Política
Críticos
do BE pedem demissão de Mariana Mortágua e acusam direção de “fuga para a
frente”
Oposição
interna acusa direção do partido de adiar a análise aos resultados das
legislativas e "opta por entrar em modo de sobrevivência".
DN/Lusa
Publicado a:
24 Mai 2025,
18:58
Atualizado
a:
24 Mai 2025,
18:58
Os membros
da oposição interna do Bloco de Esquerda (BE) associados à antiga moção ‘E’
acusaram este sábado a direção do partido de ensaiar uma “fuga para a frente”
face aos resultados eleitorais das legislativas e propuseram a demissão da
comissão política.
Num
comunicado enviado às redações, enquanto ainda decorriam os trabalhos da Mesa
Nacional do BE, em Lisboa, os membros da antiga moção ‘E’, cujo porta-voz era o
antigo deputado Pedro Soares, referem que “a proposta de resolução política
hoje apresentada pelo Secretariado à Mesa Nacional reconhece que o «Bloco de
Esquerda tem o pior resultado da sua história», mas não retira quaisquer
consequências sobre a avaliação errada da realidade e da orientação política
seguida, nem sobre o papel da direção”.
Na ótica
destes bloquistas, a atual direção do BE “protela essa análise e esse balanço”
ao querer “novo adiamento da XIV Convenção”, atualmente marcada para 1 e 2 de
novembro, e "opta por entrar em modo de sobrevivência, com grave prejuízo
para o Bloco”.
“Só se pode
concluir que o Secretariado não quer encarar com humildade democrática esta
nova e profunda derrota eleitoral, preferindo encetar uma fuga para a frente
para evitar o reconhecimento do seu esgotamento político por acumulação de
derrotas sucessivas, pela descredibilização e afastamento das preocupações e
anseios populares a que conduziu o Bloco”, lê-se no comunicado.
No texto, os
membros da moção ‘E’ afirmam que propuseram à Mesa Nacional, “em conjunto com a
Moção S” (que se apresentou à próxima convenção em alternativa à de Mariana
Mortágua), a demissão da atual comissão política e a eleição de uma nova para
dirigir o BE até à Convenção, com uma composição que incluísse “as várias
sensibilidades presentes, capaz de abrir o Bloco ao debate plural”.
Estes
membros recusaram ainda a proposta de novo adiamento da Convenção, defendendo
que “só serve para protelar balanço e responsabilidades, prolongar a
permanência do atual secretariado de forma anti-estatutária por mais meio ano,
à espera que o efeito político da derrota esfrie, e retardar a recuperação da
capacidade de combate político do Bloco”.
Contudo, de
acordo com o comunicado, "a maioria (moção A)", liderada por Mariana
Mortágua, "votou contra estas propostas, com base em falaciosos argumentos
formais"
"A
grande falha aos estatutos é o consecutivo adiamento da Convenção, agora para o
final de novembro”, rematam.
A última
Convenção Nacional do BE realizou-se no final de maio de 2023, altura em que
Mariana Mortágua foi eleita coordenadora do partido, para um mandato de dois
anos.
No passado
dia 18, os bloquistas obtiveram o seu pior resultado de sempre em eleições
legislativas, com menos 154.818 votos face a 2024 e passando de cinco
parlamentares para uma deputada única: a líder, Mariana Mortágua,
cabeça-de-lista por Lisboa.
Em
fevereiro, quatro elementos da moção ‘E’, Elisa Antunes, Gabriela Mota Vieira,
Pedro Soares e Ricardo Salabert, demitiram-se da Comissão Política do BE, na
sequência da polémica com os despedimentos de recém-mães em 2022.
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