sábado, 4 de maio de 2013

Mais Lisboa. Dar a voz aos lisboetas antes das eleições.


Mais Lisboa. Dar a voz aos lisboetas antes das eleições.

Por Pedro Rainho
publicado em 4 Maio 2013 in (jornal) i online

A 11 de Maio, os candidatos do movimento às autárquicas vão a votos em vários locais da cidade

Não estranhe se, no próximo sábado, quando for tomar café ao fim da rua ou entrar na associação do bairro, lhe apresentarem um boletim de voto para escolher o seu candidato à Câmara Municipal de Lisboa nas próximas autárquicas. No dia 11 de Maio, o movimento Mais Lisboa vai espalhar algumas urnas pela cidade para que os lisboetas escolham os nomes que vão representar o movimento nas eleições locais deste ano. É uma forma de “reinventar o processo democrático, tornando-o mais participado”, explica José Diogo Madeira, porta-voz do grupo.

O movimento pretende cortar com a tradição eleitoral em Portugal, que entende estar demasiado centrada no “monopólio dos partidos” e que “obriga a que as pessoas ou participem dentro de um partido ou se afastem da participação política”, aponta Diogo Madeira. Numa palavra, dar voz às pessoas desde o primeiro momento da escolha eleitoral.

Nas eleições locais, é possível a candidatura de movimentos de cidadãos, mas nem por isso a participação é maior. E, “inspirados pelos princípios da democracia participativa e directa”, os 12 fundadores do Mais Democracia (membro nacional de um conjunto de associações de 28 países em defesa da maior participação democrática, e que deu origem ao Mais Lisboa) começaram a olhar de perto para outros sistemas político-partidários (Estados Unidos, Itália, França), para perceber de que forma eleitores e eleitos podem estar menos distantes.

O projecto nasceu já no início deste ano e junta agora “cerca de cinco dezenas” de elementos com presença regular nos encontros semanais, abertos a novas participações. “Qualquer pessoa que queira ser candidata e pertença ao movimento pode apresentar a sua candidatura” e fazer campanha durante a próxima semana, explica o porta-voz.

A escolha Das primárias de 11 de Maio vão sair as listas que o Mais Lisboa apresentará a sufrágio em Outubro. Os nomes serão ordenados em função do número de votos recolhidos por cada um dos candidatos. Nos locais de voto estarão, a par da urna e dos dois boletins de voto (para a câmara e para a assembleia municipal), uma nota do percurso cívico dos candidatos (algo próximo de um CV).

Inspirados no resultado do Movimento 5 Estrelas, do italiano Beppe Grillo, o Mais Democracia conta reunir pelo menos 5% das preferências dos lisboetas e, com isso, dois lugares na assembleia municipal. Mas “nunca” é uma palavra de que José Madeira faz uso imediato perante a sugestão de coligações. “Os eleitos do Mais Lisboa representam a vontade dos cidadãos, era difícil constituir coligações a quatro anos e por isso preferimos fazê--lo caso a caso, proposta a proposta”.

No movimento há economistas, professores, estudantes, artistas plásticos, militantes do PS, do PSD e até membros eleitos para assembleias de freguesia. “O sistema político está esgotado e é preciso reinventá-lo para que os cidadãos vão participando mais”, refere José Madeira. Antes de concluir: “Passaram quase 40 anos do 25 de Abril, evoluiu muito a forma como interpretamos a informação, é possível arranjar novas formas de participação cívica.”

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