quinta-feira, 15 de maio de 2014

Sindicato e presidentes de junta queixam-se de lixo por recolher nas ruas de Lisboa


Sindicato e presidentes de junta queixam-se de lixo por recolher nas ruas de Lisboa
Circuitos de recolha incompletos e resíduos acumulados junto a ecopontos são algumas das situações registadas
Inês Boaventura / 15-5-2014 / PÚBLICO

O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) diz que os serviços de limpeza urbana estão “em ruptura” e que diariamente há circuitos de recolha de lixo que não são feitos ou ficam incompletos devido à falta de pessoal. Entre os presidentes de junta da cidade há quem faça eco destas críticas e há quem limite o problema a uma acumulação de resíduos junto aos ecopontos.
Numa coisa todos parecem estar de acordo: as dificuldades agora sentidas surgiram na sequência da transferência, no passado mês de Março, de mais de 800 trabalhadores da Câmara de Lisboa que estavam afectos aos serviços de limpeza urbana para as 24 juntas de freguesia. Segundo o STML, entre eles estavam perto de 650 cantoneiros, o que fez com que no município ficassem “cerca de 500 cantoneiros, dos quais apenas cerca de 300 estão aptos para a exigente tarefa de recolha de resíduos”.
“Não chega”, garante o presidente do sindicato, antecipando que esse cenário de escassez de meios humanos “vai agravar-se” durante os períodos de férias que se aproximam. “Antes já havia carência de pessoal mas era dada prioridade à remoção de lixo. Com a transferência para as juntas a câmara puxou a manta e destapou não só os pés, destapou até à cintura”, explica Vítor Reis.
O dirigente sindical diz que “os trabalhadores estão sobrecarregados” e acusa a Câmara de Lisboa de os ameaçar com processos disciplinares caso não concluam “as voltas” e de lhes prometer horas extraordinárias que “a lei não permite pagar”. “Têm que reforçar o quadro”, conclui.
Sem querer entrar em pormenores, o vereador da Higiene Urbana lembra que a reorganização administrativa da cidade, com a qual transitaram para as freguesias as competências de limpeza e varredura das ruas, “trouxe alterações à forma de organização”. “E as alterações às vezes originam falhas”, admite Duarte Cordeiro, sublinhando que a situação “está a ser monitorizada, em estreita articulação com as juntas”
O autarca socialista considera no entanto que as “falhas” que têm vindo a ser detectadas (de forma “intermitente”, segundo diz), nomeadamente de “acumulação de resíduos em torno de ecopontos”, não podem ser atribuídas exclusivamente a uma causa. “Há problemas que já existiam antes da reforma”, frisa Duarte Cordeiro.
Na freguesia de Carnide (PCP), o tesoureiro da junta não tem dúvidas de que “os problemas têm-se acentuado muito”. Segundo Paulo Quaresma, há locais em que a recolha de resíduos sólidos “não está a ser como era ao nível da regularidade”, o que fez com que nas últimas duas semanas lhe tenham chegado “muitas queixas” de moradores, dando conta da existência de contentores cheios, rodeados de lixo.
Na freguesia de Santo António (PSD), o presidente da junta também reconhece que “tem havido problemas”. “A câmara ficou com os homens à justa e se algum deles fica constipado... Tem havido algumas voltas não completadas”, diz Vasco Morgado. Ainda assim, o autarca frisa que quando assim é o vereador Duarte Cordeiro é avisado e a recolha acaba por ser feita no dia seguinte e acrescenta que não notou um acréscimo de queixas dos munícipes.
Já em Alvalade (PS), o presidente da junta de freguesia diz não ter ideia de que tenha havido “uma diminuição da eficácia da recolha” ao nível dos circuitos. André Caldas admite no entanto a existência de “uma acumulação extraordinária e inusitada” de lixo junto aos vidrões e às caldeiras de árvores, acrescentando não estar certo de quais as causas dessa situação.

Também na freguesia de Benfica (PS) têm sido registadas, “nas últimas semanas”, “falhas no serviço de recolha de lixo, bem como grande acumulação de resíduos junto aos ecopontos”. Essa informação consta da página da junta no Facebook, numa publicação na qual se diz que este serviço, da responsabilidade da câmara, “tem-se mostrado insuficiente para dar resposta às necessidades”.

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