheias de casas ilegais mesmo à beira da praia.
Conta-se que muitas destas casas surgiam mesmo antes de eleições, quando os políticos que queriam votos fechavam os olhos e permitiam que se mantivessem, obtivessem energia eléctrica através de conhecimentos, e passado algum tempo surgia uma pequena comunidade ilegal ao pé do mar. O projecto de lei que o Governo quis aprovar previa ainda que as construções ilegais pudessem ser legalizadas apenas contra o pagamento de uma multa.
Apesar das irregularidades, foram as restrições na construção que evitaram que a costa grega acabasse como as de Espanha ou Itália — e foi de Espanha que veio um aviso sobre as consequências do excessivo desenvolvimento nas zonas costeiras: o representante espanhol do WWF, Juan Carlos del Olmo, escreveu ao primeiro-ministro grego pedindo-lhe que evitasse o erro cometido por Espanha, onde 75% da costa está urbanizada ou em vias de o ser.
O turismo é cada vez mais visto na Grécia como uma bóia de salvação da economia em crise, com o país de 10 milhões de habitantes à espera de 18,5 milhões de estrangeiros este ano, o que será um recorde. Mas o turismo não precisa de grandes complexos nem de praias privadas, argumentam os que se opõem a estas medidas. Até pelo contrário. Em Rhodes e Creta, o “desenvolvimento intenso está a ameaçar o próprio turismo, já que o capital natural é parte do produto turístico”, argumenta Juan Carlos del Olmo. Creta, que é famosa por produtos agrícolas de sabor excepcional, terá também a qualidade do solo ameaçada.
As praias e as zonas turísticas são apenas uma das batalhas dos gregos contra as privatizações — estão à venda 38 aeroportos, 12 portos, a companhia de electricidade, do gás, caminhos-de-ferro, uma petrolífera, auto-estradas, etc. A troika de credores estabeleceu uma meta de 1,5 mil milhões de euros que a Grécia deve conseguir através de privatizações em 2014 (baixando muito o objectivo inicial, que era de 3,5 mil milhões).
Até agora, os protestos populares (e um referendo em que o “não” venceu com 98%) impediram apenas uma privatização: a da empresa de águas Eyath, de Salónica.


NETHERLANDS
DUTCH ROYALS’ GREEK HOME CRITICIZED, INVESTIGATED

Parliament wants clarification from the Cabinet about how much the Dutch state has invested into the Greek vacation villa of King Willem-Alexander and Queen Máxima. Local media claims that “illegal building” occurred on the grounds, bought by the Dutch state.

According to Greek media, these building activities “ignored all applicable laws.” The same counts for the construction of a private dock next to the home, and entirely new fencing around the building.

MPs for the PvdA, Jeroen Recourt, and Ronald van Raak of the SP want to know how much money the Dutch state has put into the home, as well as the surrounding grounds. Previously, questions about this issue were dismissed by Prime Minister Mark Rutte who argued that it was a private affair.

The Government Information Service (RVD) says that all measures are in place for the security of “the person, the family and the surroundings of the King.”

The RVD says that the Greek government gave permission to the national counter-terrorism coordinator (NCTV), who took a package of security measures. The RVD says that a jetty has been constructed at the home, and a plot of land has been leased, but will not clarify the cost of this.

Greek media says that a group of local residents are angry that a foreign power is allowed to get away with what they can not. The right to own a private dock is not a luxury that these local residents would be allowed to have themselves. According to the local media, three ministers signed permits that waive standing rules on a one-time basis. The local residents call the activities of the Dutch government “environmentally unfriendly behavior of representatives of a foreign state who are guests in Greece.”

Beach-side building is a very complicated political matter in Greece, and a wish to do so is tied to lengthy bureaucratic procedures, which the Royal couple seem to have been able to skirt with a few ministerial favors. Owning a private dock in Greece is problematic, as the privatization of beaches is a political issue. Everyone in Greece must be able to reach the sea and the beach at any time. Beach clubs want an exception to that rule as well.

The “illegal building” that Greek media mention is thought to be shelter for the security personnel of the King and Queen.


This is not the first time that the construction of a Royal holiday home has come under fire. In 2007, King Willem-Alexander and Queen Máxima bought a home in Mozambique. The high costs of protecting a Royal vacation home in a developing country in Africa became a political discussion, and the home was given up in 2009. The Greek home was bought in 2012, and stands in Kranidi, in the Ermionida municipality on Pelopennese.

Sem comentários: