quarta-feira, 14 de maio de 2014

Afinal a mudança de uso do Cinema Londres ainda não foi autorizada Foi definido um “prazo máximo de um mês” para se encontrar uma solução que permita salvaguardar a sua actividade cultural.


Afinal a mudança de uso do Cinema Londres ainda não foi autorizada
Foi definido um “prazo máximo de um mês” para se encontrar uma solução que permita salvaguardar a sua actividade cultural

Xavier confirmou que “até à data ainda não foi assinado o despacho no sentido da desafectação do recinto do ‘Cinema Londres’ a actividade de natureza diferente”, mas não deu qualquer explicação para a contradição com as informações antes divulgadas.
Inês Boaventura / 14-5-2014 / PÚBLICO

No início da semana passada, o secretário de Estado esteve reunido com os comerciantes e com o MaisLisboa, para ouvir as suas propostas para o antigo cinema. Uns dias depois, realizou-se um novo encontro, no qual o governante se fez representar por elementos do seu gabinete, no qual estiveram também presentes os proprietários do Londres e os advogados dos actuais arrendatários, que pretendem transformar o espaço numa loja de venda de produtos chineses.
Na sequência dessas reuniões, foi definido “o prazo máximo de um mês” para que, explica a secretaria de Estado, as entidades que nela participaram “possam promover uma solução que salvaguarde a actividade cultural do recinto”. “Não é competência do secretário de Estado da Cultura encontrar solução alternativa, caso a caso, para situações de encerramento ou falência de recintos cinematográficos nas diversas localidades do país. O contributo dado nesta situação concreta é no sentido de promover um esforço adicional, numa matéria cuja solução compete, maioritariamente, a entidades locais”, acrescenta-se nas respostas escritas enviadas ao PÚBLICO.
O representante dos proprietários do Londres não esconde o seu descontentamento com mais este compasso de espera e garante que as obras no antigo cinema, que a Inspecção-Geral das Actividades Culturais mandou suspender há mais de três meses, não foram retomadas. Este interlocutor diz que isso só acontecerá depois de ser autorizada a desafectação de uso e de a Câmara de Lisboa emitir uma licença de utilização para comércio e serviços.
O Movimento de Comerciantes da Avenida Guerra Junqueiro continua a acreditar que é possível manter o Londres como pólo cultural, por exemplo com “uma pequena sala de cinema” e uma incubadora de empresas. Para que isso seja possível, Carlos Moura-Carvalho vê duas hipóteses: os actuais arrendatários cederem a sua posição ou concordarem em abdicar de parte do espaço, tornando possível a compatibilização do seu negócio com outros usos. O representante dos proprietários do Londres garante que os seus inquilinos não estão disponíveis para nenhuma dessas hipóteses. Dez dos 16 directores, gestores e coordenadores de serviços da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural da Câmara de Lisboa (EGEAC) solidarizaram-se na semana passada com a directora executiva da Casa Fernando Pessoa (CFP), Carmo Mota, que a administração da empresa quer afastar.
A decisão de fazer cessar a comissão de serviço daquela técnica superior surge na sequência de um inquérito interno cujas conclusões são desconhecidas, mas que foi aberto a seu pedido para esclarecimento de várias irregularidades detectadas na Casa Fernando Pessoa, entidade tutelada pela EGEAC. Entre essas situações, que o Ministério Público está a investigar, encontram-se vários contratos num total superior a 20 mil euros, parte dos quais celebrados directamente com o designer Gilson Lopes, cuja empresa funciona em casa de Inês Pedrosa, a directora artística da CFP que se demitiu no final de Abril.
Na sequência da publicação de declarações de Gilson Lopes que atribuíam a iniciativa da sua contratação à directora executiva — que, na prática, dependia de Inês Pedrosa —, a visada, que já antes alertara a direcção da EGEAC para o que se passava na CFP, pediu o apuramento de responsabilidades.
De acordo com os dados disponíveis, esse inquérito está a servir apenas para afastar das suas funções aquela técnica camarária, que estava na CFP em comissão de serviço, saindo Inês Pedrosa com a justificação, também difundida pela empresa, de que se vai embora porque tem outros projectos pessoais.

Na carta que agora dirigiram à administração, os dirigentes da EGEAC lamentam a “desconsideração” a que parecem votados pelo facto de não lhes ser dada qualquer informação sobre os motivos do afastamento de Carmo Mota, mas sublinham que se trata de uma colega por quem nutrem “indiscutível respeito e solidariedade” e que sempre dedicou à EGEAC “inquestionáveis provas de lealdade e competência”.

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