OPINIÃO
Intrigas
VASCO PULIDO
VALENTE 17/05/2014 - 00:32
Não conseguimos perceber o mundo em estes senhores se mexem. Nem devemos
tentar. Não é o nosso.
Pode faltar
dinheiro, pode faltar investimento, pode faltar emprego. Mas não faltam
políticos para se candidatar a tudo, desde a Presidência da República a chefes
de partido.
A semana passada
António Guterres veio dizer que “há sempre uma possibilidade, mesmo que
mínima”, de ele se decidir a concorrer a Belém em 2016. Bastou isto para pôr o
PS numa enorme agitação. As coisas pareciam estar muito bem combinadas. Seguro
continuava secretário-geral (qualquer que fosse o resultado de 25 de Maio),
depois ganhava as legislativas e, no fim, ajudava a levar António Costa aos
píncaros. Assim, com a possível excepção de Sócrates, ficava toda a família
contente. Guterres, com uma frase, estragou este santo e suave arranjo. Agora,
as “notabilidades” não sabem outra vez para que lado se hão-de virar.
Os jornais, e
mais modestamente a televisão, já começam à cautela a fazer o elogio histórico
de Guterres. Para quem não se lembra das crises sucessivas do governo do homem
e da sua crónica indecisão, ele (mesmo sem maioria) transformou Portugal num
sólido paraíso e, naquela altura, andava toda a gente felicíssima. E não, não
fugiu quando as coisas se complicaram. Pelo contrário, num gesto nunca visto de
abnegação, salvou, quase sozinho, a Pátria do “pântano” e partiu para
alto-comissário da ONU a verter a sua imensa caridade sobre os refugiados. Melhor
ainda: acabou com o “cavaquismo” e o prof. Marcelo Rebelo de Sousa tem
assiduamente profetizado que ele voltará em triunfo e glória. E António Costa?
António Costa que se concentre em correr com Seguro, se quer sobreviver.
À direita a
intriga é mais complicada. Pedro Passos Coelho cairá em 2015, em paga dos
grandes benefícios que trouxe ao país. Para o lugar que ele deixa vazio, não
existe por enquanto um candidato óbvio. Mas Passos Coelho não se importará de
suceder a si próprio, até como peão de brega de um governo socialista. Não se
vive durante vinte anos na JSD sem aprender a dar estas cambalhotas. Por isso,
tanto ele como Paulo Portas não gostam da ideia de “listas conjuntas” nas
legislativas e são os dois muito mansos com Seguro, para o caso de ele não
chegar à maioria em 2015 e precisar de uma muleta. O que é sem dúvida um
espectáculo edificante para os portugueses que não acreditam no regime e na
democracia. Quanto às presidenciais, a direita rebenta de candidatos: Marcelo
Rebelo de Sousa, Rui Rio, Durão Barroso ou o “político desconhecido”, que o PSD
tem sempre de reserva. Nós não conseguimos perceber o mundo em que estes
senhores se mexem. Nem devemos tentar. Não é o nosso.
Sem comentários:
Enviar um comentário