Ex-director-geral pode ter favorecido grupo de elite maçónico
Por Luís Rosa e
Sílvia Caneco
publicado em 15
Maio 2014 – in (jornal) i online
João Alberto Correia é suspeito de ter favorecido elementos do Clube dos
50, um reservado grupo maçónico ao qual também pertencia
Os investigadores
que estão a analisar as suspeitas de corrupção e participação económica em
negócio em 55 ajustes directos assinados pelo ex-director-geral de Infraestruturas
e Equipamentos do Ministério da Administração Interna (MAI), João Alberto
Correia, suspeitam que o ex-dirigente terá favorecido membros de um grupo
conhecido no mundo da maçonaria como o Clube dos 50. Esse clube funciona como
uma espécie de grupo informal que reúne membros das várias obediências
maçónicas portuguesas sempre que existem divergências.
O grupo,
constituído por elementos do Grande Oriente Lusitano (GOL) e da Grande Loja
Legal de Portugal (GLLP) mas também de outras obediências menos representativas,
encontra-se em reuniões e almoços. Alguns deles, ao que o i averiguou, ocorrem
discretamente no restaurante do hipódromo do Campo Grande, em Lisboa.
O Departamento
Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e a Unidade Nacional de Combate à
Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária têm indícios de que terão sido ligações
maçónicas a determinar algumas das escolhas do antigo director-geral. Algumas
das empresas alegadamente beneficiadas na adjudicação de obras de remodelação
de esquadras ou de readaptação dos antigos governos civis terão como sócios
membros desse clube, que reúne parte da elite das obediências maçónicas - e ao
qual pertencerá João Alberto Correia, membro do GOL e filho de um antigo
grão-mestre dessa corrente maçónica, João Rosado Correia.
Conforme o i já
avançou, existem indícios de que, nalguns casos, terão sido os beneficiários
dos contratos a escolher quem seriam os seus concorrentes no negócio. Nalgumas
situações, os empresários alegadamente beneficiados estariam mesmo representados
em mais de uma empresa dessa lista.
Do rol de
contratos assinados pelo antigo dirigente, consultável no Portal Base de
contratos públicos online, fazem parte empresas como a Primesoft, com sede em
Algés e propriedade de Henrique Paixão de Oliveira. O empresário figura numa
lista de 1950 membros do GOL divulgada em 2012 na internet como sendo membro da
Loja Cidadania e Laicidade, dessa obediência maçónica.
De acordo com
informações recolhidas pelo i, os investigadores estarão também concentrados em
averiguar as circunstâncias em que foram feitos cinco ajustes directos com a
empresa Prime Next, com sede em Oeiras, para o fornecimento de equipamento para
a PSP da Damaia, Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Lisboa e
Leiria ou de reabilitação do antigo Governo Civil da Guarda (onde foi instalada
a esquadra da PSP). E com duas empresas do mesmo proprietário: Carlos Farófia é
o nome por trás da Lostipak, de Sintra, que entre Novembro de 2011 e Agosto de
2013 ganhou a adjudicação de duas obras, e da Divicode, a empresa que ficou
responsável por, em prazos mais curtos que o normal, tratar da obra que
decorreu da transferência da 2.a esquadra do Comando Metropolitano de Lisboa da
PSP da Rua do Arsenal para a Rua de São Julião, na Baixa lisboeta, para que
fosse construída uma pousada do Grupo Pestana.
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