Marinho Pinto agita debate entre
Assis e Rangel
O cabeça de lista
do MPT, Marinho Pinto, agitou hoje o debate entre Assis (PS) e Rangel
(PSD/CDS), confrontando o socialista com as atividades empresariais de Jorge
Coelho e o social-democrata com a acumulação entre política e advocacia.
António Marinho
Pinto, ex-bastonário da Ordem dos Advogados, agora "número um" da
lista europeia do Movimento do Partido da Terra (MPT), acusou as candidaturas
de Francisco Assis e de Paulo Rangel de o terem excluído do debate, alegando
que foi inicialmente convidado pela Associação Académica da Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa, mas que esse convite foi posteriormente
cancelado sem qualquer explicação.
Sentado na
primeira fila da plateia do auditório da Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa, António Marinho Pinto considerou também que a anterior discussão
sobre política europeia, ao longo de uma hora, demonstrara que o cabeça de
lista do PS, Francisco Assis, "é o maior apoiante" do cabeça de lista
da coligação PSD/CDS-PP, Paulo Rangel, e que, por sua vez, "Paulo Rangel é
o maior apoiante de Francisco Assis".
Já depois de o
debate terminar, um representante da Associação Académica da Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa assumiu a responsabilidade por Marinho Pinto
ter sido "desconvidado" para um debate que apenas opôs os cabeças de
lista do PS e da Aliança Portugal (PSD/CDS-PP).
Mas, nos minutos
que teve direito a palavra, Marinho Pinto aproveitou também para deixar algumas
perguntas a Assis e a Rangel, começando pelo socialista.
"Sente-se
confortável por encabeçar uma lista em que cinco dos seus apoiantes foram agora
corridos [pela direção de António José Seguro] do Parlamento Europeu; e
sente-se bem por ter o apoio de Jorge Coelho, essa nova vedeta eleitoral do PS,
sabendo que ele, enquanto ministro das Obras Públicas, adjudicou muitos milhões
de euros a uma empresa privada e que quando saiu de ministro foi justamente
para administrador dessa empresa?", questionou.
Francisco Assis
começou por esclarecer a plateia de que Marinho Pinto é seu conterrâneo, de
Amarante, e negou depois de haja uma guerra de fações no interior PS e, em
relação a Jorge Coelho, respondeu:
"Não parto
do princípio da desconfiança em relação às pessoas. Conheço Jorge Coelho há 30
anos, é um grande combatente do socialismo democrático e sinto-me contente com
o seu apoio, até porque sou seu amigo", reagiu o cabeça de lista do PS.
Em relação a
Paulo Rangel, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados questionou o cabeça de
lista da Aliança Portugal sobre se está confortável com o facto de acumular um
lugar de eurodeputado com a pertença a uma sociedade multinacional de
advogados.
"Não se
sente incomodado por trabalhar em leis no Parlamento Europeu e por ter ao mesmo
tempo grupos económicos ou interesses privados nas leis que o senhor
faz?", perguntou o "número um" do Partido da Terra.
Paulo Rangel
frisou que é contra o princípio da exclusividade no exercício da atividade
política e defendeu em contraponto o princípio da transparência.
Após uma breve
introdução, o cabeça de lista da maioria PSD/CDS-PP levantou a seguir parte da
plateia com aplausos quando passou ao contra-ataque, fazendo então uma alusão
ao facto de Marinho Pinto ter acumulado ao longo de vários anos as profissões
de advogado e de jornalista.
"Acho graça
que uma pessoa que toda a vida acumulou advocacia e jornalismo - esta última
uma profissão de interesse público altamente sensível - seja o primeiro, qual
Catão, a apontar o dedo aos outros. Isso é que acho muito estranho",
reagiu o dirigente social-democrata.
Já sem o
microfone na mão, Marinho Pinto defendeu-se, alegando que exerceu duas
profissões (jornalismo e advocacia) privadas e não uma pública (a política) e
outra privada.
Lusa / SOL
Eleições europeias às escondidas!
In Cartas à Directora / PÚBLICO
Estamos a menos
de um mês das eleições europeias e não vai haver campanha eleitoral na rádio e
na televisão. Um absurdo total! Os partidos políticos, do chamado arco do
poder, não quiseram, atempadamente, alterar a lei eleitoral para que isso
pudesse acontecer, e o cidadão desconfia. Desconfia daqueles que não querem
discutir a Europa como deve ser, indo ao fundo dos problemas, porque muito está
em jogo, hoje, nesta Europa em desagregação.
Como bem diz Rui
Tavares (RT) nas páginas do PÚBLICO e já há muitos meses, a grande questão do
nosso tempo é uma Europa de democratas ou de tecnocratas comandados pela
Alemanha. Desconfia também de uma comunicação social que não quis mostrar a
todos o debate que aconteceu entre os candidatos a presidente da Comissão
Europeia, que foi um debate histórico, porque pela primeira vez aconteceu. Ninguém
em Portugal quis reproduzir este debate, embora alguns o tenham proposto como
RT mas, como de costume, ninguém lhe dá ouvidos. O perigo do populismo de
direita é enorme, do regresso aos nacionalismos mais retrógrados está aí ao
virar da esquina e nós os eleitores não somos esclarecidos; negam-nos uma
campanha em que todos fossem obrigados a debater a crise europeia, face a face,
e sem subterfúgios. Temos de admitir que com o crescimento dos partidos
antieuropeus nos países mais desenvolvidos do Norte e centro da Europa a
própria moeda única está ameaçada e isso para nós, país periférico e pobre,
pode trazer consequências desastrosas para o futuro. Precisamos de deputados
europeus que defendam o país e que se façam ouvir e não meros viajantes de luxo
(...)- Assim os portugueses os descubram, no meio do nevoeiro de uma não campanha
eleitoral, para os eleger de novo, como RT, que bem o merece.
José Carlos Palha, Gaia
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