quinta-feira, 8 de maio de 2014

Marinho Pinto agita debate entre Assis e Rangel. Eleições europeias às escondidas! In Cartas à Directora / PÚBLICO

( ...) "Sente-se confortável por encabeçar uma lista em que cinco dos seus apoiantes foram agora corridos [pela direção de António José Seguro] do Parlamento Europeu; e sente-se bem por ter o apoio de Jorge Coelho, essa nova vedeta eleitoral do PS, sabendo que ele, enquanto ministro das Obras Públicas, adjudicou muitos milhões de euros a uma empresa privada e que quando saiu de ministro foi justamente para administrador dessa empresa?", questionou.
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Em relação a Paulo Rangel, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados questionou o cabeça de lista da Aliança Portugal sobre se está confortável com o facto de acumular um lugar de eurodeputado com a pertença a uma sociedade multinacional de advogados.
 "Não se sente incomodado por trabalhar em leis no Parlamento Europeu e por ter ao mesmo tempo grupos económicos ou interesses privados nas leis que o senhor faz?", perguntou o "número um" do Partido da Terra.

Marinho Pinto agita debate entre Assis e Rangel
O cabeça de lista do MPT, Marinho Pinto, agitou hoje o debate entre Assis (PS) e Rangel (PSD/CDS), confrontando o socialista com as atividades empresariais de Jorge Coelho e o social-democrata com a acumulação entre política e advocacia.
António Marinho Pinto, ex-bastonário da Ordem dos Advogados, agora "número um" da lista europeia do Movimento do Partido da Terra (MPT), acusou as candidaturas de Francisco Assis e de Paulo Rangel de o terem excluído do debate, alegando que foi inicialmente convidado pela Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mas que esse convite foi posteriormente cancelado sem qualquer explicação.

Sentado na primeira fila da plateia do auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, António Marinho Pinto considerou também que a anterior discussão sobre política europeia, ao longo de uma hora, demonstrara que o cabeça de lista do PS, Francisco Assis, "é o maior apoiante" do cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP, Paulo Rangel, e que, por sua vez, "Paulo Rangel é o maior apoiante de Francisco Assis".

Já depois de o debate terminar, um representante da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa assumiu a responsabilidade por Marinho Pinto ter sido "desconvidado" para um debate que apenas opôs os cabeças de lista do PS e da Aliança Portugal (PSD/CDS-PP).

Mas, nos minutos que teve direito a palavra, Marinho Pinto aproveitou também para deixar algumas perguntas a Assis e a Rangel, começando pelo socialista.

"Sente-se confortável por encabeçar uma lista em que cinco dos seus apoiantes foram agora corridos [pela direção de António José Seguro] do Parlamento Europeu; e sente-se bem por ter o apoio de Jorge Coelho, essa nova vedeta eleitoral do PS, sabendo que ele, enquanto ministro das Obras Públicas, adjudicou muitos milhões de euros a uma empresa privada e que quando saiu de ministro foi justamente para administrador dessa empresa?", questionou.

Francisco Assis começou por esclarecer a plateia de que Marinho Pinto é seu conterrâneo, de Amarante, e negou depois de haja uma guerra de fações no interior PS e, em relação a Jorge Coelho, respondeu:

"Não parto do princípio da desconfiança em relação às pessoas. Conheço Jorge Coelho há 30 anos, é um grande combatente do socialismo democrático e sinto-me contente com o seu apoio, até porque sou seu amigo", reagiu o cabeça de lista do PS.

Em relação a Paulo Rangel, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados questionou o cabeça de lista da Aliança Portugal sobre se está confortável com o facto de acumular um lugar de eurodeputado com a pertença a uma sociedade multinacional de advogados.

"Não se sente incomodado por trabalhar em leis no Parlamento Europeu e por ter ao mesmo tempo grupos económicos ou interesses privados nas leis que o senhor faz?", perguntou o "número um" do Partido da Terra.

Paulo Rangel frisou que é contra o princípio da exclusividade no exercício da atividade política e defendeu em contraponto o princípio da transparência.

Após uma breve introdução, o cabeça de lista da maioria PSD/CDS-PP levantou a seguir parte da plateia com aplausos quando passou ao contra-ataque, fazendo então uma alusão ao facto de Marinho Pinto ter acumulado ao longo de vários anos as profissões de advogado e de jornalista.

"Acho graça que uma pessoa que toda a vida acumulou advocacia e jornalismo - esta última uma profissão de interesse público altamente sensível - seja o primeiro, qual Catão, a apontar o dedo aos outros. Isso é que acho muito estranho", reagiu o dirigente social-democrata.

Já sem o microfone na mão, Marinho Pinto defendeu-se, alegando que exerceu duas profissões (jornalismo e advocacia) privadas e não uma pública (a política) e outra privada.


Lusa / SOL


Eleições europeias às escondidas!
In Cartas à Directora / PÚBLICO

Estamos a menos de um mês das eleições europeias e não vai haver campanha eleitoral na rádio e na televisão. Um absurdo total! Os partidos políticos, do chamado arco do poder, não quiseram, atempadamente, alterar a lei eleitoral para que isso pudesse acontecer, e o cidadão desconfia. Desconfia daqueles que não querem discutir a Europa como deve ser, indo ao fundo dos problemas, porque muito está em jogo, hoje, nesta Europa em desagregação.
Como bem diz Rui Tavares (RT) nas páginas do PÚBLICO e já há muitos meses, a grande questão do nosso tempo é uma Europa de democratas ou de tecnocratas comandados pela Alemanha. Desconfia também de uma comunicação social que não quis mostrar a todos o debate que aconteceu entre os candidatos a presidente da Comissão Europeia, que foi um debate histórico, porque pela primeira vez aconteceu. Ninguém em Portugal quis reproduzir este debate, embora alguns o tenham proposto como RT mas, como de costume, ninguém lhe dá ouvidos. O perigo do populismo de direita é enorme, do regresso aos nacionalismos mais retrógrados está aí ao virar da esquina e nós os eleitores não somos esclarecidos; negam-nos uma campanha em que todos fossem obrigados a debater a crise europeia, face a face, e sem subterfúgios. Temos de admitir que com o crescimento dos partidos antieuropeus nos países mais desenvolvidos do Norte e centro da Europa a própria moeda única está ameaçada e isso para nós, país periférico e pobre, pode trazer consequências desastrosas para o futuro. Precisamos de deputados europeus que defendam o país e que se façam ouvir e não meros viajantes de luxo (...)- Assim os portugueses os descubram, no meio do nevoeiro de uma não campanha eleitoral, para os eleger de novo, como RT, que bem o merece.

 José Carlos Palha, Gaia

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