"Definida uma estratégia, encontrado um rumo, é fundamental que a ação dos poderes públicos seja acompanhada de um incremento da mobilização cívica dos cidadãos", afirmou.
in Jornal de Notícias
O presidente da República, Cavaco Silva, defendeu, este sábado, num discurso durante as comemorações do 10 de Junho, que Lisboa tem de definir prioridades para o seu futuro e "tem de inverter a lógica do despovoamento".
Por outro lado, na sessão solene de boas vindas da Câmara Municipal de Lisboa, no Pátio da Galé, Cavaco Silva apelou à "mobilização cívica" dos lisboetas, pedindo-lhes "um maior cuidado na proteção da sua cidade" e um "maior civismo na segurança e na limpeza das ruas".
No início da sua intervenção, presidente da República lembrou que a capital o acolheu há 55 anos "como estudante vindo dos Algarves" e saudou a reorganização administrativa de Lisboa, considerando-a "um exemplo" para todo o país.
Depois de elogiar a "luz suave", os "contrastes" e o património de Lisboa, Cavaco Silva considerou que a capital "beneficia ainda da circunstância de ser, em simultâneo, um eixo de várias centralidades e uma periferia que serve de ponte ao diálogo com o Atlântico".
"Cidade ágil e aberta, o seu destino é transformar a periferia em centralidade, juntando aquilo que o mar divide. Cidade de imensas potencialidades, Lisboa tem de inverter a lógica do despovoamento. Muito há a fazer. Acima de tudo, temos de olhar o futuro", acrescentou.
Em seguida, falou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, que, embora não tenha centrado o seu discurso neste tema, referiu que se registou "um ligeiro crescimento do número de famílias residentes" na capital.
"A cidade começou a contrariar, nesta última década, a perda de população que sofreu desde 1960, esvaziando o centro da cidade, com milhares de fogos devolutos em degradação e que chegou a atingir em 2001 dos mais altos índices de envelhecimento ao nível nacional", disse o autarca socialista.
Antes, o Presidente da República descreveu Lisboa como uma cidade "cosmopolita e aldeã, tradicional e vanguardista", que "deve atrair os jovens e dar-lhes condições para aqui se fixarem".
"A essência de Lisboa deve estar numa cultura fiel às suas origens, que fomente a inovação na ciência, o empreendedorismo na economia, a profundidade na vida espiritual, a excelência no ensino", defendeu.
Cavaco Silva acrescentou que os poderes públicos precisam de decidir "o que é prioritário para a sua afirmação no confronto com outros espaços urbanos", têm de "escolher onde investir, financeira e politicamente", e apontou como essencial uma "participação ativa" dos lisboetas.
"Definida uma estratégia, encontrado um rumo, é fundamental que a ação dos poderes públicos seja acompanhada de um incremento da mobilização cívica dos cidadãos", afirmou.
"Dos lisboetas reclama-se um maior cuidado na proteção da sua cidade. Uma atitude ativa na preservação do espaço público e dos equipamentos coletivos, maior civismo na segurança e na limpeza das ruas, um empenhamento esclarecido na salvaguarda do património histórico e arquitetónico. Sem o contributo e o brio dos lisboetas, Lisboa não cumprirá o seu desígnio de grande capital europeia", reforçou.
No início da sua intervenção, Cavaco Silva fez uma alusão ao poema de Fernando Pessoa "Mar português", para deixar uma mensagem de esperança: "No sal de todos os mares do mundo foram derramadas lágrimas de Portugal. Mas as comunidades fortes sabem conviver com tempos menos favoráveis. E essas comunidades são tanto mais fortes quanto melhor conseguem tornar as incertezas do presente em esperanças de futuro".
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